Já está disponível no Prime Video um dos filmes brasileiros mais esperados do ano: “Angela”. Hugo Prata, também responsável pelo longa “Elis”, agora dirige a produção que mergulha na vida de uma das brasileiras mais polêmicas de todos os tempos: Ângela Diniz.
Socialite, vanguardista em comportamento, mãe, amante, esposa, ex-esposa e vítima de feminicídio. Esse é um resumo da ordem da vida de Ângela, que foi morta aos 32 anos. No filme, Isis Valverde dá vida à protagonista e Gabriel Braga Nunes interpreta Doca Street, réu confesso.
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Quem foi Ângela Diniz, a Pantera de Minas?
Filha de Newton Viana Diniz e Maria do Espírito Santo Fernandes Diniz, desde pequena Ângela Diniz tinha o desejo de ser livre e questionava as roupas que usava. Contudo, nas décadas de 60, 70 e 80, o sonho de qualquer família era ter seus filhos bem casados e formando uma nova família.
Ângela Diniz chegou a dar essa felicidade aos pais. Aos 17 anos ela casou-se com o engenheiro Milton Vilas Boas, de 31. Juntos, o casal teve 3 filhos: Milton Vilas Boas, Cristiana Vilas Boas e Luiz Felipe Vilas Boas. Mas, com o tempo, ela se viu infeliz com a união.
Enquanto a socialite curtia uma vida mais badalada, o engenheiro era mais avesso a eventos, jantares e afins. Foi então que Ângela decidiu colocar um fim no relacionamento. Naquela época, entretanto, não existia divórcio, somente o desquite, e esse processo era burocrático e desmoralizava a mulher. Ainda assim, ela decidiu se desquitar.
Para isso, no entanto, a socialite abriu mão da guarda dos filhos e suas visitas eram todas regradas. Em certa ocasião, Ângela chegou a fugir com sua filha e recebeu a acusação de rapto de menores. Até que a socialite decide mudar-se para o Rio de Janeiro.
Dessa forma, a fama de “mulher polêmica e desquitada” a acompanhou. Contudo, era uma daquelas mulheres que encantava a todos e logo virava o centro das atenções em qualquer lugar que chegava. Nessa época, Ângela Diniz começou a namorar o colunista Ibrahim Sued, que a apelidou de Pantera de Minas.
Relação com Doca Street
Pouco antes de chegar ao Rio de Janeiro, Ângela se envolveu em um grande escândalo: a morte de seu caseiro, José Avelino dos Santos. O funcionário da socialite foi encontrado morto no jardim da casa com uma faca na mão e com braguilha da calça aberta.
Ângela Diniz chegou a confessar o crime e contou à polícia que José invadiu seu quarto e a ameaçou com uma faca. No entanto, horas depois, o empresário Tuca Mendes assumiu o crime e o justificou como reação a uma agressão. Dessa forma, todos descobriram que Tuca e Ângela eram amantes. As circunstâncias reais do crime jamais foram esclarecidas e Mendes foi condenado a dois anos com sursis, isto é, suspensão condicional da pena e liberação.
Com mais essa polêmica em sua história, Ângela chegou ao Rio de Janeiro e, com seu novo namorado, passou a frequentar grandes eventos da sociedade carioca. Um deles foi na casa da milionária Adelita Scarpa. Foi nesse momento, em meados de 1976, que ela conheceu Doca Street.
O empresário ficou completamente fascinado por Ângela. E, como resultado, Doca decidiu largar a esposa e os filhos para viver um romance com Ângela Diniz. Assim, o casal decidiu se refugiar em uma casa em Búzios. Nesse local, a socialite vivia somente com o empresário e os empregados. A relação entre os dois durou apenas 5 meses.
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Por que Ângela Diniz foi assassinada?
Logo, Ângela se viu sufocada pelo relacionamento. Com efeito, Doca foi ficando cada vez mais impaciente e rígido com os excessos de Ângela. Isso porque o empresário afirmou que a socialite bebia demais e usava muitas outras drogas. Dessa forma, Diniz decidiu por um fim na relação e expulsou Doca de casa.
Só que o empresário não aceitou o término, retornou à residência e, na noite do dia 30 de dezembro de 1976, Doca assassinou Ângela com três tiros na nuca e um no rosto.
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Onde estão as pessoas ligadas à Pantera de Minas?
Doca passou as primeiras semanas de 1977 foragido, mas ainda em janeiro daquele ano o empresário se entregou e confessou o crime. Em 1979, o assassino de Ângela Diniz foi julgado em Cabo Frio (RJ). Dessa forma, o advogado criminalista Evandro Lins e Silva fez sua defesa.
Lins, por sua vez, defendeu o caso se baseando na tese da legítima defesa da honra. Todo o passado de Ângela foi revirado e a socialite foi apontada como responsável pela situação, uma vez que ela desviou um homem de bem, casado e com família. Apenas recentemente a tese da legítima defesa da honra passou a ser inconstitucional.
Ainda assim, Doca foi condenado, por cinco votos a um, a cumprir pena de 18 meses pelo crime, e seis meses por fugir da Justiça. Como ele já estava preso há sete meses, acabou saindo do tribunal solto respaldado na sursis, suspensão condicional da pena. Contudo, a comoção tomou conta do Brasil, e movimentos feministas começaram a pressionar a sociedade quanto à soltura de Doca.
Dessa forma, um novo julgamento aconteceu em 1981. Dessa vez, o empresário não contava mais com a defesa de Evandro Lins e Silva. Com a opinião agora a favor de Ângela, ele foi condenado a 15 anos de prisão. Então, Doca foi preso e ficou na cadeia até 1987. Em 2006, lançou o livro “Mea Culpa”, em que contou sua versão do crime. Em dezembro de 2020, Doca teve uma parada cardíaca e morreu aos 81 anos.
O que aconteceu com os filhos de Ângela Diniz?
Toda a família de Ângela Diniz ficou abalada e marcada pela tragédia. “É aterrorizante o cinismo desse homem. Ele foi à televisão dizendo que pede perdão à nossa família. Tinha, sim, que pedir perdão por todas as mentiras que contou”, disse Cristiana, filha de Ângela, à Folha de São Paulo em 2006, na época em que Doca voltou à mídia para divulgar o livro.
O filho mais novo de Ângela, Luiz Felipe, morreu em um acidente de carro em 1988. Antes disso, em 1982, o filho mais velho, Miltinho, sofreu um acidente de moto. Ele teve lesões sérias e passou a ser cuidado pelos familiares por andar e falar com dificuldade. O primeiro marido de Ângela, Milton, morreu em um acidente de avião em 1980.
Ademais, a mãe de Ângela Diniz, que era costureira do high society mineiro, parou de trabalhar para cuidar do neto e também morreu em 2006.
“Ela era uma mulher de vanguarda. Ela fazia o que bem entendia. Apesar de toda a dor que passamos, eu tenho o maior orgulho de ser filha de Ângela Diniz”, disse Cristiana à Folha. Ela é reservada, passou a vida evitando os jornalista e existem poucas noticias atuais sobre ela.
Por fim, o filme Angela está na lista de longas que podem representar o Brasil no Oscar 2024. Veja o trailer: