Pin-up Hilda: conheça a pin-up plus size dos anos 50

Quebrar preconceitos e padrões estéticos são desafios muito atuais, mas não novos. Conheça aqui a pin-up plus size Hilda direto dos anos 50!

Pin-up Hilda de Duane Bryers. Fonte: Bored Panda e Toil Girls.

Quando pensamos em uma modelo pin-up o que nos vem a cabeça é a imagem de mulheres curvilíneas, femininas, com roupas muito ajustadas e a cintura super marcada, ao melhor estilo Marylin Monroe. Entretanto, você sabia que já em meados do século XX houve uma pin-up que fugia desse padrão? Conheça a seguir a Pin-up Hilda, a pin-up plus size dos anos 50.

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Ilustração da Pin-up Hilda de Duane Bryers com um biquini de bolinhas tomara-que-caia. Fonte: Toil Girls.

 

O criador, Duane Bryers

 

Duane Bryers. Fonte: Toil Girl.

 

O americano Duane B. “Dick” Bryers (1911-2012) foi um artista polivalente. Além de ilustrador, ele também era pintor e escultor. Antes de mais nada, ele figura entre o grupo de criadores de arte pin-up mais renomados de todos os tempos.

Contudo, ainda que explorasse um tema clássico, o trabalho do artista não era nada convencional. A razão disso? Fugindo do padrão das mulheres pin-up que estava então em vigor, super sensuais, esbeltas e magras, Bryers deu cores e vida a uma pin-up muito mais real e natural.

Hilda, a pin-up plus size de Duane Bryers, apesar de ser atualmente quase desconhecida do grande público, fez um enorme sucesso durante décadas. Os seus calendários foram publicados sem interrupção desde meados dos anos 50 até bem entrada a década de 80.

Seja como for, felizmente ela foi “redescoberta” no século XXI. Afinal, vivemos uma era de quebra de velhos paradigmas e preconceitos, onde se incluem os padrões de beleza forçados, uniformes e pouco realistas. Veja aqui algumas das belíssimas ilustrações de Bryers para entender a contribuição da pin-up Hilda para a discussão desse fenômeno.

 

  • Veja aqui o trabalho mais completo do ilustrador.

 

Em seguida, conheça com mais detalhes o estilo Pin-up que inspirou Anitta e a Arte Pin-up. Aproveite e nos siga no Google News para para saber tudo sobre Moda, Beleza, Famosos, Décor e muito mais. É só clicar aqui, depois na estrelinha 🌟 lá no News.

 

A Arte Pin-up de Bryers

 

“Durante um período de trinta e seis anos eu fiz cerca de duzentos e cinquenta pinturas de Hilda. Se você empilhar todas essas pinturas umas sobre as outras, elas ficariam com um metro e meio de altura.” (Duane Bryers em entrevista ao também ilustrador Bian Clarke, conhecido como Les Toil).

 

Ilustração da Pin-up Hilda de Duane Bryers deitada em sua cama com alguns lanchinhos. Fonte: Toil Girls.

 

Duane Bryers pintou mais de duzentas ilustrações de sua charmosa e corpulenta pin-up ruiva, trabalhos esses destinados à gráfica Brown & Bigelow’s (famosa por publicar ilustrações e fotos no estilo pin-up).

Entre 1957 e 1985, os calendários da pin-up Hilda tiveram uma tiragem realmente impressionante. Cada calendário possuía ao todo quatro ilustrações e mais uma pintura de capa. Além disso, a empresa continuou a reimprimir a arte de Duane inclusive depois de ele ter “aposentado” a personagem.

Uma coleção de ilustrações de Bryers pode ser encontrada no livro The Bunkhouse Boys from the Lazy Daisy Ranch e pela página Toil Girls.

 

Os Anos 50

 

Ilustração da Pin-up Hilda de Duane Bryers relaxada a ler um livro sobre o trabalho de canalização poder ser divertido. Fonte: Toil Girls.

 

A moda dos anos 50 foi um verdadeiro divisor de águas. Em primeiro lugar, o mundo ainda lidava com a crise gerada pela Segunda Guerra Mundial (1939-1945), época durante a qual a moda se manteve mais sóbria e simples, já que não era possível esbanjar em tecidos. Ou seja, dentre os modelos mais populares entre as mulheres estavam as saias e vestidos mais ajustados e sem muitos ornamentos, que inclusive se inspiravam nas roupas militares.

Contudo, seguindo em uma direção oposta, nesse período também se vivenciou uma gradativa ascensão econômica. Nesse sentido, foi com um desejo de superar o período anterior que alguns dos maiores estilistas de todos os tempos surgiam ou ressurgiam com uma moda muito mais chamativa, glamourosa e luxuosa. Entre eles, uma das contribuições mais marcantes foi, sem dúvida, o “New Look” de Christian Dior.

Além disso, as grandes atrizes do cinema americano ganhavam cada vez mais projeção. Dentre elas, aquelas que foram os principais ícones do estilo pin-up, como Marylin Monroe, Greta Garbo e a modelo Bettie Page.

 

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O Estilo Hilda

 

Ilustração da Pin-up Hilda de Duane Bryers desanimada a passar uma roupa. Fonte: Bored Panda.

 

Em comum, a mulher ideal da época era muito feminina, com uma cintura muito fina, abertamente sexy e com movimentos delicados. Bom, muito longe daquilo que a pin-up Hilda apresentaria ao mundo.

Bryers não vestiu Hilda com as tendências mais chamativas ou favorecedoras da época. Em seu lugar, ela surgiu com um estilo confortável e descontraído, que buscava deixar o seu corpo livre e não tapado ou escondido.

Os biquínis, micro-shorts, roupas de dormir e vestidos usados pela personagem mostram que ela era sim gordinha, mas que isso nem de longe era para ela um motivo de vergonha.

Pin-up Hilda

“Ela é uma criação fora da minha cabeça. Eu tive várias modelos ao longo dos anos, mas algumas das minhas melhores pinturas de Hilda que já fiz foram feitas sem uma modelo”. (Duane Bryers em entrevista ao ilustrador Les Toil).

 

Ilustração da Pin-up Hilda de Duane Bryers de buquini sobre uma bicicleta a falar em um telefone. Fonte: Toil Girls.

 

Até então a figura das mulheres pin-up tinha como objetivo principal satisfazer o olhar dos homens. Afinal, seja em uma foto de uma modelo real ou uma ilustração muito colorida, a sua imagem servia  literalmente para se pendurar a uma parede (em inglês, “to pin up”).

Eram, nesse sentido, verdadeiros símbolos sexuais. E, ainda que houve críticas a essa realidade, elas assim se mantiveram por muito tempo.

Hilda, sem demonstrar qualquer preocupação em se encaixar nessa padrão, passou a simbolizar algo completamente diferente: com um estética claramente pin-up, a jovem corpulenta então transbordava a leveza e alegria de viver os momentos mais simples da vida, sem ser pressionada ou julgada por ninguém.

 

Quem e como é a Pin-up Hilda?

 

Ilustração da Pin-up Hilda de Duane Bryers a dançar. Fonte: Toil Girls.

 

Criada pelo ilustrador Duane Bryers, Hilda era uma garota com um espírito super positivo, não demonstrando em nenhum momento ser tímida ou estar envergonhada com respeito ao seu corpo – ainda que o artista a tenha retratado alguma vez aparentemente descontente por não caber em uma roupa.

Acima de tudo, ela não era apenas uma das únicas gordinhas entre as pin-up da época, como também uma das mais divertidas, despreocupadas e naturais.

Bryers ocasionalmente observou modelos para produzir as suas ilustrações, mas na maioria das vezes ele as preparava sem modelo algum. Inspirada na vida cotidiana e nas mulheres reais, Hilda era mais proporcional ao representar uma mulher comum.

Com seu lindo cabelo ruivo ao melhor estilo pin-up, ela é uma mulher com coxas grossas, seios fartos, e porque não, um rosto redondinho.

Além disso, solitária ou desesperada por um homem? Nunca! Hilda quase sempre aparece acompanhada do seu inseparável cachorrinho.

 

Ilustração da Pin-up Hilda de Duane Bryers em apuros. Fonte: Toil Girls.

 

  • Veja mais imagens incríveis dessa personagem maravilhosa aqui.

 

Uma mulher independente 

 

 

Ilustração da Pin-up Hilda de Duane Bryers de biquini em uma praia. Fonte: Bored Panda.

 

Desse modo, além de divertida e desajeitada, outra característica muito marcante nas ilustrações da pin-up Hilda é o fato de ela aparecer como uma solteira bem resolvida e completamente independente.

Ou seja, fugindo de um padrão da época – e que encontramos até o presente -, ela nunca aparece representada na companhia de um homem, muito menos suspirando pelos cantos desesperada por um príncipe encantado. Pelo contrário, ela sempre se mostra sorridente e a aproveitar de corpo e alma os pequenos detalhes da vida.

 

 

Ilustração da Pin-up Hilda de Duane Bryers a cortar cebolas. Fonte: Bored Panda.

 

Além disso, Duane buscou retratar a personagem em atividades consideradas banais, próprias do cotidiano de numa pessoa comum. Ela nem de longe deixa passar a imagem de fragilidade à época tão associada às mulheres.

Afinal, a Pin-up Hilda não apenas cozinhava e fazia ela mesma todas as tarefas domésticas, como também pintava, colhia lenha, cuidava da horta, etc.

 

Ilustração da Pin-up Hilda de Duane Bryers a pintar uma calha. Fonte: Bored Panda.

 

Legado

 

Considerando a sua história consistente e longa, a pin-up Hilda é um dos maiores casos de sucesso dentro do estilo. Nesse sentido, ela é sem sombra de dúvida um verdadeiro ícone pin-up.

Nos anos 60 a personagem alcançou tanto sucesso que passou a estampar conjuntos de copos, cartas de baralho e outros produtos. Além disso, os famosos calendários da Brown & Bigelow continuaram a ser publicados ao longo de décadas.

Hoje em dia esses artigos originais têm um grande valor, figurando na lista de colecionadores apaixonados pelo estilo pin-up ao redor do mundo.

 

Ilustração da Pin-up Hilda de Duane Bryers. Fonte: Bored Panda.

 

Pin-up, uma inspiração 

 

Muitas vezes nos custa  lembrar que não ter um barriga lisinha ou um culote sem celulite é completamente normal. A cobrança de um corpo ideal que paira até os dias de hoje sobre as mulheres é enorme, mas ela é sim dispensável.

A partir do exemplo da pin-up Hilda podemos ver que, numa época em que as mulheres perseguiam um corpo de “ampulheta” incompatível com grande parte dos corpos, ela aparecia feliz, leve e completamente despreocupada por não se encaixar nesse padrão.

Ainda que seja uma personagem fictícia, a sua energia positiva trouxe para outras mulheres, e a sociedade em geral, uma contribuição muito significativa. Se você gosta ou não das ilustrações de Hilda é uma questão pessoal, mas é inegável que a representação de exemplos mais realistas foi e continua sendo fundamental na nossa sociedade.

Isso era uma realidade nos anos 50, e continua sendo até aos nossos dias.

 

Por Mariana Boscariol.

 

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Mariana Boscariol: Mariana Boscariol é uma historiadora especialista no período moderno. Sua experiência profissional e pessoal é em essência internacional, incluindo passagens por Portugal, Espanha, Itália, Japão e o Reino Unido. Sendo por natureza inquieta e curiosa, é também atleta, motoqueira e aventureira nas horas vagas – e sempre leva um livro na bolsa!

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