Markito um dos mais famosos estilistas brasileiros na era Disco – Foto Atelie Armond
Marcus Vinícius Resende Gonçalves.
Não um nome qualquer.
Não um simples Vinícius.
Porém, Marcus Vinícius, nome imponente para uma figura iluminada da Moda no Brasil. Marcus Vinícius, o Markito como era conhecido.
Nascido em Uberaba, Minas Gerais, em 1952, com apenas 12 anos já desenhava vestidos e fantasias para uma escola de samba de sua cidade natal. Aos 18 anos Markito aportou em São Paulo, indo trabalhar no ateliê de costura de uma butique, mas firmemente determinado a implantar seu próprio negócio.
Vestido de Markito do acervo de Cleuza Ferreira – Foto: Finíssimo
Não demorou muito para que o estilista começasse a vender as primeiras peças com sua própria etiqueta.
Em 1982, com apenas 30 anos, Markito já produzia e vendia mensalmente 300 vestidos de alta-costura, empregando 150 funcionários. Era fascinado pelas divas hollywoodianas como Marilyn Monroe e Rita Hayworth, e nelas se inspirava para criar suas roupas, sempre valorizando os atributos femininos.
Decotes e fendas ousavam em novas dimensões: aprofundavam-se até onde permitia a estética e o decoro, evitando, sempre, cair na vulgaridade. Brilho era o trunfo principal de seus vestidos shows, alegres, inconseqüentes, felizes em viver intensamente, ainda que apenas, por uma única noite, uma emocionante aventura nas discotecas da época.
Suas clientes – uma nova e jovem elite que surgia na sociedade brasileira – amavam os esplendorosos modelitos que tão bem interpretavam o espírito dos tempos.
1 – Vestido de Markito que Moema Leão usou em 1982 – Foto: Finíssimo
2 – Vestido de Markito do acervo de Vanda Ricciopo – Foto: Finíssimo
Empenhado em criar uma moda festa na qual o colorido e o brilho valorizavam a modelagem, Markito revelava o lado mais glamouroso da jovem mulher, vestindo-a para agradar – e conquistar – seu homem.
Entre outras vestiu, Simone, Sonia Braga, Gal Costa, Vanusa, Christiane Torloni, Marília Pêra, e no cenário internacional teve como clientes Diane Ross, Grace Jones, Bianca Jaegger. Criou figurinos para o filme “Rio Babilônia” do cineasta Neville D’ Almeida, que enalteceu o figurinista comentando que a arte e o talento de Markito acrescentavam muito à produção. Para cena final do filme, ambientada em uma festa, Markito elaborou 150 vestidos, provando sua inesgotável criatividade.
As roupas de Markito podiam ser encontradas na loja Henri Bendel’s em Nova York e na Fiorucci, em São Paulo, a partir de 1882. Markito conseguiu impor um gênero de traje para festa diferente de tudo que se fazia até então, colocando glamour e “joie de vivre” acima de qualquer outra qualidade.
1 – Vestido de Markito do acervo de Consuêlo Badra de 1983 – Foto: Finíssimo
2 – Vestido de Markito que Maíza Leão usou na festa de inauguração da casa em 1982 – Foto: Finíssimo
Infelizmente, sua carreira que tão bem florescia, foi podada muito cedo. Em 1984 Marcus Vinícius Resende Gonçalves – o Markito – morreu vítima de uma insidiosa doença, aos 32 anos de idade, deixando muitas saudades.
Não o conheci de perto. Que pena!
Porém, pelo depoimento de seus colegas do universo da moda, fica bem claro que era admirado como criador e como ser humano.
Sinto-me muito honrada em ocupar sua cadeira – número 17 – na Academia Brasileira da Moda – na qual fui empossada pela Presidente da entidade, a poderosa e tenaz Hildegard Angel, filha da sofrida Zuzu Angel.
Mais fotos das criações do estilista brasileiro Markito
Vestido de Markito do acervo de Consuêlo Badra de 1983 – Foto: Finíssimo
Vestido de Markito que Maíza Leão usou na festa de inauguração da casa em 1982 – Foto: Finíssimo
Vestido de Markito do acervo de Consuêlo Badra – Foto: Finíssimo
Vestido de Markito do acervo de Vanda Ricciopo – Foto: Finíssimo
Vestido de Markito que Moema Leão usou em 1982 – Foto: Finíssimo
Markito – Foto: Memorial da Fama
Vestido criado pelo Markito – Foto: Finíssimo
Por Laís Pearson