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Moda pós-pandemia – Cenário atual e oportunidades que surgem no setor + Dados e números

Matéria-prima, consumo e varejo, o que muda na moda pós-pandemia do Covid-19? Confira as oportunidades que surgem e as mudanças que já estão ocorrendo na prática na indústria da moda.

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Ainda existem muitas incógnitas de como será o mundo da moda pós-pandemia, e o futuro da roupa que vamos habitar está aberto. Para especialistas do setor, o mundo tende a flertar com um receituário mais protecionista, o que vai levar a uma “desglobalização” das cadeias de produção, além de colocar uma lente de aumento em valores como a sustentabilidade, propósito e começar diminuir à cultura de excessos e desperdícios.

Novas cadeias de produção na moda pós-pandemia

 

Entre os impactos da pandemia do novo coronavírus na economia mundial,  o modelo de cadeias globais de produção é um dos mais afetados.

Como muitas outras indústrias, o mundo da moda há muito tempo abraça a China como fonte de fabricação – o país é de longe o maior produtor mundial de têxteis e fornece muitos dos outros elementos que vão para as roupas: de botões a zíperes e fios. Essa dependência agora está se mostrando desastrosa.

Mundo discute a desglobalização (Foto: Shutterstock)
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Se antes o mais importante era obter um insumo pelo custo mais baixo, agora, por questão de segurança, as empresas vão começar a olhar para produções em regiões mais próximas e vão querer diversificar o local de produção.

“Desglobalizar” as cadeias de produção da moda, no entanto, é um desafio mais complexo do que parece. Atualmente, a indústria global está avaliada em US$ 2,5 trilhões, de acordo com levantamento da consultoria McKinsey. Pois nela está um mercado construído por técnicas seculares e mantido por inúmeros trabalhadores.

Veja também: O vírus da desglobalização – O que muda no mercado pós-pandemia?

Indústria da moda no Brasil: Dados e Números

 

Com quase 200 anos, a indústria da moda no Brasil tem uma cadeia têxtil completa. Da produção das fibras, como plantação de algodão, até os desfiles de moda, passando por fiações, tecelagens, beneficiadoras, confecções e varejo. O país é referência mundial em sapatos, design de moda praia, jeanswear e homewear e tem crescido em moda fitness e lingerie.

Setor é o segundo maior gerador do primeiro emprego (Foto: Quartz)

 

Moda gera empregos, confira números

 

O setor é o segundo maior gerador do primeiro emprego e cria 1,479 milhão de empregados diretos e 8 milhões de indiretos. Representa 16,7% dos empregos e 5,7% do faturamento da indústria de transformação e seu segundo maior empregador, atrás de alimentos e bebidas (juntos). 75% da mão de obra é feminina.

No consumo, o varejo de vestuário no país somou R$ 231,3 bilhões em 2019, enquanto o de calçados soma R$ 55,4 bilhões.

Fonte: Abit e IEMI

Mas de acordo com a consultora do Instituto Senai de Tecnologia Têxtil e de Confecção, 20% das empresas do setor não souberam informar como será seu modelo produtivo depois da pandemia.

Já as restantes, apostam na valorização dos produtos nacionais e na compra em mercados locais, além da automação da produção e implementação de tecnologias 4.0 para conseguir trabalhar remotamente.

Fonte: Abit e IEMI

 

Novos valores no consumo – Moda pós-pandemia

 

Se a indústria ainda dá passos incertos, o consumo mostra o que quer. Seja na forma de comprar ou a razão dela. A compra por impulso, a procura por marcas internacionais, a ostentação desmedida e a busca pelo consumo hedonista como fonte de prazer são pontos que podem ser revistos após o novo coronavírus.

Consumo tende a priorizar o sustentável  – Moda pós-pandemia (Foto: Istock)

 

Impulso do E-commerce – Moda pós-pandemia

 

Para tanto, outro pilar comercial que recebe um grande impulso é o digital. A pandemia do novo coronavírus fez com que os consumidores passassem a comprar com mais frequência pela internet, e a prova disso é que o e-commerce brasileiro faturou R$ 9,4 bilhões em abril, aumento de 81% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com o Compre&Confie. Portanto, as marcas que aceleraram a transformação digital antes da quarentena, saíram na frente.

Mercado já sente mudança do consumidor – Moda pós-pandemia (Foto: getty images)

Dados de pesquisa feita pela Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção) dão conta que o consumo no varejo vai mudar: 76% dos entrevistados disseram que realizarão as compras pela internet, enquanto e outros 29% indicaram que pretendem comprar de forma mais comedida, economizando ao máximo.

No momento, tudo está parado. As pessoas estão apenas tentando superar o coronavírus, mas a moda certamente será um dos setores que nos levará a pensar de maneira diferente. Posteriormente, isso colocará a sustentabilidade no topo da mente de todos.

O que anda acontecendo na prática na Moda pós-pandemia

 

Para a empresária Vanessa Cainelli, idealizadora da marca MIV (@vistamiv ), há um grande movimento já acontecendo em direção à localidade.

Em diversas Lives e Webinars com nomes importantes e importadores  do setor realizadas por órgãos como Abit ( Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção) e Abravest (Associação Brasileira do Vestuário), entre outros, é possível constatar que está havendo uma grande redução dos números. Por outro lado, temos uma enorme busca por saídas dentro do próprio mercado brasileiro.

Assista Webnar da Abit: Covid 19: Varejo e Indústria debatem perspectivas

1 – Indústria nacional ganha força

No setor também vem circulando informações que marcas como Riachuelo, estão levando em consideração a possibilidade de construção de polos confeccionistas na Região Nordeste.

Enquanto outros produtores  já cogitam modificar alguns produtos; Há relatos de importadores  de tecidos que pretendem ficar mais focados em importar fios, por exemplo.

“Enfim, tem muita mudança que  já está curso”, reflete Vanessa.

2 – Aumento da exportação

 

Outra informação importante que vem circulando, é que clientes do mercado europeu e americano estariam realizando cotações com indústrias de jeans aqui no Brasil.

O Brasil perde apenas para a China como maior produtor de denim, podendo ser beneficiado pelo caótico cenário da pandemia que teve seu início justamente no país asiático.

A China vem sofrendo retaliações e acusações de não ter tomado as medidas necessárias para impedir que o novo Covid-19 se alastrasse pelo mundo.

Por esse motivo, e, também por identificar que as economias mundiais estavam completamente dependentes da indústria chinesa  – incluindo setores essenciais, como insumos farmacológicos e remédios, até a base da revolução tecnológica – tem havido uma verdadeira busca por outras alternativas e também intensificado um desejo de desglobalização.

Tais circunstâncias podem beneficiar o mercado brasileiro, impulsionando ainda mais indústrias como a dos calçados, por exemplo, que  já foi grande exportador, mas também perdeu espaço para a China.

Atualmente, o Brasil permanece na quarta posição entre os produtores mundiais, atrás de China, Índia e Vietnã, e seguido de perto pela Indonésia, segundo dados apresentados pela Abicalçados, Associação Brasileira das Indústrias de Calçados.

Fonte: Abit e IEMI

Esse contexto, pode beneficiar também, polos produtores como o Brás, um bairro inteiro, localizado em São Paulo, dedicado ao comércio de roupas e considerado o maior polo de confecção do Brasil. Tem inclusive estimativas que o Brás voltará a fazer exportações.

 

3 – Solução Nacional

 

O Brasil passou por um intenso processo de desindustrialização, comenta Venessa Cainelli, que vivenciou  esse movimento,  através de uma ávida corrida pelas oportunidades da China e Ásia no geral.

Com o cenário catastrófico da desvalorização do Real, que está entre as moedas que mais perderam valor no mundo, esses mercados estão deixando de ser interessantes. Por outro lado, a indústria nacional encontra um panorama favorável para se desenvolver, se transformando na solução perfeita, num momento em que a localidade está entre as principais tendências.

Paradoxalmente, “essa solução bonita e eficiente, só se sustentará, se o governo melhorar a questão tributária”, afirma Cainelli. Se não houver uma reforma e essa questão for reavaliada pelo governo brasileiro, essas fábricas que surgirão desse novo contexto, podem fechar suas portas na próxima baixa do dólar, caso não se desenvolvam outros valores que não preço, diz a empresária.

4 – União do setor em busca de reformas

 

É sabido que a Abit vem se reunindo em Brasília, junto com os maiores fabricantes do setor para pressionar por reformas na tributação. Mas tem havido resistência por parte do governo, em buscar de soluções.

Caso não haja modificações em relação ao cenário atual, em pouco tempo, o potente mercado de moda brasileira, poderá voltar ao contexto conhecido: com as pequenas e as médias empresas sobrevivendo à base de mão de obra informal, se arriscando com produções fora do padrão e sonegando impostos para sobreviver.

Já grandes empresas têm condição de se estruturar melhor para os tempos turbulentos, investindo em inovação e qualidade de produto. Mas, quando o Real recuperar seu valor, essas empresas permanecerão competitivas?

Para finalizar, ficam essas questões, afinal, o país não deve ficar cometendo os mesmos erros do passado. Lembrando que, um parque industrial forte é também sinônimo de empregos e desenvolvimento!

Então, o que sua empresa vem fazendo na prática para enfrentar os tempos de Pandemia? Compartilhe sua experiência conosco!

Veja também: O vírus da desglobalização – O que muda no mercado pós-pandemia?

 

 

 

 

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