Se você ainda não conhece a Capital Platina da Argentina – a famosíssima e boêmia Buenos Aires, chegou a hora. E se ainda está nessa de que “Los Hermanos” não gostam de brasileiros está “muy enganado”, eles nos recebem bem, muito bem, diga-se de passagem.
Seja em seus bares à noite, na Recoleta, ou nos cafés, ao melhor estilo parisiense, como no Calle Florida, Puerto Madera ou em Palermo… Seja em suas lojas de artigos diversos, outlets, na Calle Córdoba ou no Unicenter, eles são sempre atenciosos e gostam da magia e simpatia que o brasileiro tem.
Já ao descer em EZEIZA, que é o Aeroporto internacional deles, nos sentimos meio em casa, pois todos tentam se comunicar com você “via portunhol” , ou seja, a língua não é nenhum obstáculo para se fazer este belo passeio.
Na saída pegue um táxi ou um “remis”, com os simpáticos “cabineros” de Buenos Aires – para quem não sabe “remis”, é uma espécie de táxi/carro particular, que se diferencia dos táxis, porque tem o valor da corrida acertado antes – você diz aonde vai ao “cabinero” e ele lhe fala previamente quanto vai pagar. Nas vezes em que andei de remis – que existem em locais específicos, como shopping centers, aeroporto, outlets – o valor era rigorosamente igual ao do táxi normal, o que diferencia é apenas a forma de pagamento, sem a necessidade do uso do taxímetro.
Se você vai em um pacote turístico, fique tranqüilo, pois na saída do check de bagagens do aeroporto, ficam os guias devidamente identificados e uniformizados, segurando plaquinhas com o nome de sua empresa de turismo.
Este que vos fala, não só foi de pacote turístico, como também conhece bem o ângulo das agências, pois, foi guia da CVC por cinco anos, fazendo o Nordeste e Pantanal (Bonito) e podendo observar detalhes de como trabalhar com passageiros.
Já instalado no ônibus, após viajar toda a madrugada, sim, amigos, eu peguei um pacote com vôo noturno saindo de Guarulhos, às três da manhã! E chegando em EZEIZA às seis da matina, com o Galo cantando “la cucaracha”, morrendo de sono, aliás, prometi nunca mais fazer isso, pois perde-se meio dia se recuperando da canseira da viagem, é como dormir de porre e acordar mal humorado…
Mas ao pegarmos a autopista em direção ao centro, o meu humor foi melhorando gradativamente, pois a estrada é muito verde e arborizada. O sol a pino prometia um dia muito gostoso, que na verdade foi se confirmando, o guia muito simpático ia falando como uma metralhadora sobre os detalhes de Buenos Aires e também sobre os passeios maravilhosos que nos aguardavam.
Eu, como bom guia que fui, estava esperando o “momento opcional”, quando são oferecidos passeios fora do roteiro (que normalmente incluem apenas um “panorâmico pelos lugares)”. Sugiro que faça pesquisas pela internet sobre os passeios disponíveis, veja o Google Map’s e até Google Earth, para os mais detalhistas, pois uma colega de passeio que fez, mostrou-se muito útil, ao saber as ruas que cercavam o hotel e as distâncias dos lugares a serem visitados.
O Guia nos ofereceu diversos tipos de passeios, alguns diurnos, outros noturnos como casas de tangos. Fui determinado a não fazer nenhum opcional diurno, por isso não posso relatar-lhes, mas ouvi as pessoas reclamando do passeio de trem pelo Rio da Prata, algo aconteceu e desagradou a todos. Eu optei por tirar este dia para conhecer os arredores do centro de Buenos Aires, que lembram cidades européias, pois o estilo de suas construções, com fachadas neoclássicas, passam um ar bastante saudosista e antigo, fazendo um enorme contraste com os prédios modernosos de várias instituições bancárias e hotéis de grandes redes.
No passeio noturno faça o imperdível – é lindo e vale a pena!
CHEGADA AO HOTEL E SONECA
Chegamos ao hotel, fizemos o nosso check-in e foi inevitável um cochilo, até as onze da manhã. Mas a ansiedade por conhecer Buenos Aires era maior que o cansaço e logo despertei para fazer um “reconhecimento da área” e lógico, compras, quesito número 1 da lista de prioridades…
Saímos pelos arredores do hotel, fazendo contato com um povo muito orgulhoso (no bom sentido), de seu país e de sua cultura. De cara, passeando pela rua Florida, me encantei com o Galerías Pacífico Shopping Mall, uma construção em estilo neoclássico, com imponentes vitrais e colunas expondo toda a majestade de um país que foi muito rico. Localizado no centrão de Buenos Aires, que apenas para fazer um paralelo, é muito semelhante à esquina das avenidas Ipiranga com a São João, no centro de São Paulo. Mas as semelhanças param por aí, pois não se vê a sujeirada daqui de Sampa.
Entrei meio que ressabiado, pois não queria demonstrar meu ar boquiaberto diante de tão bela construção, mas foi impossível não me render às novidades que se apresentavam. Lojas e mais lojas de grifes famosas, onde se vende tudo o que um consumista de carteirinha necessita: ternos Armani, perfumes, todo tipo de cosméticos e as mais variadas marcas, desfilando em pequenos quiosques de corredor e “farmacitas” (perfumarias + farmácias), além das lojas especializadas em roupas de couro, artigos esportivos, relógios Cartier, Tag Heuer e é lógico, pequenos cafés charmosíssimos.
Mas o que me chamou a atenção foram os preços dos produtos, pois não eram tão baratos como eu pensava e como todos dizem sobre as compras em Buenos Aires.
Após andar por todo o centro literalmente, pois meu hotel ficava bem no coração da cidade, próximo do principal cruzamento entre “Calle Cordoba x Calle Florida”, onde todos diziam haver produtos muito baratos, mas que não tinha, tomamos um santo táxi que entre freadas bruscas, acelerações repentinas e mais algumas barbeiragens (o trânsito de Buenos Aires é maluco), nos deu a dica mais valiosa da viajem:
– FAÇA COMPRAS ONDE O ARGENTINO FAZ, VÁ AONDE O ARGENTINO VAI.
O taxista nos disse que estávamos no lugar errado, aquele era local de turista e que deveríamos fazer compras aonde o Argentino faz. Na hora, me vi como nos desenhos animados, com duas orelhas de burro, lógico que ele estava coberto de razão, mas aonde seria este Oásis Consumista? Perguntei a ele, que inclusive naquele momento passava a centímetros de um ônibus em um grande cruzamento, o que no momento, me fez perder o fôlego…
Para couros, você pode ir a Palermo ou perto do Caminito, mas perfumes lá não é bom – disse ele. Mas na província de San Martin (províncias são cidades/bairros próximas a Buenos Aires), tem um shopping enorme – o UNICENTER.
O UNICENTER – Oásis do Consumo
Localizado na Província de San Martin ao lado de Buenos Aires, a mais ou menos 17km, e de táxi uns 30 minutos, com valor da “corrida” em 32,00 pesos (R$ 16,00).
É um Mega Centro de Compras, maior que qualquer shopping que eu já tenha visto aqui em São Paulo: têm hipermercados, lojas âncoras, restaurantes e centros de entretenimentos como bares, cinema, etc… ou seja, é um lugar ideal para gastar “platitas”. Muito eficiente e com ótima estrutura para receber turistas. Fiquei satisfeitíssimo em conhecer, é lá que as coisas são “muy baratas” !
Fui chegando e procurando logo pelos meus perfumes preferidos, Bvlgary (Blue, Black, Extreme), Farenheit e Armani. Depois de quase uma hora, encontrei uma “farmacita” com preços fantásticos. Paguei R$ 80,00 em um frasco do Bvlgary 100 ml; no Farenheit foram R$ 65,00 no frasco de 30 ml. Detalhe, lá não tem nada de coisa “made in Paraguai” , viu? É tudo original, bebidas inclusive.
Para presente também comprei um kit presente da Givanchi (frasco do Very Irresistible + Creme + Bolsa ) por R$ 68,00 – uma pechincha! E mais uns outros da linha Kenzo, baratésimos também.
Fora os brindes que a loja nos deu: bolsas, sacolas e mochilas show de bola das marcas adquiridas – peça sempre, que eles dão!
SURPRESA NA HORA DE PAGAR
– O Sr. vai pagar con tarjeta de crédito internacional???
– Sí señora!
– Tienes passapuerte ou algum otro documiento (Habilitacion no puede).
Procuro e procuro e nada… ( esqueci no hotel )
– Desculpe Señor, “no pay no game” .
– No puede levar los productos.
E não adiantou discutir com a “Chica”. Possesso comigo mesmo, pela burrice e pela caminhada que ia ter que dar no dia seguinte: táxi de ida ao hotel + táxi de volta no dia seguinte + táxi de ida de novo – pô, começou a sair caro, não gostei, mas paciência, não ia deixar meus perfumes lá!
Fui dar mais um giro e achei uma loja de decoração fantástica, tipo a Tock & Stock, mas com preços incríveis também, o nome da loja é FALABELLA, é só lembrar do Miguel Falabella que não tem erro. Aliás, ela não tem só decoração, tem um pouco de tudo, de doces e bebidas até artigos eletro-eletrônicos, com preços muito bons.
E depois fui dar mais um giro e, como ninguém é de ferro, fui almoçar, afinal já eram para lá das 15:30 h e na empolgação esqueci de me alimentar. As opções eram várias e de qualidade, logo não foi difícil escolher o local, já o que comer….
O cardápio era em castelhano, e por mais que meu portunhol fosse em nível avançado, havia algumas coisas que realmente não davam para entender, mas nada que os prestativos atendentes não pudessem ajudar, e por sugestão escolhi um suculento “Bife de Chorizzo” com Papas Fritas ( batatas fritas ), que é um Steak/Bife imenso e grosso, pegava o prato todo. Aliás os argentinos, em matéria de refeições, levam a sério, é tudo grande, em quantidade e qualidade.
A caminho do hotel fui procurar uma cabine de “remis” , pois a noite tinha Senhor Tango, o que aliás foi muito fácil, combinei o valor ( 32,00 pesos ) e fomos embora.
MAIS UMA DICA PRECIOSÍSSIMA
No caminho, conversando com o motorista do remis, (que são todos falantes e simpáticos), lamentei o caso da identidade, pois a minha intenção era negociar a corrida, para o dia seguinte. Mas para minha surpresa ele disse que isso não era necessário, porque no CENTRO DA CIDADE – DENTRO DO HOTEL MARRIOT (final da Calle Florida), saía todos os dias um ÔNIBUS DO UNICENTER gratuito para turistas. O ônibus sai ao meio dia, da porta do Marriot. (Atualização Janeiro/2010: Um leitor acaba de reportar que este ônibus não está mais disponível – Leia a nota no final deste artigo).
E tem mais, quem vai no ônibus, ganha um cupom com até 10% de desconto em compras de várias lojas.
Muito bom! Mas tem mais…
No dia seguinte, lá estava eu todo feliz da vida aguardando o Ônibus – um belo veículo, com ar condicionado e todo o conforto necessário para um bom passeio.
MAIS SUPRESAS AGRADÁVEIS
Chegamos ao UNICENTER e tinha mais surpresas: o motorista pediu que o acompanhássemos até a administração para nos dar os nossos cupons de descontos e mais um mimo: um almoço completo (com direito a vinho), em uma das melhores churrascarias do Unicenter. Desconfiado, perguntei: mas é de graça? No tiene el cobro?
– No senhor, acá no paga nada, és nuestro invitado.
– Muchas Gracias por la preferencia…
Lindo demais!!!!!!!
Sem pagar nada pelo ônibus e ainda almoço de grátis, que lugar maravilhoso, é essa tal de Argentina, pessoas solícitas, simpáticas.
Fui lá, peguei meus perfumitos, passeei mais um bocado e voltei.
De novo no centro, fui explorar um pouco mais a Calle Florida, e ainda achei uma ótima galeria para comprar lembrancinhas e camisetas…
Bem, só digo uma coisa: gostei muito de Buenos Aires e pretendo voltar. No pouco que fiquei – três dias – foi o que deu para explorar, mas na próxima viagem quero ficar pelo menos cinco dias, pois como é uma Grande Metrópole tenho certeza de que há muito mais segredos para desvendar.
Ficou um gosto muito bom de quero mais…
Abraços e paz!
ATUALIZAÇÃO
De acordo com um leitor que acaba de voltar de Buenos Aires, seguem umas atualizações:
1. Não existe mais o ônibus que leva os turistas do hotel Marriott para o Unicenter;
2. Ir de taxi do centro da cidade até o Unicenter custas agora, cerca de 55 pesos (pois é, inflacionou). Voltei de Remi e custou a mesma coisa;
3. Gastando cerca de 110 pesos só como deslocamento, a ida ao Unicenter só compensa se vc for comprar bastante coisa;
4. Como não estava atrás de perfumes, por isso não observei o preço destes, tenho a dizer que a diferença nos preço entre as lojas da rua Florida e as do Unicenter não são tão grandes, logo, só compensa ir a este se vc for comprar realmente muita coisa. Mas o que eu conclui mesmo é que os preços de lá não são muito diferentes dos daqui, por isso, não se iluda achando que vai comprar muito e gastar pouco;
5. O que eu recomendo comprar em Buenos Aires são: vinho (bons e muito baratos), alfajores Havanna (difíceis de encontrar no Brasil), e roupas da Adidas (estas sim, baratas se comparadas com os preços daqui).
No mais, recomendo que vá a Buenos Aires pensando mais em conhecer e curtir a cidade do que pensando em fazer compras. O show de tango no Señor Tango vale muito a pena, e o bife de Chouriço é obrigatório. A cidade é linda e os hermanos são muito simpáticos. Recomendo a viagem a todos. Abraços.
Leia também: Compras em Buenos Aires – Depoimento
- Outlets em Buenos Aires
- Dicas para viagem a Buenos Aires
- Compras em Buenos Aires – Armani, Oakley, Puma e Diesel
Veja ótima pesquisa sobre Buenos Aires – Guia turístico, curiosidades históricas e dicas.
Por Marcos Gutto
(Marcos é empresário no ramo de embalagens e ex-guia turístico que adora conhecer lugares novos e desvendar seus segredos, até a próxima.)
Atenção! Este artigo é do início de 2008 – antes da crise econômica portanto. Vários leitores estão reportando que a realidade argentina já não reflete o descrito neste artigo, infelizmente.