Morreu na madrugada dessa sexta-feira, 05, às 2h30 o apresentador Jô Soares. De acordo com o G1, o artista estava internado no Hospital Sírio Libanês (em São Paulo) desde o final de Julho. A entrada no hospital foi para tratar uma pneumonia. A causa da morte de Jô não foi divulgada.
Ainda segundo o G1, tanto o velório como o enterro de Jô Soares serão reservados para a família e amigos.
Jô Soares estava sem apresentar um programa desde 2016 quando as atividades do “Programa do Jô” foram encerradas pela Globo. Após sua saída da emissora dos Marinhos, Jô ainda participou de alguns programas de entrevistas como o “Programa do Porchat”, na Record ainda em 2016.
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Ex-mulher de Jô Soares faz despedida emocionante
A informação da morte de Jô Soares foi dada pela ex-mulher do apresentador, Flávia Pedra que escreveu.
“Viva você, meu Bitiko, Bolota, Miudeza, Bichinho, Porcaria, Gorducho. Você é orgulho pra todo mundo que compartilhou de alguma forma a vida com você. Agradeço aos senhores Tempo e Espaço, por terem me dado a sorte de deixar nossas vidas se cruzarem.
Obrigada pelas risadas de dar asma, por nossas casas do meu jeito, pelas viagens aos lugares mais chiques e mais mequetrefes, pela quantidade de filmes, que você achava uma sorte eu não lembrar pra ver de novo, e pela quantidade indecente de sorvete que a gente tomou assistindo”, disse Flávia.
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Vida e obra de Jô Soares
De fato, Jô Soares era um artista completo. Além de apresentar, Jô também escrevia para literatura, teatro e TV. Além disso, atuava em todas as telas, bem como dirigia para todos os palcos. Uma marca registrada de todo seu trabalho é o humor.
“Tudo o que fiz, tudo o que faço, sempre tem como base o humor. Desde que nasci, desde sempre”, disse Jô Soares ao Memória Globo.
José Eugênio Soares nasceu no Rio de Janeiro em 16 de janeiro de 1938. O sonho de Jô era ser diplomata. Ele era filho único do empresário Orlando Heitor Soares e de Mercedes Leal Soares.
Na infância, o apresentador estudou em um colégio interno e revelou que chorava por ter medo de tirar notas baixa e não conseguir sair para visitar seus pais aos finais de semana: “Chorava muito. Era uma coisa excessiva, uma coisa de sensibilidade quase gay”.
Também ao Fantástico, em 2012, Jô Soares contou que sempre foi gordinho, mas que seu aspecto físico não lhe rendeu apelidos pejorativos. Graças a sua inteligência.
“Sendo gordo e ter o apelido de poeta – acho que já era uma vitória”, afirmou.
Assim como na infância, a adolescência de Jô também foi marcada pelos estudos. Dessa forma, entre os 12 aos 17 anos, Jô foi estudar na Suíça. Isso porque ele ainda visava a carreira diplomática. Todavia, foi nessa época que o apresentador se apaixonou pelo teatro.
“Inventava números”
“Sempre ia ao teatro, sempre ia assistir a shows, ia para a coxia ver como era. E já inventava números de sátira do cinema americano; fazia a dança com os sapatinhos que eu calçava nos dedos”, contou Jô ao Memória Globo.
Estreia na TV e cinema de Jô
Assim que os planos do pai do Jô não deram certo no exterior, a família retornou ao Rio de Janeiro. Jô Soares, então, aproveitou para colocar em prática tudo o que viu e aprendeu no teatro europeu.
“Imediatamente comecei a frequentar a turma do teatro, a mostrar meus números, e a coisa engrenou quase que naturalmente”, disse o artista.
De acordo com o portal IMDb Jô Soares participou de filmes musicais em seu início de carreira, atuando como ator. Entre as produções, destacam-se: “Rei do movimento” (1954), “De pernas pro ar” (1956) e “Pé na tábua” (1957).
Em 1958 ele migra para a TV. Como o meio de comunicação ainda dava seus primeiros passos, Jô Soares aproveitou seu manejo com a escrita e começou a produzir uma série de roteiros. Dessa forma, atores como Tônia Carreiro, Paulo Autran, Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi, Sérgio Brito e Aldo de Maia interpretaram seus textos para a televisão.
Esses programas eram produzidos pelas emissoras TV Rio, TV Tupi e TV Continental.
“Eu consegui trabalhar ao mesmo tempo nas três emissoras que existiam no Rio” – Disse Jô Sares ao Memória Globo.
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A Família Trapo
Na sequência, em 1960, Jô Soares mudou para São Paulo à convite da TV Record. Foi então que ele começou a somar seu trabalho de ator e intérprete. Nessa época produziu diversos programas como: “La reuve chic”, “Jô show”, “Praça da alegria”, “Quadra de azes, “Show do dia 7” e “Você é o detetive”.
Foi nessa época também que um dos grandes clássicos da TV foi lançado: “A Família Trapo”.
A princípio, Jô Soares apenas escrevia junto com Carlos Alberto de Nóbrega. Contudo, logo passou a atuar no humorístico também como: o Mordomo Gordon. O artista sempre se orgulhou desse trabalho que reuniu grandes nomes no elenco como: Otelo Zeloni, Renata Fronzi, Ricardo Corte Real, Cidinha Campos e Ronald Golias.
“Acho que foi a primeira sitcom que se fez”- disse ao Memória Globo.
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Ida para a Globo
A primeira passagem de Jô pela Globo foi em 1970. Nessa época, o canal dos Marinhos já era um grande sucesso em telenovelas e jornalismo. Dessa forma, Soares foi para incrementar o time de humor da emissora.
“Saí um ano antes [da “Família Trapo”], em 1970. Assinei contrato com a Globo, onde estavam o Boni, que já me conhecia e de quem já era amigo, e o Walter Clark.”
Foi então que Jô ficou por 17 anos na Globo. Por lá, ele encabeçou produções como, “Faça humor, não faça a guerra” (1970), “Satiricom” (1973), “O planeta dos homens” (1977) e “Viva o Gordo” (1982). Em todos eles atuando como ator e redator.
“Os meus personagens são muito mais baseados no lado psicológico e no social do que na caricatura pura e simples. Eu nunca fiz um personagem necessariamente gordo. Eles são gordos porque eu sou gordo” , disse Jô Soares ao Memória Globo.
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Ida para o SBT
Em 1987, Jô Soares decidiu mudar de ares e colocar em prática um desejo que alimentava há algum tempo: um programa de entrevistas.
“No fim do contrato, falei com o Boni, meu amicíssimo… Na época ficou um ódio, claro. Porque falei ‘não’ [à proposta de renovação com a TV Globo]”, revelou Jô ao Fantástico em 2012.
Com o “Jô Soares Onze e Meia”, o artista criou uma faixa horária que até hoje é usada tanto pela Globo como pelo SBT para seus programa de entrevistas. Dessa forma, o talk-show “Jô Soares onze e meia” rendeu mais de 6 mil entrevistas.
“Acho que descobri, também sem querer, a grande vocação da minha vida, a coisa que me dá mais prazer, mais alegria de fazer. Eu me sinto muito vivo ali. A maior atração do mundo é o bate-papo, a conversa”, afirmava o próprio Jô” , disse Jô ao Memória Globo.
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Jô volta para a Globo
Todavia, em 2000 Jô Soares retornou para a Globo, dessa vez apenas como entrevistador no “Programa do Jô”.
“Não foi por uma questão salarial, porque a contraproposta do SBT era muito alta. Voltei pela possibilidade de fazer mais entrevistas internacionais, pelas facilidades de gravação, pelo apoio do jornalismo”, contou Jô em entrevista.
Foram 16 anos com um programa diário de entrevistas. Em um deles, Jô acabou revelando Fábio Porchat.
Por fim, em 2012 em entrevista ao Fantástico, Jô Soares falou sobre sua mania de doença e de não ter medo da morte.
“Sou um hipocondríaco de doenças exóticas. Beriberi – eu nem sei o que é, mas tenho pavor de pegar isso”, brincou. “O medo da morte é um sentimento inútil: você vai morrer mesmo, não adianta ficar com medo. Eu tenho medo de não ser produtivo. Citando meu amigo Chico Anysio, [uma vez] perguntaram para ele: ‘Você tem medo de morrer?’. Ele falou: ‘Não. Eu tenho pena’. Impecável.”
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Veja como foi a notícia da morte de Jô Soares na CNN: