Mulheres Reais – Modas e Modos no Rio de Dom João VI

A exposição “Mulheres Reais – Modas e Modos no Rio de Dom João VI” revela, até o dia 6 de julho, a moda – a…

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A exposição “Mulheres Reais – Modas e Modos no Rio de Dom João VI” revela, até o dia 6 de julho, a moda – a indumentária e seus usos, como uma importante manifestação cultural e social do Rio de Janeiro, quando a cidade era capital do império português. A mostra, inaugurada em 27 de maio, é tecida por uma narrativa lúdica do cotidiano do universo feminino. Os trajes e acessórios estão sendo expostos em 900m² cobertos com tecido no cenário privilegiado da Casa França-Brasil – primeira alfândega do Rio projetada por Grandjean de Montigny, integrante da Missão Artística Francesa acolhida por D. João VI, que promoveu profundas transformações culturais, políticas e econômicas na cidade do Rio de Janeiro e no país. “Mulheres Reais – Modas e Modos no Rio de Dom João VI” é uma ação cultural relevante inserida nas comemorações dos 200 anos da chegada da corte portuguesa, promovidas pela Prefeitura do Rio.

Trajes e acessórios autênticos do Museu Nacional do Traje de Lisboa, do Museo del Traje de Madrid e do Wien Museum – Mode Depot de Viena, e jóias de escravas do acervo do Museu Costa Pinto de Salvador integram o conteúdo museológico e representativo da exposição, ressaltando a nobreza e a dignidade de negras e brancas de dois séculos atrás, compondo, juntamente com os figurinos e recriações, um quadro que permite descobrir as mulheres reais, através de lentes que transcendem o estereótipo e a anedota, e captam a riqueza das mulheres da época.

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Mulheres reais, mulheres brasileiras

As mulheres reais não são apenas as da realeza – rainhas da Casa de Bragança, mas também aquelas que ajudaram a construir hábitos e costumes da sociedade urbana carioca em formação no período joanino, tanto as mulheres de colonos protegidas por suas mantilhas, quanto as mulheres africanas escravizadas – despojadas e sensualmente vestidas, únicas a circularem livremente pelas ruas e praças do acanhado povoado colonial.

As modas e os modos das mulheres da realeza são recriados através de figurinos de D. Maria I, Carlota Joaquina e D. Leopoldina, permitindo uma aproximação completamente diversa das descrições estereotipadas e caricaturais. A exposição capta a contingência singular de cada uma delas para revelar a Maria, que não foi apenas piedosa e louca, a Carlota, que está além da feiúra e da intriga, e a Leopoldina, que não se limitou ao papel de mulher-mártir.

As modas e os modos das outras mulheres brancas e negras da realidade brasileira, protagonistas da construção da realidade social cotidiana durante a permanência da corte portuguesa no Rio de Janeiro, são revelados na diversidade dos trajes e trejeitos expressos na criatividade das curadoras da exposição, a escritora Cláudia Fares e a figurinista Emília Duncan, que resgatam, inclusive, a influência das cores das obras de Debret no universo feminino contemporâneo.

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Moda, uma representação da história cotidiana

A exposição “Mulheres Reais – Modas e Modos no Rio de Dom João VI” está instalada num museu porque propõe uma reflexão sobre a moda como expressivo vetor da cultura e da organização social da época. As mulheres da realeza e as mulheres da realidade são diferentes nas modas e nos modos, mas guardam nas suas histórias uma mesma identidade. Ricas ou pobres, escravas ou esposas de colonos, brancas ou negras, rainhas ou trabalhadoras, todas, sem exceção, tiveram que deixar seus territórios físicos e simbólicos e reconstruir no Brasil suas identidades, suas histórias, reinventando a cultura carioca e brasileira. A licença poética é o recurso empregado para a reconstrução das modas e dos modos das mulheres na abertura da exposição – Mar de Mundos, e em cada um dos três grandes e originais módulos da exposição – Mulheres da Realeza; Mulheres da Realidade; O Passado no Presente: 1808 em 2008. O mar é o elemento que acolhe imagens dos mundos que ficaram para trás, do novo mundo colonial e da abertura dos portos. As relações femininas com o poder são desveladas em três mulheres que governam, D. Maria I, Carlota Joaquina e D. Leopoldina. Os figurinos inspirados nos retratos oficiais dessas rainhas constituem a narrativa da passagem do Antigo Regime para o Império, e proporcionam a percepção das mudanças políticas e econômicas na cultura e nas transformações da moda – o aparato dos trajes monárquicos, fortemente marcados pelo barroco, dão lugar às linhas simplificadas do neoclássico.

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Caixa de memória, ateliê de referências

A exposição funciona como uma caixa de memórias do universo feminino, um ateliê de referências na pós-modernidade, que costura através da moda a história e a contemporaneidade. Oferece a oportunidade de indagarmos quantas mulheres de Debret ainda percorrem as nossas ruas, sugerindo uma releitura do Rio antigo em recriações com modelos vivos, inspiradas nas aquarelas luminosas do artista.

“Mulheres Reais – Modas e Modos no Rio de Dom João VI” foi criada por Duncan e Fares a partir de uma idéia da jornalista Kika Gama Lobo. Elas contaram com a consultoria do historiador de arte Júlio Bandeira; do historiador de moda João Braga; do antropólogo Raul Lody e com a colaboração do especialista em biografias de rainhas Bruno Astuto. O projeto museográfico é assinado por Lídia Kosovsky, e o projeto multimídia por Marcello Dantas.

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Projeto educativo

Um dos principais objetivos da exposição é a realização de uma ação educativa direcionada aos alunos da rede municipal de ensino, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação. O projeto proporciona aos estudantes o acesso ao espaço cultural e leva para dentro das salas de aula a discussão e a compreensão da complexidade carioca e brasileira em formação na chegada da corte portuguesa.

Antecedendo as visitas guiadas por monitores treinados, as curadoras da exposição realizaram encontros com os professores e diretores das escolas para apresentar a temática da exposição, disponibilizando material didático gratuito para os alunos, que têm a oportunidade de participar de atividades pedagógicas na Casa França-Brasil. O projeto educativo é formado por uma equipe de oito profissionais de moda, indumentária, história e produção cultural, coordenados pela arte-educadora e artista plástica Ana Rondon.

Mulheres Reais – Modas e Modos no Rio de Dom João VI
Visitação: de 28 de maio a 6 de julho 2008, de segunda-feira a domingo, das 10h às 20h
Local: Casa França-Brasil (Rua Visconde de Itaboraí – Centro do Rio)
Telefone: (21) 2253-5366
Entrada gratuita

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