Paraíso do badulaque, Accessorize cresce no Brasil com lojas cheias

Valor Online – Vanessa Barone – 08/02/2007

Ontem à tarde, na loja de bijuterias e acessórios Accessorize do Shopping Iguatemi, meninas, mulheres e até homens se acotovelavam para garantir as últimas bolsas, pulseiras, lenços e sapatilhas com 70% de desconto que restavam nas prateleiras da loja. Às vésperas do Natal, outra disputa por mercadorias foi travada na butique, que precisou contratar um segurança só para organizar as filas no caixa.

“A grife é a disneylândia dos badulaques”, diz a empresária Ana Carolina Alves, master fraqueada no Brasil da inglesa Accessorize, ao explicar a explosão das vendas.” E esse “badulaques” são sucesso no Brasil. No próximo dia 22, Ana vai a Londres para receber o prêmio de franquia com maior crescimento em vendas entre todos os franqueados da Accessorize pelo mundo no último ano.

A entrega do prêmio se dá exatamente duas semanas depois de Ana abrir a oitava loja da grife, no Brasil. “No mundo, a Accessorize cresceu 6%. Nós, crescemos 28%”, comemora a empresária. Para este ano, está prevista a abertura de mais duas lojas: uma em São Paulo e outra em Belo Horizonte. Nos próximos cinco anos, devem ser inauguradas 15 lojas.

Ana Carolina já foi premiada em outra ocasião pela companhia inglesa Monsoon Accessorize, dona grife. Em 2002, quando abriu a primeira loja da marca no Brasil, justamente no Shopping Iguatemi, a empresária ganhou o prêmio de abertura mais bem sucedida do ano, da rede internacional. “O estoque que deveria durar seis meses durou menos de três”, relembra. Na época, foram R$ 240 mil investidos somente nas mercadorias. Para abrir sua primeira unidade, a empresária investiu R$ 700 mil, no total (sem incluir o valor do ponto). Há um ano, quando abriu as duas lojas do Rio de Janeiro, foi investido mais R$ 1 milhão.

“A primeira loja, no Iguatemi, foi emprestada pelo shopping”, diz Ana, que conquistou a representação da Accessorize aos 23 anos. “Me formei em Economia na Inglaterra e nunca tinha trabalhado. Fui bater na porta deles, com um ‘business plan’ pronto”, diz. A companhia inglesa conversava com outros empresários do Brasil, na época. “Venci pelo cansaço.”

Ao modo cartesiano dos ingleses de fazer as coisas, Ana agregou o jeitinho brasileiro na gestão. “Lá, não existe mala direta e ninguém cadastra os clientes”, diz Ana – que possui um “mailing” com cerca de 18 mil nomes, dos quais 8 mil recebem e-mails da loja informando dos lançamentos e promoções.

Os artigos à venda pela Accessorize do Brasil são produzidos nos em países asiáticos, na Itália e no Leste Europeu. O Brasil revende quase todas as 32 linhas de produtos, mas com seis meses de atraso em relação ao Hemisfério Norte. Na próxima segunda-feira, as franquias brasileiras receberão a coleção de inverno, já lançada na Europa. Entre os campeões de vendas, no país, estão os acessórios para os cabelos. Entre os que não emplacam, estão as meias-calças. “A brasileira usa muito pouco, então, nem trago”, diz Ana Carolina.

A Accessorize tem 800 lojas, no mundo. Metade disso, fora da Inglaterra, em 39 países. Atualmente, a filial mais rentável é a da Rússia – que de franquia passou a ser subsidiária da Accessorize inglesa. No último ano, a grife faturou 485,3 milhões de libras (US$ 956 milhões). Hoje, a grife está investindo mais nas linhas de lingeries, sapatos e nos artigos infantis.

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