Gravidez tardia: quais as chances e riscos de uma gestação após os 40?
Claudia Raia anunciou a gravidez tardia, aos 55 anos, e colocou em pauta como é possível engravidar de forma natural e assistida nessa idade
Recentemente, o Brasil se surpreendeu com a notícia de que a atriz Claudia Raia, de 55 anos, está grávida. Isso porque várias perguntas logo surgem na mente sobre como é possível essa gravidez tardia, se ela é segura para a mãe e o bebê, se foi natural, entre outras.
Se você, assim como a atriz, quer ser mãe após os 40 anos, é preciso estar atenta aos riscos dessa gravidez. Sendo assim, fizemos um dossiê com as perguntas mais feitas pelos internautas:
- Quando uma gravidez é considerada tardia?
- Qual a idade máxima para ficar grávida?
- É difícil engravidar aos 38 anos?
- Como engravidar após os 40 anos?
Para isso, conversamos com diversas ginecologistas e obstetras. Saiba mais!
Quando uma gravidez é considerada tardia?
Segundo médicos obstetras, uma gestação após os 35 anos é considerada de risco aumentado. Dessa forma, quanto mais tarde for a gravidez, maiores os riscos associados tanto à saúde da mãe quanto à do bebê.
“Por isso, é preciso preparar-se desde antes da concepção – inclusive com a adoção de vitaminas e minerais específicos para a gravidez, porque a suplementação adequada faz com que a mãe e o bebê sejam mais saudáveis”, aconselha Dra. Mariana Rosário, ginecologista, obstetra e mastologista.
Além disso, a gestação tardia apresenta mais casos de diabetes e hipertensão gestacionais, eclampsia, trombose e descolamento de placenta. Há também maior probabilidade de um parto prematuro ou de aborto.
Em uma gestação após os 40 anos existem ainda riscos de que haja alterações cromossômicas no bebê. Por exemplo, as síndromes de Down, Patau e Edwards. De acordo com a Dra. Carla, a diabetes gestacional também afeta a criança, podendo interferir na formação cardíaca e causar sobrepeso.
“Problemas como hipertensão e diabetes são mais bem controlados com um estilo de vida saudável da mãe, enquanto os abortos e a prematuridade podem ser minimizados com o acompanhamento de um bom pré-natal”, detalha.
Entretanto, as alterações cromossômicas não podem ser evitadas e tampouco revertidas, já que fazem parte do DNA do ser humano. Porém, é possível detectá-las no início da gravidez.
“Realizamos um exame de amniocentese, entre a 14ª e a 18ª semanas, que analisa uma amostra do líquido amniótico e identifica precisamente alterações cromossômicas”, esclarece.
“Além dele, os ultrassons são fundamentais para que se avalie a saúde do bebê”, diz Dra. Marina.
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Qual a idade máxima para ficar grávida?
Cada corpo funciona de uma forma. Por isso, não existe uma regra definida sobre uma idade máxima em que se pode engravidar.
“Apesar de todo o desenvolvimento tecnológico, não há como medir o tempo de vida fértil de uma mulher, nem meios eficazes para prolongá-lo naturalmente”, orienta a professora.
Entretanto, profissionais da área apontam que há uma dificuldade maior de engravidar após os 40 anos.
“Isso porque nascemos com um número limitado de óvulos, que vão se esgotando no decorrer da vida. Pode ser que a mulher precise de ajuda para engravidar – e isso pode variar de um simples estimulador hormonal à inseminação artificial, porque cada caso é diferente do outro. E, se essa for a primeira gestação, pode ser um pouco mais difícil de conceber”, alerta a médica.
Após os 35 anos, a capacidade reprodutiva feminina sofre uma queda significativa e não há como interromper ou frear esse fenômeno.
“Com o passar dos anos, há redução da qualidade e da quantidade dos óvulos, até a ocorrência da última menstruação (menopausa). Ela chega, em média, aos 51 anos para a maioria das mulheres, e é precedida de alterações hormonais e reprodutivas que iniciam bem antes da menopausa”, explica Dra. Márcia Mendonça Carneiro, Diretora científica Clínica Origen, Professora Associada- Departamento de Ginecologia e Obstetrícia – Faculdade de Medicina da UFMG.
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É difícil engravidar aos 38 anos?
A resposta para essa pergunta pode depender de vários fatores, especialmente da saúde da pessoa.
Ter uma alimentação saudável e manter uma rotina de atividade física são os primeiros passos para uma gravidez saudável. Além disso, o acompanhamento do ginecologista-obstetra é fundamental para verificar alguns requisitos importantes, como:
- Ter um peso adequado;
- Avaliar se há problemas de tireoide ou uterinos;
- Conferir o histórico de endometriose, diabetes, hipertensão arterial e trombofilia.
Caso seja necessário, haverá também uma investigação sobre outras situações que podem impedir ou dificultar a gestação.
“Meu aconselhamento para essas mulheres é: estejam com uma excelente saúde antes de engravidarem”, orienta a Dra. Marina.
Embora a tecnologia científica tenha proporcionado às mulheres maior perspectivas e possibilidades sobre o controle do seu ciclo reprodutivo, é preciso ter em mente que as gestações naturais após os 50 anos são um evento extremamente raro, com uma porcentagem que fica entre 0,03% e 0,3%.
Como engravidar após os 40 anos?
Como vimos anteriormente, uma gravidez tardia pode gerar uma série de riscos tanto para a mãe quanto para o bebê. Porém, uma forma de garantir uma gestação mais saudável é usufruir de técnicas de medicina avançada, como o congelamento de óvulos.
“O desenvolvimento de técnicas como o congelamento de óvulos deu às mulheres o poder de escolher adiar a decisão da maternidade, sem a pressão do relógio biológico. Idealmente, o congelamento de óvulos deve ser feito até os 35 anos de idade, em vista da queda natural da qualidade e quantidade dos óvulos a partir daí”, explica a professora.
De acordo com especialistas, o uso de um óvulo mais jovem diminui de forma considerável os riscos para a mãe e o bebê. Por outro lado, caso você tenha mais de 35 anos e não tenha congelado seus óvulos, não se preocupe. Segundo a Dra. Carla Iaconelli, especialista em Reprodução Humana, é possível fazer uma ovodoação.
Basicamente, este método consiste na doação de um óvulo feito por uma mulher da família ou também de uma desconhecida anônima com menos de 35 anos.
Essa e outras formas de reprodução assistidas podem ser feitas em qualquer idade, desde que a futura mamãe esteja saudável. Afinal, embora os óvulos da mulher envelheçam, o útero não.
- Para saber mais sobre o tema, leia nossa matéria Fertilização in vitro e congelamento de óvulos: diferenças e quanto custa cada procedimento
Caso Claudia Raia
Foi através de um vídeo postado nas redes sociais que Claudia Raia, de 55 anos, e seu marido Jarbas Homem de Mello, de 53 anos, anunciaram a gravidez.
Claudia, que já é mãe de Enzo e Sophia, revelou ter tido uma grande surpresa ao descobrir a gravidez tardia. Sendo assim, deu a entender que a gestação não foi planejada pelo casal e que, por isso, não teria sido utilizado nenhum método de reprodução assistida, como a fertilização in vitro, por exemplo.
Por isso, a notícia acendeu um alerta nos profissionais de saúde da área. Afinal, mulheres que estão tentando engravidar podem tomar o caso como exemplo e terem esperanças de algo que pode não acontecer, por ser muito raro.
Por isso, é importante fazer o acompanhamento com uma ginecologista-obstetra para avaliar qual a melhor opção para cada caso.
Sobre a Dra. Mariana Rosario
Formada pela Faculdade de Medicina do ABC, em Santo André (SP), em 2006, a Dra. Mariana Rosario possui os títulos de especialista em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia pela AMB – Associação Médica Brasileira, e estágio em Mastologia pelo IEO – Instituto Europeu de Oncologia, de Milão, Itália, um dos mais renomados do mundo.
Além disso, é membro da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP) e especialista em Longevidade pela ABMAE – Associação Brasileira de Medicina Antienvelhecimento.
É médica cadastrada para trabalhar com implantes hormonais pela ELMECO, do professor Elcimar Coutinho, um dos maiores especialistas no assunto. E também é membro do corpo clínico do Hospital Albert Einstein.
Possui vasta experiência em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia, tanto em Clínica Médica como em Cirurgia Oncoplástica. Realiza cursos e workshops de Saúde da Mulher, bem como trabalhos voluntários de preparação de gestantes, orientação de adolescentes e prevenção de DST´s.
Participou de inúmeros trabalhos ligados à saúde feminina nas mais variadas fases da vida e atua ativamente em programas que visam ao aprimoramento científico. Atualiza-se por meio da participação em cursos, seminários e congressos nacionais e internacionais e produz conteúdo científico para produções acadêmicas.
Dra. Mariana Rosario – Ginecologista, Obstetra e Mastologista. CRM- SP: 127087. RQE Masto: 42874. RQE GO: 71979.
Sobre Dra. Carla Iaconelli
Formada em Medicina, no ano de 2006, pela Faculdade de Medicina de Santo Amaro.
É ginecologista e obstetra com titulo de especialista pela FEBRASGO, Especialista em Reprodução humana assistida com titulo pela FEBRASGO, com pós-graduação em Reprodução Humana Assistida pela Associação Instituto Sapientiae.
Possui pós-graduação em Ginecologia Minimamente Invasiva pelo Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês.
Em 2014, conquistou o título de Mestre em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Sobre Márcia Mendonça Carneiro
Dra. Márcia é Diretora científica Clínica Origen, Professora Associada- Departamento de Ginecologia e Obstetrícia – Faculdade de Medicina da UFMG.
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