Atualmente existem tantas opções dentro da moda para crianças que fica difícil escolher qual o modelo mais bonito. Entretanto, essa não foi a realidade do setor até pelo menos meados do século XX. Assim, veja a história da roupa infantil e conheça a evolução dos trajes de meninos e meninas até o final do século XIX.
Vestidos para todos?
Diferentemente de hoje em dia, antes do século XX as roupas para bebês e crianças pequenas tinham uma característica comum: até uma certa idade, não eram distinguidas pelo sexo. Ou seja, tanto os meninos como as meninas vestiam roupas iguais até por volta dos 6 anos.
De fato, pelo menos até o século XV era comum que homens e mulheres usassem algum tipo de túnica ou toga. A partir do século XVI isso veio a mudar, surgindo roupas cada vez mais distintivas entre os sexos.
Ainda assim, esse estilo de roupa continuava sendo o padrão para os mais pequenos.
Por exemplo, por meio de pinturas podemos ver como as crianças de famílias abastadas se vestiam. Afinal, não havia fotos e eram poucos os que podiam pagar por um retrato de família.
Ou seja, os registros que temos da história da roupa infantil entre o século XVI e XVIII correspondem às famílias nobres e da alta burguesia, os únicos que podiam pagar por um retrato da família.
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A História da Roupa Infantil: a evolução de um estilo próprio
Até o século XIX, as calças eram usadas apenas por homens e meninos já maiores. Dessa forma, todas as meninas e meninos pequenos usavam vestidos ou túnicas.
Assim, a imagem do passado com crianças pode nos parecer um pouco confusa. Isso porque nós temos a falsa impressão de que os meninos se vestiam ´como meninas`.
Entretanto, a concepção da época é que as crianças pequenas se vestiriam da maneira apropriada à sua idade, não conforme o sexo. Dessa maneira, imperava uma questão mais pragmática e funcional do que estilística.
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A História da Roupa Infantil: o uso de calças
A partir dos 6 anos, os meninos então passavam a adotar um traje ´de homem`. Ou seja, então vestiam camisa, casaco e calças – que até por volta dos 12 anos costumavam ser mais curtas e ajustadas ao corpo.
Os estilos começavam a mudar a medida que as crianças cresciam, marcando cada vez mais a diferença entre homens e mulheres.
Todavia, o estilo de roupa para os bebês continuava a ser unissex. Eram basicamente vestido mais longos, com tecidos em cores claras, babados e bordados, muita vezes com um gorro na cabeça a combinar.
Por volta dos 5 anos de idade, quando eram um pouco mais crescidas, as crianças passavam a usar um vestido mais curto com uma espécie de calças. As pantalletes eram calças mais soltas à altura dos tornozelos que, sendo unissex, eram então usadas por baixo dos vestidos tanto pelos meninos como pelas meninas.
Esse estilo de roupa infantil foi o mais corrente para as crianças nesse faixa etária.Logo o modelo se popularizou em vários países, só vindo a ser deixado de lado com a difusão do estilo marinheiro, no final do século XIX.
Mini adultos
Até o século XIX era comum que as crianças passassem a se vestir como mini adultos quando atingiam por volta dos 6 anos. Em outras palavras, os tecidos e o estilo da sua roupa eram muito parecidos à dos adultos.
Ou seja, a roupa confortável, alegre e ´infantil` não era nem de longe a realidade do período.
Por outro lado, a roupa das meninas do século XIX não mudava muito com o tempo. Dessa forma, o estilo da sua roupa apenas deixava de ser mais curto e discreto para passar a ser mais longo e trabalhado.
Assim, o modelo seguia sendo o mesmo: vestidos. As mulheres usavam vestidos desde bebês até quando fossem idosas.
Dessa maneira, era o corte e o estilo da peça que mudavam. Ou seja, nessa época, o principal diferenciador da roupa infantil feminina era o comprimento dos vestidos. Essa transformação acompanhava a sua entrada na vida adulta, vindo a diferir em estilo a depender do país.
A História da Roupa Infantil: a influência da Inglaterra
Na Inglaterra da segunda metade do século XIX, umas das principais referências do mundo de então, a moda era impulsionada pelo crescimento da revolução industrial e de uma classe trabalhadora. Como resultado, cada vez mais a sociedade se adaptava para incluir um estilo de roupa menos formal e mais relaxado.
Como aconteceu com o vestido de noiva branco, a rainha inglesa Vitória foi uma grande influência para essa transformação. Por exemplo, ela começou a vestir os seus filhos com roupas de marinheiro e kilts (saias no estilo escocês), e a moda foi logo copiada por outras mulheres.
Assim, foi apenas na segunda metade do século XIX que começaram a surgir outras opções e tendências de moda especificamente voltadas para o publico mirim. A história da roupa infantil completamente distinta da roupa dos adultos então começava a ganhar maior projeção.
‘Bertie vestiu o seu vestido de marinheiro, que foi belamente feito pelo homem a bordo que os faz para os nossos marinheiros. Quando ele apareceu, os oficiais e marinheiros que estavam no deck se espreitaram para ver-lhe, animados, e pareciam encantados.` Declaração da Rainha Vitória em 1846, quando vestiu o seu filho Albert Edward, Príncipe de Gales, com um uniforme de marinheiro (Royal Museums Greenwich).
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A roupa infantil com mais mobilidade e conforto
A segunda metade do século XIX marcou uma mudança em relação à funcionalidade das roupas das crianças. Além do trabalho nas indústrias e a rainha da Inglaterra, houve outras influências. Afinal, também a literatura e a arte tiveram um grande papel nessa transformação.
Em 1865, o clássico da literatura Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, inovou o mundo ao trazer como protagonista uma menina muito inteligente e alegre. A personagem, Alice, foi representada usando um vestido solto e cheio de movimento. Como resultado, o modelo virou uma grande referência e foi adaptado para a vida real.
Dessa forma, o vestido usado por Alice nas ilustrações de Sr. John Tenniel foram a inspiração para uma série de vestidos da época. O seu maior propósito e diferencial era dar mais liberdade às crianças. Assim, tanto meninos como meninas poderiam brincar à vontade sem deixar de estarem bem vestidos.
Um sociedade em transformação
O mundo estava em transformação, e essa realidade foi sentida de muitas maneiras. Em meados do século XIX houve uma grande mudança no papel das crianças dentro da sociedade. A imagem de meninos e meninas como seres inocentes, que deveriam ´ser criança` e brincar para que pudessem desenvolver, era recente.
Os pequenos já não eram empurrados com pressa à vida adulta, mas passavam a ser incentivados a desfrutar da sua ´pureza` e juventude. Assim, também se deixava de lado a sua sexualização, principalmente das meninas.
Entretanto, a moda seguia sendo vestir ambos os sexos de maneira igual até quando fosse possível. Quando já tivessem certo tamanho, o apropriado seria que se vestissem como crianças, de maneira discreta e confortável, de acordo com o estilo de cada sexo.
Até o final do período moderno, era normal o uso de vestidos e saias para ambos os sexos. Também no que diz respeito às cores, a realidade era muito diferente da nossa.
Ainda que tenhamos como referência o azul para os meninos e o rosa para as meninas, no passado funcionava da maneira contrária. O rosa era uma cor muito comum entre os homens, e o azul entre as mulheres.
Claro, as cores poderiam ser usados por ambos os sexos. E assim foi por muito tempo, ao menos até bem entrado o século XX.
A História da Roupa Infantil em sintonia com a sociedade
Demoraria muito mais tempo, só na segunda metade do século XX, para que o setor voltasse a desenvolver roupas para crianças com um estilo mais similar ao dos adultos. Em outras palavras, por muito tempo, meninas e meninos pequenos deveriam ser vestidos conforme a sua idade.
De qualquer forma, os vestidos se mantiveram como a opção mais comum para os bebês pequenos até a primeira metade do século XX. Por fim, o modelo usado por cada sexo mudava gradualmente com a idade, passando a ser completamente distintos com base no gênero.
Logo as meninas continuavam a usar vestidos e incluíam mais acessórios. Diferentemente dos meninos, que por volta dos seis anos trocavam os vestidos por calças curtas, jaquetas e coletes. Essa transformação acompanhava a evolução da criança à vida adulta. Entretanto, com o tempo passou a respeitar mais a sua juventude. Como resultado, as calças e vestidos longos só passariam a ser usados pelos jovens com cerca de 12 anos.
A partir do século XX a mudança no estilo da roupa infantil passou a ser muito mais rápida, se adaptando de vez às transformações da sociedade.
Por Mariana Boscariol.
- Veja com detalhes a evolução da moda infantil ao longo do século XX.