Valor Econômico
Ref: Setor Calçados – Produção
Pode parecer uma receita caseira de bolo: junta-se um pó a um óleo até se obter uma mistura homogênea que vai quente para a fôrma. Mas o resultado desta fórmula aparentemente simples sai da maior fábrica de sandálias do Brasil, a unidade da Grendene em Sobral, no agreste cearense.
Lá podem ser produzidos por dia até 600 mil de pares de sapatos feitos de plástico injetável, seguindo uma fórmula que mistura PVC, corante e pouca mão-de-obra.
Os 14,8 mil funcionários da unidade da Grendene, que representam 40% da população economicamente ativa de Sobral, apertam um botão para que o PVC seja injetado, retiram os calçados quentes do forno e os empacotam em engradados. Em alguns modelos, os trabalhadores pintam enfeites ou juntam as partes do sapato.
"Esse processo de fabricação torna a Grendene muito competitiva. Por causa disso, no varejo americano, estamos ganhando o espaço dos próprios chineses", afirma Marcus Peixoto, diretor financeiro da indústria. Em 2005, a empresa ganhou um prêmio de destaque como fornecedor internacional do Wal-Mart.
A vantagem da Grendene frente aos concorrentes também vem do fato de a matéria-prima dos seus produtos poder ser reciclada. De cada cem quilos de PVC utilizados, 99,5 quilos são reaproveitados. Derretidos, sobras de calçados ou até sapatos defeituosos viram uma nova Melissa ou botas de plástico.