Madame Rosita: a pioneira Maison de alta-costura de São Paulo
A história da Madame Rosita, a butique de luxo paulistana que por décadas se manteve como uma das principais referência do setor no Brasil.
Se no caso do Rio de Janeiro, a antiga capital nacional, foi a Casa Canadá que assumiu a vanguarda da alta-costura, esse papel foi desempenhado em São Paulo pela Maison Madame Rosita.
A luxuosa Maison foi criada pela uruguaia Rosa de Libman (1904-1991), que estabeleceu essa casa de artigos, roupas de luxo e peleteria no coração dos negócios e da alta sociedade na capital paulista.
Antes de mais nada, há que se considerar que a história da moda brasileira se desenvolveu a partir de muitas instituições e personagens. Assim, vamos conhecer outro importante capítulo da sua construção, a história da Madame Rosita.
Quem foi Rosa de Libman, a Madame Rosita?
A uruguaia Rosa de Libman, nascida em 10 de maio de 1904, foi a responsável por estabelecer nos anos 30 uma das butiques mais icônicas do Brasil.
Ela veio para o Brasil em 1935 junto com o seu marido, Sr. Max Libman, Rosa inaugurou o seu primeiro estabelecimento logo no mesmo ano. A refinada casa de modas e peleteria, então chamada de Peleteria Americana estava situada na rua Barão de Itapetininga.
Assim, tendo como principal nicho o mercado de luxo, com destaque aos artigos de pele – como visons, martas, raposas e zibelinas -, Rosa de Libman foi a pioneira em trazer as principais tendências europeias para a capital paulista.
Ela, assim, não apenas aparecia como também organizava alguns dos mais badalados eventos da cidade. Um dos primeiros foi um desfile realizado no Teatro Municipal de São Paulo no ano de 1938.
- Logo depois, veja também outros importantes capítulos da história da Moda Brasileira. Dentre eles, por exemplo, a fábrica de tecidos Rhodia, o ilustrador Alceu Penna (1915-1980) e o estilo mais brasileiro de Dener Pamplona de Abreu (1937-1978).
- Braga, João. História da moda no Brasil: Das influências às autorreferências. Disal Editora, 2019.
A Maison Madame Rosita
Aproveitando um mercado em pleno crescimento, o negócio de Rosa de Libman sofre uma grande transformação. Em 1963 a Peleteria Americana passa a se chamar Maison Madame Rosita. Desde então ela passa a ter uma sede própria, localizada em um casarão em um dos lugares mais emblemáticos da cidade de São Paulo, o número 2.295 da Avenida Paulista.
Desse modo, nos badalados anos 60, a Maison Madame Rosita era um dos ateliês de alta-costura mais concorridos não só de São Paulo como do Brasil.
Seguido os padrões da época, a Madame Rosita reproduzia e adaptava modelos assinados pelos costureiros de maior renome na Europa. Assim, atendendo as mulheres mais exigentes da alta sociedade brasileira, não tratava apenas de produzir peças próprias mas de confeccionar roupas de estilistas famosos com o melhor acabamento e qualidade possíveis.
Os seus modelos de luxo voltados para o público feminino eram reconhecidos pela sua elegância e acabamento perfeito. Não por menos, Rosa de Libman conquistou uma clientela fiel.
Como resultado, o ateliê, que trabalhava em sistema de exclusividade para as suas clientes, teve tanto sucesso que empregava por volta de 50 pessoas!
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Em seguida, veja também:
- Os Anos 30 – Formação da Identidade Brasileira na Moda.
- Além disso, saiba mais a Casa Canadá: história do centro pioneiro da alta-costura no Brasil e Quem foi Mena Fiala? A história da promotora dos desfiles de manequins no Brasil.
Madame Rosita, um nome de tradição elegância
Como se lê nessa matéria de revista, ” No mundo da moda, Mme. Rosita é um nome de tradição em São Paulo”. Esse título foi conquistado por muitos anos de trabalho, mas além disso pela qualidade e consistência no estilo das suas peças. Nesse sentido, quais eram as suas maiores preocupações? A elegância e classe.
Contudo, Madame Rosita não trabalhou apenas com roupas e acessórios de luxo. Como referido na notícia, ela “importa agora dos Estados Unidos a última palavra em cosmetologia”. Ou seja, ela era sinônimo de tradição, mas esteve sempre aberta às novas tendências.
Declínio
Rosa de Libman faleceu em 1991. Como resultado, o vistoso casarão foi demolido pouco depois, em 1993. No local não se estabeleceu outro negócio do mesmo tipo.
Posteriormente, lá se estabeleceu uma agência do extinto Banco Unibanco. Em 2003 o Restaurante America abriu uma filial nesse mesmo endereço.
Em seguida, veja também:
- E primeiro lugar, a Moda e Cidadania: instrumentos de afirmação da mulher – Parte 1/3.
- Em seguida, a Moda e cidadania nos anos 20 e 30: a emancipação feminina – Parte 2/3.
- Por fim, a Moda e cidadania nos anos 40 e 50: a emancipação feminina – Parte 3/3.
Por Mariana Boscariol
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