Moda Como Sistema Modelizante – Semiótica da Cultura
Sistema de signos cuja dinâmica reproduz uma gramaticalidade muito próxima da linguagem natural, sobretudo ao se constituir como um conjunto combinatório: peças do vestuário…
Sistema de signos cuja dinâmica reproduz uma gramaticalidade muito próxima da linguagem natural, sobretudo ao se constituir como um conjunto combinatório: peças do vestuário e de adereços; cores e tecidos; corte, costura, design.
Moda é texto principalmente porque se constitui a partir do não-texto corporal, a nudez. Considerando-se os grafismos corporais de culturas nativas, a roupa reproduz uma dupla modelização: o design em relação ao corpo e os grafismos dos tecidos em relação às pinturas. Na arte do construtivismo russo, esse grafismo foi fonte, tanto para as criações de Liubov Sergeevna Popova (1889-1924), como para os trajes cênicos de corte industrial criados por Varvara Stiepanova (1894-1958).
À luz da semiótica da cultura, a moda é um sistema regido por uma lei imanente de mudança: assim que se converte em norma, rompe com suas próprias regulações.
Tal vulnerabilidade faz da moda um sistema de variáveis no interior de invariantes. Em termos de probabilidade, moda é a variável aleatória. E é enquanto tal que ela se constitui como discurso social, político, econômico e estético modelizador de comportamentos. Daí a fashion design ser o sinônimo por excelência da variável aleatória. Na antiga arte dos ícones, a roupa é ornamento monumental. Apesar de ser o componente menos significativo da figuração, o vestuário recebia um tratamento especial e tornava-se uma representação a parte, uma representação dentro da representação, como se pode ver nos ícones de Andrei Rubliov.
Fontes das Imagens:
1-4. Stephanie Barron & Maurice Tuchman. (orgs.) The Avant-Garde in Russia: 1910-1930. Cabridge, MA: Mit Press, 1980:224-225.
5. Design para Vestido, 1924 – gonache e manequim sobre papel (36,5 x 25,5 cm) in Peter Noever. Rodchenko – Stepanova: The Future is Our Only Goal. Munich: Prestel, 1991:193.
6. Performance “Torelkin’s Death”, 1922 – Cenários e Figurinos por Stepanova. in Stephanie Barron & Maurice Tuchman. (orgs.) The Avant-Garde in Russia: 1910-1930. Cabridge, MA: Mit Press, 1980:248.
7. Desenho Textil, 1924 – gonache sobre papel. in Peter Noever. Rodchenko – Stepanova: The Future is Our Only Goal. Munich: Prestel, 1991:193.
8-9. Rene Latour. Iconos. Barcelona: Ultramar, 1997:105 e 139.
Matéria do site da PucSP.