A moda é tida como o uso passageiro que regula a forma de vestir, calçar e pentear que deriva de um gosto coletivo ou uma predileção por qualquer hábito e, sem dúvidas é uma prática geralmente imitada entre as pessoas. Representa quem somos o que pensamos e que imagem constrói para sermos reconhecidos no nosso meio social. É uma construção de imagem capaz de refletir, através de corpos vestidos, épocas e os costumes das sociedades que nela surgem. Gilda de Mello e Sousa: O Espírito das Roupas (1992).
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A consolidação do fenômeno da Moda como área de estudo dentro das Universidades trouxe novos olhares e uma abrangência maior da percepção do vestir como fonte de formação de riquezas e mão de obra no mundo todo.
Estudos encabeçados pelo núcleo de semiótica da PUCSP e pelos mestrados do SENAC, Universidade Anhembi Morumbi e Universidade Mackenzie, produziram uma grande quantidade de novas reflexões sobre a área e nos levam a rever os conhecimentos produzidos entre os anos 80 e 90 do século XX.
Didier Grumbach e Daniel Roche, através da História das Aparências trazem à tona novos olhares para temas que estão sendo amplamente revisitados, exigindo novas definições. A mudança das antigas fronteiras e uma nova conceituação para a Alta Costura e o Prêt à Porter, obriga que essas áreas da Moda sejam analisadas também, como participantes das economias pós-modernas.
Os conceitos de Alta Costura e Prêt à Porter estão sendo revistos. A Alta Costura, hoje esta sendo estudada pela História das Aparências como formadora do Mercado de Luxo e geradora de um tipo particular de economia. Tais estudos não se atêm apenas às formas do vestir, mas também, levantam seu modo de fabricar e comercializar, ou seja, o sentido completo da cadeia produtiva do vestuário de luxo e seu consumo.
Já o Prét à Porter passou a ser item obrigatório dos estudos da formação do mercado de varejo e do gosto das classes sociais emergentes.
Assim, a Moda passa a ser teorizada e discutida, não mais pela sua efemeridade e inconstância, como uma área delegada aos caprichos humanos, mas pelo seu consumo como objeto de design que obedece a função, necessidade e sensibilidade pessoal, e que determina o padrão de elegância mundial, gerando dentro das culturas de massa e da elite uma importante área de trabalho e de formação de riquezas de todas as economias nacionais contemporâneas.
A nova condição da Moda acaba também por mudar seus códigos e gerar nova maneira de interpretar os corpos vestidos, tanto na esfera pública quanto privada. A prova desta condição é o status dos desfiles de lingerie da marca Victoria’s Secrets em Nova Iorque
Museus de Moda e História das Aparências
Na história das aparências os museus de Moda ocupam grande importância, pois, o que ali está depositado e exposto serve para demonstrar o parâmetro de elegância como termômetro da relação do indivíduo com sua cultura num determinado tempo e lugar.
Qualquer acervo destes museus guarda a memória de cada tempo como demonstração da arte de viver de um período ou de um povo, quando não, as duas coisas ao mesmo tempo e da exibição de poder como marca de distinção social.
Segundo Daniel Roche (2007:19) em seu tradicional texto sobre a cultura das aparências, os trajes expostos nos museus documentam o uso da roupa como fonte de exibição, de poder, “como marca de distinção social, mostrando valores nos quais a extravagância, a loucura e o valor mercantil zombam das maneiras ordinárias e dos hábitos plebeus e vulgares”. Porém, o que de fato acrescenta seu parecer sobre os estudos da Moda, é a visão marcante deste fenômeno, como grande estimulador de comércio, que carrega consigo o valor cultural da mudança, no processo civilizador da cultura ocidental.
Acervo Zuzu Angel
Tudo que é novo, tudo que muda é Moda, toda nova aparência é Moda, é moderna e por esse motivo, o estudo das aparências esta dentro do universo da história social e cultural, das praticas e formação de estatutos morais e éticos.
Fernand Braudel, citado por Roche, coloca o estudo das roupas e dos modos de vestir como parte da história dos comportamentos sociais e da história da cultura material, lembrando que no séc. XVIII, a Enciclopédia definia a palavra roupa como “tudo que serve para cobrir o corpo, para adorná-lo ou para protegê-lo das injúrias do ar”. Como modo de vestir, preferia-se a expressão costume.
A historiografia da vida social urbana percebeu, de imediato, a importância das roupas, não como patrimônio, que era o caso do traje na Idade Média, mas o seu uso como representação de modos de vida e das relações humanas.
Por Queila Ferraz
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