Estévia como adoçante natural e os ideais estéticos

Pintura “A Primavera” de Botticelli – padrão estético Renascentista

Quando apreciamos obras de arte medievais ou do renascimento, ficamos admirados de como eram gordinhas as modelos que pousavam para os quadros. Bem rechonchudas, representavam, à época, o padrão de elegância, tão diferente do atual. Explica-se: somente a partir do século XX é que a tecnologia agrícola, aliada a outras, tornou fácil o cultivo de alimentos, fazendo pela primeira vez, desde que o mundo é mundo, com que houvesse fartura e a busca por comida deixasse de ser problema prioritário. Anteriormente só os ricos podiam ser gordos e as mulheres com formas opulentas representavam um padrão superior, portanto eram vistas como símbolos de beleza e elegância.

As Três Graças de Rubens no séc. XVII e a Top model Gisele Bundchen, ideal de beleza contemporâneo

“As três graças”, obra-prima de Rubens no séc. XVII, hoje estariam mais para “as três desgraças”, por termos atualmente um ideal estético feminino que se aproxima das formas esguias e com músculos definidos da arte greco-romana. Mesmo as madonas gorduchas, ostentando seus bambinos, estão desatualizadas, pois logo após darem à luz, as mulheres contemporâneas se esforçam para retornar à forma anterior.

Madona do cravo de  Leonardo da Vinci e a modelo Isabeli Fontana com os filhos mostrando corpo esguio

Sabendo que o açúcar, de cana ou beterraba, tem alto valor calórico – portanto ajuda a engordar – a ciência empenhou-se em criar substitutos para adoçar o café, chá, sucos, sem acrescentar calorias, oferecendo uma série de produtos que adoçam sem perigo de engordar. Entretanto, muitos temem a química desses adoçantes, apesar de serem testados e seguros, e é então que chegamos à estévia, uma planta nativa das fronteiras do Brasil com o Paraguai, que é, portanto, tão natural quanto a cana e adoça de 300 a 400 vezes mais, tendo ainda a vantagem de ser um adoçante não calórico. Seu princípio ativo, o esteveosídeo, está nas folhas e delas pode ser extraído facilmente até por simples fervura.

O ser humano tem verdadeira fascinação pelo sabor doce e vem procurando-o desde a pré-história. A princípio tinha apenas o mel e a doçura de algumas frutas e só com muitos milênios de civilização foi que conseguiu sintetizar o açúcar. Mas este, por ser muito calórico e causar vários problemas ao organismo, tinha que ter uma alternativa e foi aí que surgiram os adoçantes sintéticos. É aí que entra a estévia: natural, não calórica e que ainda combate a depressão!

Nascimento de Vênus de Botticelli e a modelo Gisele Bundchen considerada a nova Vênus

Conhecida e muito usada pelos índios guaranis, a estévia, porém, não chamou a atenção dos colonizadores. Apenas em 1887, o pesquisador suíço Moisés Santiago Bertoni, percorrendo o Paraguai conheceu a “erva-doce” dos índios e se entusiasmou com seu potencial.

No Brasil, entretanto, continuou desconhecida, sendo citada pela primeira vez no primeiro volume do Dicionário de Plantas Úteis do Brasil, publicado em 1926 pelo botânico Manuel Pio Correia, de acordo com o que informa o pesquisador Oscar Fontão de Lima Filho, da EMBRAPA de Dourados, MT.

Devido às suas propriedades, que a tornam antidiabética, antidepressiva, além de muitas outras (veja o termo estévia ou stevia na Internet), a plantinha vem despertando cada vez mais interesse nos países ricos, inclusive já existem extensas plantações na Àsia. Nos Estados Unidos o seu uso foi liberado, após ter sido proibido, a princípio.

Estévia ou Stevia a “erva-doce” dos índios

Existem umas doze fábricas que produzem e comercializam o adoçante retirado da estévia pelo mundo, sendo uma aqui no Brasil, situada em Maringá, PR, a Steviafarma Industrial, única entre as brasileiras que oferece o adoçante extraído da estévia totalmente puro, em forma de pó ou líquido, sem qualquer mistura com adoçantes químicos, podendo ser encontrado em supermercados, farmácias ou casas de produtos naturais.

Desse modo, visto que Deus é brasileiro, a plantinha descoberta pelos índios nos ajuda a manter a forma, sem o uso de qualquer química e deveria, além disso, ser produzida em larga escala, tornando-se uma commoditie para o agronegócio, inclusive para exportação.

Morando no Oeste da Bahia, tomei conhecimento da estévia ainda na década de 1980, através de um amigo, Luís Hashimoto, que é entusiasta do seu cultivo, através da agricultura familiar e passei a usá-la assim que vi o produto no supermercado.

Os Estados Unidos, que acabam de passar por um enorme susto econômico, deveriam tomar bastante água com açúcar, para se acalmar, mas, para evitar a obesidade, uma aguinha adoçada com a nossa estévia só lhes faria bem…

Nosso ideal estético feminino  se aproxima das formas esguias e com músculos definidos da arte greco-romana. Até as grávidas querem estar dentro desse ideal.

O ideal estético feminino no Renascimento / Rubens em Venus at the Mirror (1613 -15)

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Por Ignez Pitta

Ignez Pitta: Ignez é historiadora. Contato: http://www.myfashionbubbles.com/profile/IgnezPittadeAlmeida

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