Está dando o que falar a performance que Tertuliana Lustosa realizou na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), na última quinta-feira (17/10). Durante uma das palestras do evento, “Gênero para além das fronteiras”, Tertuliana foi convidada para participar de uma roda de debate com o tema, “Dissidências de Gênero e Sexualidade”.
Durante a discussão, a artista e autora, decidiu cantar uma de suas músicas que faz parte do repertório da banda, A Travesti, da qual é vocalista. Como resultado, Tertuliana acabou subindo na cadeira, ao lado de outros participantes, e interpretou a música, que traz os seguintes versos: “Vou te ensinar gostoso dando aula na sua p**. Aqui não tem nota nem recuperação. Não tem sofrimento, se aprende com tesão. De quatro. E c*, c*, c.*” Apesar dos aplausos, a performance de Lustosa não foi bem recebida por outros acadêmicos e principalmente por internautas mais conservadores nas redes.
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Quem é Tertuliana Lustosa?
Aos 27 anos, Tertuliana Lustosa, nasceu em Corrente, interior do Piauí. Todavia, ela foi criada em Salvador. Em 2013, decidiu fazer faculdade no sudeste para ampliar seus horizontes. Dessa forma, foi aprovada no curso História da Arte, pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Após se formar, voltou para Salvador.
Mesmo formada, Tertuliana não escapou de uma estatística cruel para mulheres trans: a prostituição. De acordo com levantamento da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), 90% das pessoas trans no Brasil recorrem à prostituição como renda por falta de oportunidades no mercado formal de trabalho.
“Travesti trabalhar é difícil, né, ‘more’?! Só querem se for projeto social. Se não for assim, é desemprego na certa”- disse Tertuliana em entrevista ao site soteropolitano, Correio em 2019.
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Ademais, foi justamente em 2019, que a piauiense decidiu dar novos rumos a vida profissional. Tertuliana decidiu fazer brigadeiros e vende-los na praia do Porto da Barra. Enquanto vendia, ela fazia paródias de grandes pagodes baianos. As vendas foram tão boas que dali, ela conseguiu gravar seu primeiro single e estrear com a banda A Travestis.
“Sendo camelô, estou também quebrando um paradigma de que travesti é só prostituta, que tem preguiça de trabalhar com outra coisa. Eu não sou preguiçosa, sou super dedicada (…) No Rio, fiz tudo que não conseguiria fazer aqui.
Me libertei de uma série de prisões que minha família exercia sobre mim. Sempre tive medo de decepcionar minha mãe porque ela sempre me criou sozinha e com muito esforço. Sair de perto me fez enxergar que eu só ia me resolver comigo mesma”– disse Tertuliana em entrevista para, O Correio.
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Mais sobre a polêmica
Com efeito, após todo o bafafá, Tertuliana Lustosa disse ao UOL que tal repercussão não lhe espanta: “Existe muito preconceito, pois a minha pedagogia liberta e traz a linguagem do paredão e do pagode baiano que é marginalizado, criminalizado e subjugado”.
A artista e historiadora é defensora de um projeto pedagógico inovador e “pra lá” de polêmico: “Educando com o c*” é uma aula que discute a ideia de que o corpo e o prazer podem ser potências pedagógicas e artísticas.
De maneira idêntica, a UFMA também se manifestou após as críticas quanto a performance de Tertuliana: “A Universidade é um espaço plural e de diálogos, dedicado ao conhecimento, à diversidade de ideias e ao respeito mútuo. Por isso, entendemos que a liberdade de expressão é um pilar fundamental da academia, mas também ressaltamos a importância de se manter um ambiente harmônico e respeitoso para todos os membros da nossa comunidade.”
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Por fim, veja mais sobre o caso: