Em uma gradual transformação, a moda e cidadania nos anos 40 e 50 passou da total crise para uma época de glamour. Conheça um pouco mais sobre essa história, e veja como o estilo do armário feminino mudou ao longo das duas décadas.
Novos tempos à Moda e Cidadania nos anos 40 e 50
“Após uma década de euforia, a alegria dos “anos loucos” chegou ao fim com a crise de 1929. A queda da Bolsa de Valores de Nova York provocou uma crise econômica mundial sem precedentes. Em geral, os períodos de crises não são caracterizados por ousadias na forma de se vestir por isto um retorno ao clássico. No Brasil quem ditava a moda era a Casa Canadá no Rio de Janeiro e Madame Rosita em São Paulo.” (Identidade Brasileira na Moda – Anos 30)
O início do século XX veio com profundas mudanças na sociedade. Em síntese, já na década de 1930 foram alcançados alguns direitos trabalhistas, como a igualdade salarial, a regulamentação da jornada de trabalho e a proibição da demissão de gestantes.
Ou seja, as mulheres foram diretamente afetadas por essas mudanças – no bom sentido! Em outras palavras, mesmo que ainda com opções muito limitadas de vida, incluindo a forma como poderiam ou não se vestir, elas pouco a pouco conseguiram um maior espaço no mundo.
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Moda e Cidadania nos anos 40 e 50: uma nova sociedade
Dessa forma, com o ingresso no mercado de trabalho, as mulheres passaram a se vestir com roupas cada vez mais práticas e adequadas à sua nova posição.
De maneira elegante e discreta, elas então abusavam dos tons escuros como o cinza, o preto e o azul-marinho. O modelo mais popular era o tailleur, a grande criação da estilista Coco Chanel.
A maquiagem também se adaptou a esta mulher mais politizada e ativa. Afinal, todo o seu estilo buscava passar o ar de sobriedade e segurança próprios às exigências profissionais.
Contudo, o impacto da Segunda Guerra Mundial viria a transformar a indumentária e o comportamento de uma época.
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O mundo em crise
Assim, a década de 30 começou e terminou com dois dos eventos mais impactantes do século: a queda da bolsa de Nova York em 1929 e a Segunda Guerra Mundial, que durou de 1939 a 1945.
Em virtude da crise gerada pelos dois episódios, assim como na Primeira Guerra Mundial, mulheres de todas as posições sociais foram convocadas para ajudar a sociedade.
Muito além de manterem as suas próprias casas e cuidarem de suas famílias, elas assumiam trabalhos que antes eram apenas feitos por homens. Ou seja, eram encontradas desde a enfermaria de hospitais até à fábrica de armas.
Moda e Cidadania dos anos 40 e 50: entre o lar e a rua
Dessa maneira, acumulando o trabalho profissional com as tarefas domésticas, o armário feminino continuou a adotar roupas ainda mais práticas e sem muitos modismos. Em geral, as roupas eram marcadas pela funcionalidade e praticidade, sem muitos excessos ou adornos.
Os ombros eram feitos em forma quadrada, assemelhando-se ao corte das fardas, e as saias com pregas finas presas com ‘pences’ ou franzidas acentuavam as cinturas. As calças compridas, uma peça completamente inovadora e ainda pouco difundida entre as mulheres, todavia adotavam um corte masculino.
O tailleur, a peça mais característica dessa época, assemelhava-se aos uniformes, se tornando de vez uma tendência mundial (LAVER, p. 252).
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Os anos 40
Assim, a moda dos anos 40 seguia com os mesmos princípios. Afinal, a Segunda Guerra Mundial apenas terminou em 1945, e os efeitos do conflito foram devastadores para toda a Europa, sendo sentidos ainda por muito tempo.
Ou seja, a mulher estava sobrecarregada pelos seus deveres sociais e políticos. Em outras palavras, por exercer a sua cidadania como membro ativo da sociedade.
Os avanços graduais exigiam um esforço muito grande de adaptação. Entretanto, já não havia volta a dar – e ainda bem!
Portanto, os estilistas entenderam que à época as roupas muito trabalhadas e menos funcionais não interessariam às mulheres. Afinal, elas estavam excessivamente atarefadas (NERY, p. 231/232).
Como resultado, após o fim da guerra, e dos anos nos quais as mulheres se vestiram com trajes andrógenos, a moda passou a tentar integrar as suas conquistas sem abolir a feminilidade.
Assim, um novo estilo foi lançado. Com uma maior variedade de modelos e cores, os vestidos e saias godê e balonê passavam a se ajustar ainda mais à cintura. Além disso, o decote e o busto passavam a ser mais valorizados, fazendo a figura da mulher ainda mais sensual.
Por fim, com o lançamento da coleção “New Look” de Christian Dior, em 1947, as mulheres entraram numa década de grande elegância e glamour. Desde então, as tendências da moda enalteciam mais o ar sedutor e feminino da mulher, o qual reinaria na década de 50 (LAVER, p.260).
Os anos 50
Dessa forma, a moda e cidadania dos anos 40 e 50 trouxeram muito mais segurança para a mulher. Nesses últimos anos da primeira metade do século XX, o estilo passou a ser extremamente feminino, incluindo cinturas muito marcadas e saias volumosas. Além disso, acessórios como pequenas luvas brancas, chapéus amplos, e bolsas em diferentes cores e formatos eram uma tendência.
Antes de nada mais, as mulheres já não tinham mesmo medo de assumir a sua sensualidade.
Além disso, a moda dos anos 50 veio com uma divisão entre os gêneros ainda mais clara. Enquanto a moda masculina se tornava cada vez mais casual, as mulheres priorizavam a elegância, a sensualidade e os acessórios a combinar.
Já eram roupas com mais movimento, mas está claro que ainda não eram a moda mais prática.
Do mesmo modo, o mundo da alta-costura também viveu uma grande mudança. Estilistas como Cristóbal Balenciaga e Hubert de Givenchy se projetaram com um estilo que explorava a silhueta feminina popularizada por Christian Dior.
Conforme a sua fama, as suas roupas foram aclamadas internacionalmente, sendo promovidas pelas mais famosas artistas da época, como Grace Kelly, Audrey Hepburn, Elizabeth Taylor e Marilyn Monroe.
Digno de um desenho da Disney, não é?
A moda e cidadania nos anos 40 e 50: o fim de uma era
Contudo, pouco depois da metade do século XX, o estilo mais tradicional e ultra feminino começou a cair em desuso. A partir da década de 60 ganhou força uma moda cada vez mais casual e despojada, onde se incluíam roupas mais coloridas e curtas.
Ou seja, o estilo conservador estava com os dias contados. A partir daí houve uma explosão cultural que já não comportava as roupas das décadas anteriores.
Em suma, a moda dos anos 40 e 50 se tornou sinônimo de elegância e charme. E como tal, segue sendo uma grande inspiração para mulheres ao redor do mundo.
Por Simone Cruz.
Editado e revisado por Mariana Boscariol.
Leia também:
- Moda e Cidadania: instrumentos de afirmação da mulher – Parte 1/3.
- Moda e cidadania nos anos 20 e 30: a emancipação feminina – Parte 2/3.
- Identidade Brasileira na Moda – Anos 50
- Identidade Brasileira na Moda – Anos 40
- Artigo originalmente publicado em 2011.
Via Mega Artigos e A Evolução de um Século.
Via Na Moda Bregora
Via Cravo e Canela