Parece cena de filme de ficção, mas o robô costureiro já é uma realidade na indústria da moda. Avanços em robótica e inteligência artificial mostram que automatização dos trabalhos repetitivos é um futuro quase inevitável. Apesar do avanço das máquinas na execução de tarefas complexas, a sua superioridade em relação ao trabalho humano ainda é tema de debates acalorados.
Automatização na indústria da moda: problema ou solução?
Foto: Lilo Clareto via Reporter Brasil. Siga o Fashion Bubbles no Instagram para ficar sempre por dentro das novidades. Clique aqui!
A costura é parte fundamental da cadeia produtiva. O trabalho é repetitivo, minucioso e preciso, exige bastante da saúde dos funcionários e tem um custo elevado dentro da produção. De um lado, a busca dos consumidores por marcas mais sustentáveis faz com que os costureiros sejam mais valorizados. Do outro, grandes empresas de fast fashion buscam reduzir seus custos ao mínimo para maximizar os ganhos. No meio de campo, temos os robôs.
Atualmente, os limites enfrentados pelas máquinas permanecem imensos: alguns robôs ainda têm uma autonomia relativamente reduzida; para outros, os pré-requisitos de programação necessários para seu bom funcionamento ainda exigem um esforço muito intenso. Como cada tecido tem peso, elasticidade, porosidade e gramatura diferente, a regulagem dos robôs costureiros é um grande desafio.
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Outro ponto bastante importante na discussão são os salários. Em alguns países, o custo da mão de obra humana é tão baixo que o o investimento necessário para automatizar as cadeias de produção não compensa.
Foi esse o fator decisivo para que o Crystal Group, maior fabricante de têxteis do mundo, decidisse adiar os investimentos em uma linha de produção automatizada. Andrew Lo, CEO da Crystal Group, explicou que os materiais flexíveis ainda são um grande desafio para os robôs. Para o Express Business, a empresa afirmou que pretende aumentar sua força de trabalho em Bangladesh e no Vietnã em até 10% nos próximos anos.
Compreensivelmente, a ascensão da costura automatizada levanta preocupações sobre o desemprego em massa. No ano passado, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estimou que cerca de 64% dos trabalhadores de têxteis, vestuário e calçados na Indonésia poderiam ser substituídos por robôs. No Vietnã, o número foi de 86% e no Camboja, 88%.
O relatório observou que esses trabalhadores poderiam obter melhores salários se os governos e empregadores começassem a prepará-los para novos empregos de alta tecnologia. Do contrário, as consequências podem ser terríveis.
Adidas investe em robô costureiro
A tecnologia de ponta já é uma realidade dentro da Adidas. Recentemente, a marca adotou o robô Sewbot, criado pela SoftWear Automation, em sua linha de produção. Com câmeras e braços robóticos preparados para o corte e a costura, ele é capaz de produzir uma camiseta do zero em apenas 4 minutos, com um nível de precisão assustador.
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Localizada na China, a empresa Tianyuan Garments é a principal fabricante de camisetas Adidas no mundo. Em parceria com a Softwear, a Tianyuan irá instalar 21 linhas de produção em sua nova fábrica nos Estados Unidos. Nessa nova linha produtiva, a ideia é produzir uma camiseta a cada 22 segundos, totalizando um total assustador de 800 mil camisetas a dia. Isso representa um aumento de 300% na produção, com uma redução de custos impactante.
Embora não divulgue quantos postos de trabalho serão perdidos com a novidade, o fato é que nem mesmo a fábrica chinesa mais barta poderá competir preço com eles. Nesses lugares, o custo do trabalho humano por camiseta é de U$0,33. Com a adoção do robô costureiro, esse valor despencará para US$ 0,05 a unidade
Fontes: Futur404, TargetHD, Express Business e Stylo Urbano