Impressão 3D – O futuro já chegou na indústria, na medicina e na moda

Por vezes moda e ciência são duas áreas aparentemente distantes, mas quando as duas se unem o resultado é certamente incrível. Já há algum tempo os veículos especializados e mesmo a mídia em geral têm falado sobre a impressora 3D – uma máquina capaz de imprimir objetos, com largura, altura e profundidade, e que prova que o futuro já chegou.

Essa tecnologia já foi de encontro com a moda. Claro, não é novidade, mas certamente chamou a atenção quando Dita Von Teese apareceu em Nova York com um vestido todo feito com uma impressora 3D.

A roupa foi desenvolvida pelo Studio Francis Bitonti, em parceria com o estilista Michael Schmidt. Não há tecido nenhum no vestido, apenas material sintético construído com naylon em pó. São três mil peças articuladas divididas em 17 pedaços – além dos 12 mil cristais Swarovski aplicados após a impressão.


Dita Von Teese em vestido totalmente feito com impressão 3D. Fotos: Moda it e Evelyn B

Além do look de Dita Von Teese, as impressoras 3D têm dado o que falar. Teoricamente, o processo todo parece muito simples: a impressora deposita algum material, como plástico ou metal, e vai imprimindo em camadas fininhas, até concluir o objeto em questão. O grande trunfo da impressão 3D é permitir a criação de formas que antes não eram possíveis através dos métodos convencionais de produção.

Esse é um trunfo que beneficia todas as áreas possíveis – todas mesmo, desde as áreas “do bem”, como a medicina, até as outras mais duvidosas, como uma arma AR-15 que já foi impressa com ligas de metal.


Emma LaVelle, a garotinha que ganhou um exoesqueleto impresso em 3D. Foto: PRWeb

Ok, download e impressão de armas não é exatamente o que nós queremos pensar dessa tecnologia – ainda bem que temos outros belíssimos exemplos de impressão 3D para o bem, como a Emma, a menina de 4 anos que nasceu com uma condição que atrofia os músculos e não tinha força para mexer os braços. Graças à impressão 3D, Emma ganhou um exoesqueleto impresso que a fez recuperar os movimentos dos braços. Outro exemplo impressionante é de um homem que teve 75% do seu crânio substituído por uma prótese confeccionada por uma impressora 3D.

Os pensadores atuais discutem se isso irá substituir os objetos que compramos por coisas que podemos imprimir. Entretanto, como foi brilhantemente levantado por Daniel Oshiro de Papo de Homem, seria pirataria você imprimir um objeto, ou será que a indústria vai se adaptar e começar a vender moldes em 3D para serem impressos em casa?

Se parar para pensar afundo nisso, não seria apenas uma praticidade tão genial quanto poder fazer compras pela internet, mas também uma série de aspectos que envolveriam esse novo método de consumo – imagine em São Paulo, por exemplo, como o trânsito iria melhorar sem a enorme quantidade de caminhões fazendo transporte de produtos? Poderíamos até experimentar uma incrível baixa nos preços, já que o que produto comercializado seria apenas digital, deixando o custo de matéria prima para o comprador – mais ou menos como quando você compra um aparelho e precisa imprimir o manual em casa. Claro, isso torcendo para que não aconteça como os livros digitais, que não têm uma diferença de preço tão vantajosa em relação aos livros convencionais.

Obviamente, isso ainda vai dar muito pano pra manga. Ainda vai ter muita história de pirataria, direitos autorais e todas essas questões que a gente já conhece. Por outro lado, também poderemos presenciar um boom de design e criatividade. Que objeto você criaria na sua casa? Pode até ir pensando agora, mas não é para agora que isso vai acontecer. Afinal, não é todo mundo que tem três mil dólares sobrando para ter uma belezinha dessas em casa.


Prótese feita com impressora 3D. Foto: Business Week

O que as impressoras 3D já fizeram

Jay Leno, apresentador americano e fã de carros antigos, usou a impressão 3D para produzir peças para seu Stanley Steamer 1909, um calhambeque movido a vapor. Leno tem mais de cem carros antigos em sua garagem e, é claro, as peças são muito raras e difíceis de serem encontradas. Nada que uma impressora 3D não resolva – não é à toa que o setor automobilístico é o que mais investe na tecnologia.

Fim da fila dos transplantes! Anthony Atala, da Universidade Wake Forest, na Carolina do Norte, EUA, recriou em laboratório a bexiga de sete pessoas portadoras de um grave defeito congênito. Atala retirou células da própria bexiga dos voluntários e injetou num molde biodegradável feito numa impressora 3D. Depois, implantou o órgão de volta nos pacientes. Sim, funcionou. O próximo passo é imprimir um rim – a parte de fora já está pronta.


Anthony Atala recriou uma bexiga com a ajuda de uma impressora 3D. Foto: Cambridge Educational

As próteses também têm seu espaço. Na Bélgica uma mandíbula artificial foi implantada numa paciente de 83 anos – ela voltou a respirar, falar e comer um dia depois do implante; numa reconstrução normal seriam dez dias de internação. Surpreendente, a prótese foi feita sob medida com titânio. O risco de rejeição é zero.


Mandíbula artificial feita com impressora 3D. Foto: Logística Hospitalar

Nos Estados Unidos a Universidade Estadual de Washington planeja aposentar as tradicionais botas de gesso usadas em ossos fraturados. Isso porque eles estudam a criação de um osso artificial feito sob medida que pode “segurar as pontas” enquanto o osso natural se recupera de alguma fratura. A técnica já foi testada, com resultados promissores, em ratos e coelhos. O osso artificial, feito de fosfato de cálcio, silício e zinco, é colocado ao lado do osso lesionado e funciona como uma prótese. Quando o osso biológico estiver recuperado, não há nem necessidade de voltar ao ortopedista – o osso impresso em 3D é capaz de se dissolver sozinho, sem deixar vestígios ou provocar danos. Implantes dentários e tratamentos de osteoporose também serão beneficiados com essa técnica.


Crânio feito com impressão 3D. Foto: Papo de Homem

Se depender do químico Lee Cronin, da Universidade de Glasgow, Escócia, as pessoas logo vão poder imprimir remédios em casa. Ele admite que o processo todo ainda está no nível ficção científica, mas já imprimiu um anti-inflamatório ibuprofeno. Há quem diga que isso pode desencadear uma produção de drogas caseiras também, mas Cronin lembra que isso já acontece. Bem lembrado!


Lee Cronin, químico que aspira imprimir remédios. Foto: The day X

Que tal usar a impressão 3D para reproduzir tecidos do corpo humano? É a bioimpressão, técnica que em alguns anos tornará possível imprimir pele, veias e cartilagens. Pontes de safena, recomposição de articulações lesionadas e enxertos de pele para vítimas de queimadura são apenas alguns dos benefícios.


Pele impressa em 3D. Foto: 3D Printing

Foto de abertura: Bubble Hunter

Por Samantha Mahawasala

Samantha Mahawasala: Paulistana criadora de conteúdo, em jornalismo e marketing digital, há mais de 13 anos.

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