Mostra do Mestre Nêgo em Barreiras-BA
Vcs não devem estar entendendo umas fotos de umas esculturas de madeira que estão no nosso Flickr… A história é a seguinte: nossa mãe, Ignez…
Vcs não devem estar entendendo umas fotos de umas esculturas de madeira que estão no nosso Flickr…
A história é a seguinte: nossa mãe, Ignez Pitta, é agitadora cultural na cidade em que eu e a Denise nascemos, Barreiras, no interior da Bahia (não sabe onde fica, procura no Google Maps!). E ela está transformando o casarão onde meus avós viveram em um espaço cultural.
Foi muito emocionante voltar à esta casa, onde passei minha infância.
Lembrei com doçura deles todos, que já se foram. Meu avô Edgar, cujo nome eu herdei; minha avó Judith, cujo talento a Denise herdou (eu roubava tanto dela no Buraco!); tia Lourdes, que cozinhava para os deuses e tinha o Luca como preferido; tia Dilzinha, que ia sempre nos visitar… Sabe que tia Dilzinha agora tem fama de santa?
Moravam só eles lá, mas a mesa de almoço era sempre de festa. Às vezes estávamos em casa, almoçando, e o telefone tocava e era meu avô: – Hoje tem bife de estrelinha! Saíamos os três da mesa e íamos correndo almoçar novamente lá… Claro que brigando um com o outro, porque um não podia comer nenhum bife a mais do que os outros!
Uma das lembranças mais doces que trago comigo é o cheiro de madeira molhada, quando tia Lourdes lavava o assoalho dessa casa enorme uma vez por ano, sempre perto da Quaresma, para agradar a minha vó… E quando entrava morcego, que íamos matar com uma vara enorme??
Foi com esse gosto agri-doce que ajudei minha mãe a montar a exposição com obras do Mestre Nêgo, um artesão incrível. Ele também tem um grupo infantil de Bumba-meu-boi, cujas fotos também estão no album. Um dos garotos falou que o casarão era mal-assombrado… Como pode, onde houve tanto amor, haver algum mal-assombramento? Se existe um céu, eles todos estão definitivamente lá.
Ufa, que memória do esquecimento que é a nossa infância…
Vale a pena ver!