Desde a era Boni, ex-diretor geral da Globo, a emissora criou uma linha de produção de teledramaturgia que funcionava a todo vapor. Enquanto uma estava no ar, outras duas já estavam na pré-produção e produção. O canal detinha os melhores atores, diretores e autores. E tudo funcionava como uma grande engrenagem. Isso rolou dos anos 70, 80, 90, 2000 e 2010.
No final da década de 2010, as coisas começaram a mudar. A essa altura, Boni já não estava na Globo, mas seu sistema criado era seguido por outros diretores. Até que as operadoras de streaming se consolidaram no Brasil. (inclusive a Globoplay). Mas a enxurrada de séries e filmes disponíveis a qualquer momento do dia, não obrigava mais os telespectadores a acompanharem as “novelas chatas” da Globo. Aliás, até as novelas do canal ele poderia assistir em outro momento e na hora que quisesse. Como resultado, a audiência entrou e queda e acabou com o império da Globo.
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O que aconteceu com Aguinaldo Silva?
A crise atingiu em cheio todos os autores consolidados da Globo. De fato, antigamente, uma novela que não era sucesso era “driblada” pelo canal. A história era mexida, outros autores intervinham no texto, novos personagens eram inseridos e em último caso, a novela era encurtada. Com a nova era da Globo, novelas que não eram sucesso, começaram a virar um problemão para o canal e uma certeza de prejuízo. Com o seu casting reduzido, sobraram poucos recursos para remediar obras que não estavam agradando o público.
Em 2018, Aguinaldo Silva escreveu sua última novela na Globo: O Sétimo Guardião. A produção foi marcada por polêmicas. Uma delas foi um grupo de alunos de uma master class criada por Aguinaldo que reivindicaram a autoria da historia. Eles afirmaram que o Sétimo Guardião foi desenvolvida no curso por eles. Dessa forma, a Globo teve que creditar todos os mais de dez alunos e também paga-los.
Mas a polêmica mais grave foi o suposto caso extraconjugal entre Marina Ruy Barbosa e José Loreto. Na época os dois eram casados e tal “fofoca” despertou mais interesse no público do que o enredo da novela. E pior, a audiência da trama só caia.
#actampads1#Como resultado, Aguinaldo Silva contou que nos primeiros dias de 2020 ele foi dispensado pela Globo. Aguinaldo foi o primeiro grande autor de novela do qual a Globo abriu mão. Todavia, por circunstâncias do destino, em 2020, devido a pandemia de Covid-19, a Globo teve que interromper sua produção de novelas. A diretoria resolveu reprisar duas obras do autor: Fina Estampa e Império. Os dois reprises deram uma boa audiência e seguraram as pontas naquele momento difícil.
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Nova contratação
O último êxito que a Globo obteve em seu horário nobre foi Pantanal (2022). Desde então, o canal tem “cortado um dobrado” para emplacar alguma história na faixa das 21h. No outros horários de novela, a Globo também não conseguiu nenhum “arrasa quarteirão”, exceto as produções como Vai na Fé e Mar do Sertão.
Dessa forma, a Globo decidiu convidar Aguinaldo Silva para retornar ao canal. Por enquanto, o autor será contratado por obra. Segundo informações do UOL, Aguinaldo vai desenvolver para o horário nobre a novela: Três Graças. A história narra a saga de uma avó, uma mãe e uma filha que foram mães solos.
A novela não tem data de estreia, mas deve entrar no ar, ainda em 2025. De maneira idêntica, a Globo inaugurou um espaço de convivência de autores de Dramaturgia e Humor nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro. Uma das idealizadoras do projeto é a autora, Rosane Svartman (que escreveu Vai na Fé).
A ideia do projeto é integrar novos talentos com grandes autores em um espaço de troca. A emissora tem “sentido na pele” a escassez de escritores de novela que davam conta do recado como o próprio Aguinaldo Silva, Walcyr Carrasco e Glória Perez. Quem também está de volta à casa é: Izabel de Oliveira. Uma das autoras de Cheia de Charme já tem uma encomenda do canal: escreve uma história para a faixa da sete nos mesmos moldes da trama das empreguetes.
Por fim, resta saber qual será as demais medidas da Globo para restaurar seu polo de dramaturgia e trazer de volta sucessos, audiência e prêmio. Para se ter ideia, o canal não teve nenhuma obra indicada ao Emmy Internacional.