Vício em jogo: causas, sintomas e tratamento
Você não consegue parar de jogar quando começa? Está com o sono desregulado devido às noites que passa em claro? Saiba que isso pode ser sintomas de vício em jogo. Confira esse artigo e veja como tratar!
O vício em jogo pode acontecer quando seus momentos de lazer sobrepõem suas obrigações.
Quando a pessoa deixa as coisas importantes da vida para poder se dedicar ao jogo, além de prejudicar a si, também o faz com pessoas próximas.
Hoje, falaremos sobre causas, fatores de risco, diagnóstico e tratamento do vício em jogo.
Confira a seguir.
O que caracteriza o vício em jogo?
O vício pode ser caracterizado de diferentes formas, dependendo do que for o objeto da dependência.
De acordo com a OMS, uma pessoa pode ser considerada viciada com base nas seguintes características:
- Falta de controle, que pode ser de frequência, intensidade ou duração;
- O objeto do vício é sempre mais importante que outros interesses da vida;
- Mesmo percebendo consequências negativas, continua com o comportamento;
- Seu comportamento causa prejuízos e problemas para a área pessoal, familiar, social, educacional, ocupacional ou outras importantes.
Como diferenciar o vício de gostar?
Antes de falar exatamente porquê jogos viciam, é preciso entender que não é toda pessoa que tem pré-disposição a se tornar dependente.
Na verdade, o vício em games atinge a uma pequena parcela de todas as pessoas com o hábito de jogar.
Afinal, há formas de realizar essa atividade de forma saudável. Não há nenhum mal em jogar no seu tempo livre, para descansar, se distrair ou por hobby. O problema é quando as coisas saem do controle.
Ao perceber uma pessoa que joga bastante, separa sua vida do mundo virtual, tem uma rotina normal e utiliza esse recurso apenas quando pode, não há indícios de vícios.
Vício em jogo pode virar doença?
As doenças estão mais relacionadas como uma consequência do vício em games.
Por exemplo, quando a pessoa deixa de se alimentar ou cuidar da saúde mental, isso pode gerar malefícios a várias áreas da saúde.
Essas consequências podem ser a obesidade, lesões nas mãos e braços, depressão, prejuízos cognitivos e muitos outros problemas com grande possibilidade de potencializar outras doenças.
Há também outro ponto a ser analisado quando se trata do vício se tornar uma doença. Muitas vezes, a pessoa viciada em jogo começa a manifestar esse comportamento justamente por já ter uma doença.
Em muitos casos, fatores como ansiedade e depressão contribuem para a dependência em jogos. Então, não podemos tratar o vício como um fator isolado.
Mas sim, um problema que pode gerar consequências para a saúde em forma de diversas doenças, como também um comportamento que pode ser causado por outras doenças.
Fatores de risco do vício em jogo
Fatores biológicos
Os vícios podem se comportar de diferentes formas em cada organismo, gerando fatores biológicos.
São eles:
- Dificuldade de sair ou interromper o jogo;
- Sentir-se mal quando não está jogando;
- Necessidade constante de jogar cada vez mais;
O vício em jogos atua no corpo de forma bem parecida com o vício por substâncias, pois se relacionam muito com a necessidade, recompensa e prazer.
Essa dependência acontece porque, quando a pessoa está jogando, é liberado a dopamina, que causa prazer imediato.
É mais comum que o vício em jogos atinja crianças e adolescentes, já que é nessa fase que seus mecanismos neurológicos de recompensa estão sendo formados, o que potencializa os estímulos de prazer e diminui o controle.
Fatores psicológicos
Há também fatores psicológicos que podem surgir em decorrência do vício em jogar.
Dentre eles, podemos citar os principais:
- Autoestima baixa;
- Dificuldades de autocontrole;
- Impulsividade;
- Pouca comunicação;
- Falta de admistração de sentimentos ruins;
- Timidez em excesso;
- Depressão e ansiedade.
Além disso, o vício em games pode gerar um comportamento de competição excessiva pelo jovem.
Mesmo que esse sentimento seja um comportamento natural, ele precisa ser limitado. Pois, não é saudável viver em uma constante competição como em um jogo.
Ainda, não se pode deixar crianças e jovens confundirem o imaginário dos games com a vida real.
Fatores sociais
Além dos biológicos e psicológicos, há também outro fator de risco para o vício em games, o social.
Esse é um fator que deve ser analisado com muita cautela, porque tem o potencial de influenciar toda a jornada da pessoa que estiver na situação de dependência de jogos, além de, claro, agravar ainda mais a situação. Entre os principais fatores sociais, podemos citar:
- Muita pressão e estresse na escola ou no trabalho;
- Bullying;
- Isolamento social fora do mundo virtual;
- Não praticar outros tipos de lazer;
- Falta de limite quanto ao tempo jogando;
- Acreditar que os games são o único lugar seguro e de aceitação social;
- Sentimento de pertencimento ao mundo virtual e aos jogos.
6 sinais do vício em jogo: veja como identificar
Falta de controle
Um comportamento natural ao começar um novo jogo é a vontade de estar no mundo virtual várias vezes. Todavia, esse é um comportamento que deve ter um certo limite.
Um dos primeiros indícios do vício é a falta de controle. Então, quando o indivíduo sente essa vontade e não consegue separar sua vida do jogo, já existe um grande potencial de se viciar ou de já estar viciado.
No começo, pode até parecer algo simples, pois a pessoa realiza suas atividades básicas antes de começar a jogar. Mas, conforme a compulsão aumenta, os limites deixam de existir e todos os hábitos são deixados de lado.
Aumento da prioridade do jogo
Todo ser humano tem responsabilidades, tarefas, coisas em geral que precisam ser feitas em um dia, mesmo que seja uma criança ou adolescente.
No entanto, quando uma pessoa está viciada em jogar, todas essas responsabilidades, mesmo que pequenas, começam a ser transferidas para o segundo plano.
Nessa fase, a vontade de jogar é tão forte que pode causar irritabilidade, ansiedade, mau humor e, em geral, abstinência. Com isso, o jogo ganha toda a prioridade na vida da pessoa.
Assim, todo o resto é deixado para depois e o foco central é jogar sempre que for possível.
Negligência com amigos e familiares
Infelizmente, muitos familiares e amigos só percebem o vício em jogo quando a pessoa começa a negligenciar as relações interpessoais para ficar no mundo virtual.
Esse é um sintoma muito evidente, mas que quando surge já demonstra um alto grau de seriedade.
Pois, o adicto se afasta de amigos, pessoas que ama, deixa de se importar com seu namoro ou casamento para ter mais tempo livre.
E muitas vezes, ao invés de dar suporte para entender e lidar com o vício, as pessoas próximas acabam se afastando também por acreditarem não haver mais tempo ou espaço na vida da pessoa.
Aumento de tempo jogando
O aumento do tempo jogando é uma consequência que está atrelada a todos os outros sinais, pois conforme o vício aumenta, mais a pessoa busca tempo para se dedicar somente a isso.
Nesse sentido, seu tempo no mundo virtual fica cada vez maior, enquanto suas atividades úteis no mundo real são esquecidas.
Mesmo que a pessoa perceba que o jogo está tomando todo o seu tempo e está impedindo-a de fazer coisas simples, ela não se importa e continua.
Para um viciado em drogas, o importante é somente as drogas. Ao mesmo tempo, um viciado em games só quer saber de jogar, desconsiderando os males que possa causar a si e aos outros.
O cuidado pessoal fica de lado
Manifestando todos os sinais anteriores, o viciado também começa um novo comportamento, que é comum entre os dependentes de qualquer tipo, a desvalorização de si mesmo.
Para o dependente, não há importância alguma em sua aparência, higiene ou cuidado pessoal. O vício é auto destrutivo e faz com que a pessoa se esqueça de quem ela é e da sua autoestima.
A consequência direta é a falta de higiene e de cuidados pessoais, antes fundamentais em sua vida.
Além disso, ela também passa a negligenciar a alimentação e os sinais de doenças que o corpo demonstra.
Sono desregulado
O quinto sinal do vício em jogos é o sono desregulado. Nesse ponto, o dependente já está com toda a rotina e tarefas atrasadas, sua vida está fora do seu próprio controle.
Com tantas tarefas acumuladas e coisas que ficaram para depois, o viciado começa a pensar que não adianta pensar em fazer e que a melhor opção é ficar jogando, mesmo na hora de dormir.
Nesse ponto, a pessoa para de dormir as horas devidas e quando para descansar fica irritada por ter deixado o jogo de lado por tempo demais.
Esse é um sinal que demonstra que a saúde física e emocional está comprometida. Aqui, a ajuda deve ser urgente.
Diagnóstico do vício em jogos
Tendo notado dois ou mais sinais de dependência, muitas pessoas próximas têm a dúvida: “como saber se uma pessoa é viciada em jogo?”.
Essa não é uma questão tão simples de ser respondida. Portanto, o diagnóstico do vício em jogos deve ser fornecido por um especialista em psiquiatria.
Esse é um médico que irá avaliar os possíveis transtornos mentais, situações e sentimentos que podem ter desencadeado o comportamento de dependência e buscar a melhor forma para tratar o paciente.
Em consulta com o médico psiquiatra, é o paciente que deve contar sobre sua relação com os jogos e como ele se sente com o que tem acontecido em sua vida.
Mas, isso não anula a participação dos familiares. Muitas vezes, o dependente pode ocultar algumas informações por dificuldades de aceitar o vício.
Nesse sentido, o médico pode querer conversar com pessoas mais próximas para entender o que realmente está acontecendo.
Não existem exames que possam diagnosticar esse vício. O médico se baseará nos sinais, comportamentos e fatores de risco já envolvidos na vida do paciente para avaliar a situação.
Como tratar o vício em jogos?
Atualmente, não existem estudos suficientes sobre como tratar uma pessoa viciada em jogos de maneira eficaz.
Então, o que os médicos têm feito é uma adaptação de tratamentos de outros vícios e transtornos de impulsos.
Em geral, o primeiro tratamento recomendado é a psicoterapia, que pode se associar ao uso de medicamentos quando o paciente demonstra quadros clínicos psiquiátricos.
A psicoterapia é uma área muito abrangente. Por isso, a mais utilizada para tratar o vício em jogos é a terapia cognitivo-comportamental (TCC).
Basicamente, ela ajuda o paciente a desenvolver habilidades sociais fora do mundo virtual.
Como há comunicação, resolução de problemas, compreensão e formas de lidar com sentimentos, o mais indicado é realizar pelo menos seis meses de TCC antes de reavaliar o caso.
Outra forma de tratamento que tem muitos efeitos positivos é a reabilitação neuropsicológica, que busca identificar as funções cognitivas alteradas.
Através da identificação, é planejado o tratamento para o controle de impulsos, tomada de decisões e consciência interoceptiva alterada pela fissura de jogar.
O papel da família e amigos para ajudar quem está com vício
Em primeiro lugar, é preciso que todas as pessoas entendam que os jogos podem viciar. Mas, isso não é em todos os casos, pois, como já citamos, há formas saudáveis de lidar com os jogos.
Por isso, é preciso estar atento se o familiar ou amigo apresenta sintomas do vício.
Para crianças e adolescentes, manter um diálogo aberto é fundamental, avaliando sempre se há outra situação social que pode estimular seu comportamento.
Independente da idade do dependente, ter essas conversas ajudará muito na definição do tratamento.
Geralmente, é a família quem percebe o que o vício e procura ajuda para tratar o problema.
Para os amigos próximos que percebem que a pessoa não sabe como parar de jogar, tente conversar e se colocar em uma posição de apoio sem julgar ou se afastar, mesmo que o dependente tente fazer isso.
Conclusão
O vício em jogo pode se tornar algo muito sério e levar o dependente a situações extremamente maléficas para sua saúde mental e física.
Por isso, conheça os sinais e o que pode ser feito para ajudar alguém próximo nessa situação.
Por fim, esperamos que este artigo possa ter aumentando seu entendimento sobre o assunto e que possa ajudar aqueles que estão passando pela situação do vício em jogo a procurar ajuda e tratamento.
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