O minimalismo é um estilo de vida que vem se tornando cada vez mais popular e que nos traz questionamentos bastante profundos. A proposta confronta os padrões de consumo da sociedade moderna, argumentando que a simplicidade é o caminho para uma vida mais feliz.
O debate sobre os padrões de consumo é uma pauta central em cada vez mais esferas, como a arte, o turismo e a moda, tornando as propostas do movimento extremamente atuais.
Porém, esse não é a primeira aparição do minimalismo na história: o termo foi cunhado para descrever movimentos artísticos e culturais do século XX. Neles, artistas de variados segmentos buscavam expressar-se através de um mínimo de elementos estruturais de seus objetos.
Em sua evolução, o minimalismo sempre tem um objetivo em comum: livrar-se de tudo o que sobra para encontrar a essência das coisas.
O que é o estilo de vida minimalista?
A onda mais recente do minimalismo ganhou visibilidade após o lançamento do filme “Minimalismo: um documentário sobre as coisas que importam” dos escritores Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus.
Para eles, o minimalismo é uma ferramenta para se livrar dos excessos da vida a fim de focar no que importa. Dessa forma, seria mais fácil encontrar felicidade, realização e liberdade.
Os minimalistas mantém nas suas vidas apenas os bens indispensáveis para sua saúde e felicidade e isso traz leveza ao seu dia a dia. Além disso, sobra mais tempo e espaço para o que realmente importa: relacionamentos, aprendizados e experiências.
Veja também nosso especial de Decoração Minimalista.
A “bíblia” do minimalismo com guia para adotá-lo
O livro “Menos é Mais” de Francine Jay é considerado por muitos a bíblia do Minimalismo. Nele, encontramos uma explicação completa sobre a filosofia do minimalismo e um tutorial para adotá-lo, que detalha como levá-lo a cada cômodo da casa e como agregá-lo ao seu estilo de vida.
Reunindo muitas informações e instruções, o livro de Francine, de subtítulo “Um guia minimalista para organizar e simplificar sua vida”, é realmente um manual prático de como ser minimalista. Porém, é uma leitura interessante para qualquer pessoa que queira repensar seus hábitos, independente de sua disposição de se juntar ao movimento.
Uma ferramenta de libertação – Não existe uma fórmula
Em síntese, o minimalismo se propõe a ser uma ferramenta de libertação. Logo, a ideia não é que você não possa ter um carro ou uma casa, que seu guarda-roupa deva ter poucas peças de roupa ou que você precise jogar as coisas de que gosta no lixo.
Afinal, libertação significa coisas diferentes para pessoas diferentes. Para alguns, libertação pode significar deixar para trás medos e preocupações. Para outros, pode ter a ver com se permitir viver certas experiências.
Em sua essência, o minimalismo busca a libertação através de um rompimento com a cultura de consumo que muitas vezes influencia nossas ações e escolhas. Logo, o movimento não vê nada de errado em ter posses materiais. O problema surge quando esses itens passam a ter um significado muito grande, assumindo protagonismo excessivo em nossas vidas.
Desfazer dos excessos
Assim, propõe-se que cada um de nós faça um exame profundo de suas posses. Analisando o que é importante, do que realmente gostamos e o que é supérfluo, podemos nos desfazer dos excessos. Eliminando todas as coisas que entopem nossos espaços e nossas vidas, sobra mais energia e disposição para nos dedicarmos ao que de fato traz felicidade.
Obviamente, isso será diferente para cada pessoa. Logo, ninguém pode escrever uma receita exata de como viver o minimalismo.
Por exemplo, um minimalista pode ter uma casa, um carro e uma família feliz em um subúrbio. Outro minimalista se sentirá feliz possuindo pouquíssimos objetos e viajando o mundo com sua mochila. Talvez um terceiro tenha 5 peças de roupa e 50 livros. O essencial para um não é o mesmo que para o outro.
Como praticar o minimalismo?
Então, se o minimalismo não possui receitas, como começar a praticá-lo? Certamente, o primeiro passo é uma reflexão pessoal. Você vai precisar analisar seus pertences acumulados e padrões de consumo e estar pronto para abrir mão de tudo que é supérfluo.
Após, você deve começar a se desfazer dos excessos, gradualmente. Esse processo envolve muito desapego e pode ser um desafio. Mas, se estiver sendo muito difícil, lembre-se: o minimalismo não prega que você se desfaça das coisas que você realmente gosta. A ideia é reconhecer aquilo que não faz sentido e apenas toma espaço na sua vida.
Um exercício proposto pelos autores do documentário “Minimalismo” é o Jogo Minimalista dos 30 dias. A cada dia, os participantes precisam se desfazer de um número de objetos: um no primeiro dia, dois no segundo, três no terceiro e assim por diante. Recomenda-se fazer o exercício com um amigo, familiar ou colega. Assim, o incentivo do companheiro impede que o participante desista no meio do processo.
Porém, se você não saberia por onde começar e gosta de instruções detalhadas, provavelmente o livro “Menos é Mais” é a sua solução perfeita. Você encontrará tudo de que precisa nos dez passos para transicionar para o minimalismo de Francine Jay e em suas dicas de como levá-lo a cada canto do lar.
Desacelerar a vida com mais liberdade para se desligar
Nosso mundo funciona em um ritmo febril. Estamos muito apressados, muito apressados e muito estressados. Trabalhamos longas e apaixonadas horas para pagar as contas, mas ficamos mais endividados a cada dia. Corremos de uma atividade para outra – até mesmo realizando várias tarefas ao longo do caminho -, mas nunca parecemos fazer nada. Permanecemos em constante conexão com outras pessoas por meio de nossos telefones celulares, mas os verdadeiros relacionamentos transformadores de vida continuam a nos escapar.
Tornar-se minimalista é desacelerar a vida e nos livrar dessa histeria moderna para viver mais rápido. Ele oferece liberdade para se desligar. Ele procura manter apenas o essencial. Tem como objetivo remover o frívolo e manter o significativo. Valoriza os esforços intencionais que agregam valor à vida.
Embora ninguém o escolha intencionalmente, a maioria das pessoas vive em eterna pressão. Vivem uma vida em torno de sua família, uma vida em torno de seus colegas de trabalho e outra vida em torno de seus vizinhos. O estilo de vida que escolheram exige que retratem uma certa imagem externa dependente de suas circunstâncias. Eles são jogados e revirados pela campanha publicitária mais recente ou pelas demandas de seu empregador, ou buscam estilos de vida irreais de celebridades.
Enquanto a maioria das pessoas busca o sucesso, o glamour e a fama, o minimalismo nos chama com uma voz menor, mais calma e mais calma. Nos convida a desacelerar, consumir menos, mas desfrutar mais. E quando encontramos alguém que leva uma vida simplificada, muitas vezes reconhecemos que estivemos perseguindo as coisas erradas o tempo todo.
- Veja também: Economia afetiva – Propósito é a chave para os negócios do futuro.
O minimalismo na moda
Na moda, o minimalismo se traduz na criação de designs atemporais e no uso de tecidos de qualidade. As roupas devem ser versáteis e duráveis, alinhando-se à busca da redução do consumo desenfreado. Assim, as peças minimalistas podem ser combinadas entre si de diferentes formas e atendendo a diferentes ocasiões.
As tonalidades minimalistas são neutras, facilitando a composição com outras peças do look. Com isso, preto, cinza, branco, azuis e tons terrosos são os tons mais comuns da paleta de cores.
As estampas não estão proibidas, mas ocorrerem com menos frequência e geralmente em tons sóbrios ou padronagens mais clássicas, tais como listras, xadrez e pied-de-poule, o famoso poá.
- Confira também: A Moda do amanhã – 10 caminhos para pensar a trajetória da Moda de agora em diante. E a Moda do Futuro: como a tecnologia está mudando o universo fashion.
Por fim veja Quem são os consumidores do futuro? Saiba como preparar sua marca para conquistá-los .
Texto: Débora Cunha