Moda Anos 50 no Figurino de a “Coisa Mais Linda” com fotos originais da década

Relembre os fatos que marcaram o Brasil na década de 50 e a história da moda neste período. Confira fotos do figurino de a "Coisa Mais Linda" e fotos originais dos anos 50.

A série “Coisa Mais Linda” tem feito sucesso no Netflix. A história ambientada no final dos anos 50, conversa muito com os dias atuais, principalmente através do feminismo e empoderamento feminino.

Com figurino primoroso retratando a moda do anos 50, a série retrata a vida da paulistana Malu que se muda para o Rio de Janeiro com o marido para abrir um restaurante. Porém, ele rouba todo o seu dinheiro e foge. Ao conhecer a cantora Adélia e a escritora Thereza, a jovem abre um clube noturno de bossa nova.

 

 

A história registra o efervescente cenário cultural carioca e mostra um pouco do surgimento da Bossa nova e seu impacto na música da época.

Para entrar no clima da série, segue um breve panorama da década de 50 no Brasil.

 

Quais os fatos mais marcantes dos anos 50 no Brasil?

 

A década de 50 começa em clima de democracia, situação econômica favorável expressa em grande desenvolvimento industrial e tendências nacionalistas. Houve os chamados “anos dourados” da classe média, confirmando a extraordinária importância da mídia e da indústria cultural.

Entre os fatos mais importantes desse período estão:
  • A inauguração da primeira emissora de televisão do país (Tupi);
  • Criação da primeira Bienal de São Paulo;
  • Foi iniciada a construção de Brasília com a moderna arquitetura de Oscar Niemeyer;
  • O Brasil vence o Campeonato Mundial de Futebol;
  • Acontece a inauguração do Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro;
  • E na música, surge a Bossa Nova.

Segundo Edgard Luiz de Barros, houve uma cultura modernizante do modelo desenvolvimentista, potencializado, sobretudo na presidência de Juscelino Kubitschek, induzindo não só a comportamentos mais cosmopolitas, mas a um novo estilo de vida nas cidades brasileiras o que ajudou a desencadear toda essa efervescência cultural.

 

A indústria da moda brasileira nos anos 50

 

Na moda, temos a indústria têxtil que está a todo vapor, orgulhosa de suas exportações e da atividade fabril durante a guerra. Dentre seus principais produtos, o tecido de algodão merecia o maior destaque como explica Durand: ”(…) era a principal fibra nacional, matéria-prima geradora de divisas e de um pano bem adaptado ao clima quente do país”. (Durand, 1988 p. 67)

O desenvolvimento da indústria brasileira neste período é bem descrito por Zuleika Alvim ao falar do Mappin:

“O Mappin se inseria de forma nítida nesse esforço de afirmação da indústria nacional, algo que assume características ainda mais eloquentes por assinalar uma ruptura com relação ao que a loja representava no passado (…) em suas primeiras décadas de existência, a loja oferecia basicamente, artigos importados. (…)

O consumidor da década de 50, na verdade, ainda detinha um arraigado preconceito contra a indústria nacional. Não foi tarefa simples convencê-lo de que poderia extrair os mesmos rendimentos dos produtos fabricados no Brasil.” (Alvim, 1985, p. 152)

 

A moda dos anos 50 foi marcada pelo New Look da Dior, que era caracterizado por saias bem amplas e rodadas, cinturas bem marcadas e ombros naturais. Depois dos anos de guerra esse estilo marcou o retorno ao glamour. Abaixo, fotos originais do New Look.

  • Veja também especial do New Look e sua importância para moda: O que é o New Look? História, característica e imagens originais da década

 

 

A criação da alta costura no Brasil

 

Na moda, o marco da década de 50 foi o aparecimento de butiques e costureiros, sendo estes os fundadores de uma costura “de autor”, não colada nos lançamentos europeus. Gil Brandão aparece como o modelista mais famoso.

Verificamos este fenômeno principalmente em Dener Pamplona de Abreu, que inicia sua carreira no Rio de Janeiro e depois muda-se para São Paulo. Ele foi estilista da primeira-dama , Maria Thereza Goulart , esposa do então presidente Jango. Maria Tereza, para os brasileiros, concorria com Jacqueline Kennedy em beleza e elegância. Dener foi o primeiro costureiro a questionar sobre moda brasileira e frequentemente gabava-se de ser ele o criador da moda nacional.

Dener, com seu trabalho e prestígio, favoreceu o aparecimento de outros nomes como Clodovil Hernandez, Guilherme Guimarães (autor do uniforme feminino da Marinha Brasileira) e, futuramente, Markito e Ney Galvão. ( Braga, 2003)

  • Saiba mais sobre a trajetória desse grande criador brasileiro em Dener Pamplona de Abreu: vida e obra do pioneiro da moda brasileira .

 

Em uma passagem rápida a série também retrata o surgimento da alta costura no Brasil. Foto da série e abaixo foto original do Dener Pamplona, ele foi o primeiro costureiro a questionar sobre moda brasileira e frequentemente gabava-se de ser ele o criador da moda nacional

É o início da alta costura no Brasil, e onde surgem os primeiros questionamentos a respeito da autenticidade da moda brasileira, ou do que esta viria a ser.

Nas palavras de Dener: “a moda francesa dita a alta costura, enquanto a italiana influi nos modelos esportivos. Já a moda brasileira nasceu por necessidade climática (…) nossa moda é tropical, com tecidos leves e estamparias mais vivas”.(Dória, 1998, p. 131)

Dener e sua criações nos anos 50

Intensificou-se a produção de revistas e jornais, que alcançaram uma tiragem nacional, com destaque para os colunistas de renome, que passam a exercer papel importante na divulgação dos fatos que envolviam a moda. Até então a moda tinha sido ditada pelas colunas sociais e pelo gosto pessoal das mulheres da alta sociedade, totalmente indiferentes à indústria nacional.

A lingerie da época. Os sutiãs dos anos 50 eram pontudos no estilo cone

Quem foi Alceu Pena ?

 

Alceu Pena foi um grande nome da moda nacional, ele ilustrava a revista O Cruzeiro com a coluna “As Garotas do Alceu”. Revista semanal esperada por todas as brasileiras para poder fazer em suas respectivas costureiras o que Alceu sugeria como moda.

Criou roupas para os badalados concursos de Miss Bangu, patrocinados por essa indústria têxtil carioca. Gil Brandão aparece como o modelista mais famoso. (Braga, 2003).

 

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Beleza Nacional

 

A Bangu criou a ‘Miss Elegante Bangu’ para a promover os tecidos de algodão da empresa e a identidade nacional, numa época embalada pelos sonhos românticos de Hollywood, e em que os concursos de miss causavam comoção nacional.

Os maiôs dos anos 50. Outro movimento típico dos anos 50 foram as pinu-ps. Com seu cabelo escuro e quase sempre de maiô, Bettie Page ficou conhecida como a rainha das pin- ups nos anos 50. Pin-ups eram as  modelos que estamparam pôsteres sensuais com uma estética muito própria nas décadas de 40 e 50. Embora sua origem remeta à Gibson Girl (uma mulher provocante pintada pelo artista norte-americano Charles Dana Gibson em 1887), as pin-ups se popularizaram na Segunda Guerra Mundial, quando soldados norte-americanos penduravam seus pôsteres nos alojamentos (daí o nome “pin-up”, que significa “prender com tachinhas”, em inglês). Elas estabeleceram um estilo de erotismo sutil que até hoje é reverenciado.

Diante deste quadro, as grandes tecelagens, como a Matarazzo, a Bangu e a Cia Brasileira Rhodiaceta (que iniciou a produção de fios sintéticos no Brasil), precisavam promover a aceitação de sua produção para um público que, até então, menosprezava o produto nacional.

Assim, passaram a convidar nomes da alta costura francesa, bem como costureiros brasileiros reconhecidos, para que estes apresentassem às sociedades paulista e carioca coleções com tecidos brasileiros. São grandes desfiles de modas promovidos pela indústria.

Em 1958, Caio de Alcântara Machado criou a Fenit, primeiro salão de moda a reunir matéria-prima, maquinário e roupa, assinalando o amadurecimento do setor. Nessa mesma fase, surge a imprensa de moda destinada aos profissionais.

O uso de lenços também é outra característica desta década

De acordo com Joffily, no ano de 1959, Gil Brandão lançou nas páginas do Jornal do Brasil, os moldes prontos para roupa, propondo a popularização do uso de moldes com estilo.

Enfim, é na década de 50 que a moda eclode com uma profusão de eventos, fatos, com a realização de desfiles e os primeiros questionamentos a respeito de se criar uma moda brasileira.

Em âmbito geral, houve o fim dos anos de guerra e do racionamento de tecidos, a mulher dos anos 50 se tornou mais feminina e glamourosa, de acordo com a moda lançada pelo “New Look”, de Christian Dior, em 1947. Metros e metros de tecido eram gastos para confeccionar um vestido, bem amplo e na altura dos tornozelos. A cintura era bem marcada e os sapatos eram de saltos altos, além das luvas e outros acessórios luxuosos, como peles e jóias. (CLAUDIA GARCIA).

(Este é um trecho do relatório final da pesquisa Moda e Identidade Brasileira, feito por Denise Pitta de Almeida, 2003, Faculdade de Moda da UNIP.)

Óculos estilo gatinho foram um marco dos anos 50

Lenços, luvas e óculos gatinhos eram os acessórios destaque da década de 50

Os lenços estão de volta. Para entrar nessa tendência fizemos um especial de Como amarrar lenços – 21 truques de estilo com passo a passo ilustrado.

 

Confira mais fotos do figurino de a “Coisa Mais Linda”

 

 

 

Denise Pitta: Denise Pitta é digital influencer e empreendedora. Uma das primeiras blogueiras de moda do país, é idealizadora do Fashion Bubbles, e também CEO do portal que já recebeu mais de 110 milhões de visitas. Estilista, formada em Moda e Artes Plásticas, atuou em diversas confecções e teve marca própria de lingeries, a Lility. Começou o blog em Janeiro de 2006 e atualmente desenvolve pesquisas de Moda Simbólica, História e Identidade Brasileira na Moda e Inovação. Além de prestar consultoria em novos negócios para Internet. É apaixonada por filosofia, física quântica, psicanálise e política. Siga Denise no Instagram: @denisepitta e @fashionbubblesoficial
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