História do Vestido de Noiva: Da antiguidade ao século XIX (Parte I)
Em uma viagem no tempo, acompanhe a história do Vestido de Noiva: uma peça emblemática da nossa sociedade que é símbolo de poder e mudança. Mais do que um traje nupcial, o Vestido de Noiva está embebido em cultura, religião e história.
Sendo um dos principais símbolos do casamento, a história do Vestido de Noiva, como conhecemos, não é assim tão antiga. Em uma primeira parte, de uma série de 3 artigos, conheça a evolução dessa peça como ícone da cultura ocidental.
Entretanto, para entender a importância do Vestido de Noiva, vamos primeiro compreender os conceitos do matrimônio, isto é, do casamento.
Uma fascinante história de amor e matrimônio
O que é Matrimônio?
Matrimônio é o acontecimento que une um homem e uma mulher através do sagrado laço do casamento. O casamento, por sua vez, é uma instituição reconhecida pelo estado através de uma cerimônia civil e, pela igreja, numa cerimônia religiosa.
Mais do que, cerimônia cívica e religiosa, é um acontecimento social, onde duas famílias se unem pela a entrega de seus filhos a uma união matrimonial, o que também, dará início a uma nova família e portanto gerará filhos. Logo, o matrimônio consiste uma maneira de ter herdeiros considerados legítimos.
Desta forma, transformação do jovem casal em um casal de esposos tem um longo trajeto na história da humanidade. Logo, objetivo deste estudo é resgatar a evolução desta trajetória através de seu símbolo maior que é o Vestido de Noiva.
Diferente de qualquer outro traje social de luxo preparado para ocasiões especiais, este tem um significado relevante para a cultura ocidental. Mais do que uma veste nupcial, o vestido de noiva, resgata pedaços da cultura, da religiosidade e da história da humanidade.
Seus tecidos, volumes e complemento, simbolizam a magia que envolve a união dos cônjuges e demonstram a profundidade do conceito de Amor para as culturas do ocidente.
Etimologia da palavra matrimônio
A palavra Matrimônio provém do latim matrimonium, associado aos vocábulos mater, que se refere à mãe e, monium, em alusão a um ato formal ou ritual. Seguindo o mesmo modelo lexical de “patrimônio”.
Consequentemente, em sua origem esta palavra designava o reconhecimento social de uma mulher casada, já que através do matrimônio a mulher adquiria o status oficial e o reconhecimento para ser a mãe dos descendentes de um homem. Vale destacar que na civilização romana o vínculo legítimo de um casal era designado como connubium, segundo o site Etimologia.
Já a palavra casamento é derivada de “casa”. Também pode ser proveniente do termo do latim medieval casamentu.
O casamento: uma cerimônia religiosa e cívica
O matrimônio é entendido de duas formas. Primeiramente, como uma cerimônia religiosa. Em seguida, como um compromisso legal que garante direitos e deveres aos noivos.
Casamento ou matrimônio (português brasileiro) ou matrimónio (português europeu) é um vínculo estabelecido entre duas pessoas, mediante o reconhecimento governamental, cultural, religioso (vide casamento religioso) ou social e que pressupõe uma relação interpessoal de intimidade, cuja representação arquetípica é a coabitação, embora possa ser visto por muitos como um contrato.
Assim, na legislação portuguesa, o casamento é, efetivamente, definido como um contrato. Entretanto, na legislação brasileira, admite-se que o casamento é, ao mesmo tempo, contrato e instituição social, pois, apesar de possuir a forma de um contrato (sendo, na verdade, bem mais que um mero contrato), este possui conteúdo de instituição, visto que é regulado pelo Código Civil brasileiro de 10 de janeiro de 2002 (a partir do artigo 1 511).
Dessa forma, o casamento pode tanto ser um ritual religioso como civil, normalmente, marcado por um ato solene. Entretanto, antes de nada mais, esse era um evento social. Ou seja, servia ainda para definir e manter os laços entre famílias.
Cerimônias matrimoniais registradas na Bíblia
As primeiras informações que nos chegam documentadas sobre cerimônias matrimoniais são as bíblicas, onde os cônjuges, para serem expostos publicamente em cerimônia religiosa, eram preparados por suas famílias com banhos especiais e com o uso, em suas peles, de óleos aromáticos.
A cerimônia religiosa tinha por objetivo pedir as bênçãos divinas para a nova união, e se dava pela determinação das famílias, visando a continuidade da ética comunitária e a manutenção dos limites territoriais.
Nos relatos bíblicos, se as famílias eram abastadas, após as bênçãos, se seguia um festejo público. O mais significativo destes relatos é conhecido como As Bodas de Canaã .
A história desse casamento é narrada no Evangelho de João (João 2:1-11). Nele aparece aquele que é considerado o primeiro milagre de Jesus, a transformação da água em vinho.
Entretanto, o que aqui nos interessa, é a cerimônia, pois, já se tratava de um evento coletivo.
O casamento na antiguidade: muito longe de um conto de fadas
Claro, essa história remonta há cerca de 2000 anos. Nem o vestido da noiva era branco, nem o matrimônio era motivado por amor.
O casamento na Grécia Antiga
Por exemplo, o casamento entre o povo grego era decido pelos pais quando as crianças faziam sete anos. Ele era celebrado pela família quando o rapaz completava treze anos e deixava a casa materna. Em geral essa data coincidia com a primeira menstruação da noiva, que costumava ser mais velha que o rapaz.
Na cerimônia do casamento faziam-se oferendas e sacrifícios aos deuses gregos e banquetes eram oferecidos pelo pai da noiva. Depois disso a noiva era levada em cortejo até sua nova casa.
Entre eles, era comum, após a consumação do casamento, o jovem marido partir para a guerra, e de lá só voltar, cerca de três anos depois para gerar nova leva de guerreiros.
Portanto, a palavra latina matrimonium exprime em si qual era a função dessa relação. O termo se refere à mãe (mater) e implica uma relação que servia para gerar filhos. O matrimônio era então uma maneira de ter herdeiros legítimos.
A história do rapto das sabinas é um mito de origem do povo romano. Nesse episódio, os primeiros romanos teriam raptado as filhas de uma tribo vizinha, os sabinos, para tomá-las como suas esposas. A partir de então, a esposa passava a tê-lo como seu amo e senhor.
Nessa época, o rapto de mulheres era um meio legítimo para o casamento. Um costume que se manteve na Europa até a sua total cristianização na Idade Média.
A Idade Média: o consentimento e o amor romântico
O consentimento da mulher apenas passou a ser garantido a partir de 1140, por meio do Decreto de Graciano. Sendo uma obra de direito canônico, esse decreto formalizava certos costumes sociais.
Desde então, a aceitação voluntária passou a ser imperativa para que o matrimônio fosse realizado.
Todavia, na prática, havia muitos outros fatores que condicionavam a decisão dos noivos. Por exemplo, a pressão social, a guerra entre famílias, o poder e à posse de terras eram cruciais para que a união fosse formada.
E assim se manteria por muito tempo.
O vestido de noiva: da antiguidade ao período medieval
Desse modo, o casamento era mais um compromisso social do que uma escolha pessoal. Nesse sentido, a sua cerimônia ganhou cada vez maior importância na sociedade.
A história do Vestido de Noiva na antiguidade
Entre os romanos, o casamento se diferia das outras cerimônias civis através do traje. As vestes eram então feitas exclusivamente para a ocasião.
A noiva vestia uma túnica branca e se envolvia com um véu de linho muito fino de um amarelo ou vermelho intenso. Este véu recebia o nome de flammeum, por possuir uma cor similar a uma flama.
Nesta ocasião, era costume a jovem enfeitar o seu cabelo com tranças e uma coroa de flores de verbena. As flores eram símbolo de fertilidade. Afinal, gerar filhos era o objetivo do matrimônio.
Com a queda do Império Romano, o ocidente passou a ter como referência o padrão estético da corte bizantina, em Constantinopla (atual Istambul).
Nessa região, os vestidos eram feitos com uma seda vermelha bordada em ouro. Do mesmo modo, as noivas traziam no cabelo tranças decoradas com fios dourados, pedras preciosas e flores perfumadas.
A história do Vestido de Noiva, do período medieval ao moderno
Durante a Idade Média, a difusão do cristianismo pela Europa trouxe novos costumes. A coroação de Carlos Magno, em 800 d.C, tornou o casamento um rito religioso com forte carga social e simbólica. Por sinal, muito dessa simbologia perdura até hoje.
Seja como for, o matrimônio serviu para garantir as fronteiras dos novos reinos formados na Europa após a queda do Império Romano .
Nesse contexto, o vestido de noiva passou a apresentar as posses da família à sociedade. Dessa maneira, era um símbolo de poder. A noiva se mostrava ao público com um vestido vermelho bordado, levando sobre a sua cabeça um véu branco com fios dourados.
Afinal, o vermelho era uma cor muito cara e estava ligava à nobreza.
Para muitas famílias, o sucesso no casamento dos filhos era uma questão de sobrevivência. Implicava uma boa partilha de terras, bem como animais e servos para trabalhar a terra. Normalmente, as noivas tinham por volta de quatorze anos.
Foi também a partir da Idade Média que a cerimônia católica passou a ser feita na igreja. Tradição que ainda é seguida.
No dia da cerimônia, a noiva deveria usar muitas joias. O conjunto incluiria broches, tiaras, braceletes, colares e anéis.
O casamento como distinção social
Apesar do Amor Cortês datar dessa época, a noção de amor não tinha que ver com o casamento. Além disso, muitas vezes os noivos nem ao menos se conheciam.
Quanta à união de noivos que não eram nobres, havia um festejo popular. Para esse fim, era comum que a família elegesse um domingo santo.
O casamento popular costumava coincidir com o início da colheita, em maio (primavera na Europa). Dessa maneira, era símbolo da fertilidade da terra e de abundância.
Com o tempo, a cerimônia ganhou força entre os burgueses. Ou seja, homens da cidade que, apesar de não serem parte da nobreza, tinham riquezas e propriedades. Afinal, o casamento era a união de duas famílias que permitia a conservação e acúmulo de patrimônio.
A história do vestido de noiva renascentista
No Renascimento, com a ascensão da burguesia , o vestido de noiva se tornou cada vez mais luxuoso. Quando possível, a jovem era apresentada em veludo e brocado, levando o brasão e as cores de sua família.
Inclusive, numa tentativa de controlar a escalada social, as leis limitaram qual tipo de roupas poderiam ser usadas. Estas leis permitiam, por exemplo, que as noivas levassem uma fila de pérolas no seu vestido de noiva – ainda que não em outras roupas.
Obviamente, os membros da família real tinham outras possibilidades. Maria, Rainha dos Escoceses, foi a primeira realeza a se casar com um vestido branco.
- Saiba mais sobre a história desta e outras rainhas trágicas.
- Além disso, acompanhe a evolução do Vestido de Noiva branco ao logo do século XX.
Antes dela, a princesa Filipa da Inglaterra é considerada a primeira nobre a se casar com um vestido de noiva branco.
Além disso, entre a alta sociedade, o uso da tiara passou a ser obrigatório. Igualmente o uso dos anéis era de grande importância. Representava a possibilidade de uma dama viver sem precisar trabalhar nos deveres domésticos. Ou seja, demonstrava que o marido era um bom provedor.
A história do Vestido de Noiva: em preto ou branco?
No final do Renascimento, o estilo foi marcado pela corte católica espanhola. O preto então passou a ser a cor mais usada, como sinal da índole religiosa. À época, essa cor também era aceita em vestidos de noiva.
Maria Tudor, filha do rei inglês Henrique VIII, se casou com Filipe II de Espanha em 1554. Na ocasião, os dois usaram trajes similares, feitos com um pano branco bordado com fios de ouro. O visual dos dois servia para sublinhar a sua união pessoal e política.
Não sendo ainda uma escolha comum, outra noiva a se vestir de branco foi Maria de Médici, em seu casamento com Henrique IV em 1600. Ainda que fosse católica, Maria, uma princesa italiana, não aderiu à estética religiosa espanhola. Em seu lugar, usou um brocado branco que exaltava o luxo das cortes italianas.
O vestido trazia um decote acentuado, o que causou grande escândalo junto ao clero. Michelangelo, grande artista do Renascimento, descreveu que o traje era uma rica veste branca ornada em ouro, que mostrava o candor virginal da noiva.
A história do Vestido de Noiva, do Barroco ao Rococó
No período Rococó, as noivas usavam vestidos de tecidos brilhantes. Eles eram bordados com pedrarias, babados de renda nas mangas e decotes. As cores preferidas eram as florais em tons pastel.
Contudo, a Revolução Francesa aboliu o padrão luxuoso, próprio da aristocracia. Dessa forma, passou a vigorar um estilo mais discreto de inspiração inglesa.
Este padrão projetou o branco como símbolo de inocência virginal. Sobre o traje, a noiva também usaria um véu branco e transparente como símbolo da sua castidade.
O governo de Napoleão investiu nesse ideal feminino. Mais que nada, apostava no retorno da simplicidade da mulher grega. A esposa de Napoleão foi inclusive uma grande influência da moda.
A partir de então, o branco se tornou uma referência para o vestido de noiva.
A história do Vestido de Noiva no século XIX
A noiva do Romantismo teve o seu maior modelo na Rainha Vitória da Inglaterra, que se casou em 1840. Desde então, o vestido de noiva branco se difundiu pelo ocidente.
Em 1854, o papa Pio IX definiu que as noivas deveriam se trajar de branco. Com fundamentos religiosos, essa determinação deu às noivas um padrão que se estende até aos nossos dias. Afinal, a sociedade via a virgindade como uma grande virtude da noiva.
A noiva também usaria um adereço de mão. Esse podia ser um terço ou um livro de orações. Ou seja, além de casta, ela devia ser também religiosa. Com o tempo, a mulher passou a optar por um buquê de flores.
A modelo deste estilo foi Sissi, a princesa que se casou em 1854 com o imperador da Baviera Francisco José.
A história do Vestido de Noiva em muitos tons e formas
Até ao século XIX, o vestido de noiva havia sido fabricado em muitas cores e padrões. A sua cor e tecido sinalizavam a posição social da noiva. Durante o século XVIII, o azul foi uma das cores mais populares. Entretanto, até esse período as noivas também usavam o vermelho, o verde, além de outras cores.
Claro, diante da diferença de condições e a falta de acesso a certos materiais, nem todas as noivas podiam ter uma roupa especial no seu casamento. Na Europa pré-industrial, isso era de fato quase impossível. Assim, as mulheres acabavam por escolher as melhores roupas dentro do seu armário.
Apesar de no passado já haver o registro de vestidos de noiva brancos, foi a partir da metade do século XIX que o modelo se popularizou.
Seja como for, ele caiu de vez no gosto popular, sendo o principal estilo até os nossos dias.
Confira também um vídeo curto com a evolução do vestido de noiva nos últimos cem anos.
Fontes: JusBrasil
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