Diane von Furstenberg: biografia da estilista que criou o vestido envelope

Conheça a vida de uma das estilistas de maior sucesso no mundo da moda. Diane von Furstenberg, um verdadeiro ícone à prova do tempo.

Todos sabemos, a moda é cíclica. São poucos os casos de modelos que resistem ilesos ao passar dos anos, ainda mais no armário feminino! Um dos exemplos mais icônicos é, sem dúvida, o do vestido envelope (em inglês, wrap dress). Considerado por alguns como o vestido mais democrático que existe, já que favorece diferentes biotipos, foi justamente, esse o modelo que consagrou a estilista Diane von Furstenberg no mundo da moda.

A estilista belga naturalizada estadunidense é considerada mundialmente como uma das mais importantes criadoras de moda dos anos 70. Atualmente, para além de seguir sendo uma referência de estilo e bom gosto para as mulheres, Diane também é símbolo da emancipação e empoderamento feminino.

  • Depois veja também a história de Coco Chanel, a estilista mais famosa do mundo, que eternizou o “pretinho básico”, ajudou a criar a roupa de trabalho da mulher contemporânea, com seus terninhos elegantes e é ícone de sofisticação feminina.

Diane von Furstenberg: de princesa à estilista de sucesso

“A mãe da maior parte das pessoas é a pessoa mais influente em suas vidas. Mas, a minha mãe sobreviveu aos campos de concentração, e ela era muito forte. Ela me fez forte…” (Diane von Furstenberg, em entrevista ao Harper´s Bazaar em 2009)

Diane Simone Michelle Halfin, seu nome de solteira, nasceu em Bruxelas no dia 31 de dezembro de 1946. Vinda de uma família judaica de classe média alta, sua mãe, que foi uma grande influência em sua vida, era uma sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz.

Quando jovem, Diane estudou economia na renomada Universidade de Genebra. Foi ali que, então aos dezoito anos, conheceu o príncipe Egon von Fürstenberg, cujos pais vinham da nobreza alemã e italiana. Em Paris, os dois se casaram no ano de 1969, ocasião para qual a noiva elegeu um vestido de Christian Dior.

Por fim, com o casamento, e assumindo o nome von Fürstenberg, Diane se tornou uma legítima princesa. Mas a situação privilegiada, social e financeiramente falando, não era suficiente para que ela se sentisse realizada.

 

Diane von Furstenber e seu primeiro marido. Foto em sua casa para a Vogue. Fonte: Pinterest

De acordo com Diane, como dito ao New York Times em 1977: “No minuto em que soube que estava prestes a ser a mulher de Egon, eu decidi ter uma carreira”.

Logo depois do casamento em 1969, o casal então se mudou para Nova York. Apesar de terem dois filhos e das condições que pareciam dignas de um conto de fadas, o casamento não durou muito. Afinal, os dois se divorciaram no ano de 1972.

Desde o divórcio, Diane não carrega mais o título de princesa. Por outro lado, conseguiu manter o nome von Furstenberg, com o qual se lançou e consolidou no mundo da moda.

 

A criação do Wrap Dress, ou vestido envelope

 

Diane von Furstenberg com vestido. Fonte: Pinterest

Foi nesse mesmo ano que Diane se projetou como estilista. Ela, que havia começado a desenhar roupas em 1970, criou em 1972 uma coleção de vestidos de jérsei. Os modelos receberam elogios de ninguém menos que Diana Vreeland, a lendária editora da revista Vogue em Nova York. Esse foi o empurrão determinante para a marca que então nascia e que se consagraria como DVF.

Pouco depois, em 1974, a estilista trouxe ao mundo o vestido envelope, aquela que seria a sua principal criação no mundo da moda. O modelo original foi confeccionado em jérsei de algodão, sendo cruzado na altura dos seios e fechado por um laço na altura da cintura. A peça, que era então vendida por US$ 75, rapidamente caiu no gosto das americanas.

Mas, qual a razão de tanto sucesso? Primeiramente, essa era uma peça democrática e feminina, pois valorizava todos os tipos de silhueta. O vestido era sensual, mas prático, pois se ajustava com perfeição às formas de cada corpo. De acordo com a estilista, o modelo representava uma verdadeira liberação para as mulheres.

Diane a batizou wrap, palavra que em inglês significa embrulho. E o vestido faz exatamente isso, embrulha, envolve o corpo com uma praticidade ímpar. O modelo forma um decote em V e se ajusta na cintura, realçando as curvas femininas.

 

“Aquele vestido vendeu cerca de 3 ou 4 milhões. Eu veria 20, 30 vestidos ao andar pelo quarteirão. Em todo o tipo de mulheres. Me fez sentir muito bem. Jovens e mais velhas, gordas e magras, pobres e ricas”. (Diane von Furstenberg, ao New York magazine em 1988).

 

O império de Diane von Furstenberg

Diane von Furstenberg no Studio 54. Fonte: Pinterest

O sucesso era tanto que, em 1976, a estilista conseguia vender 25 mil vestidos por semana. Dessa forma, e ancorado na máxima “Feel like a woman, dress like a woman” (Sinta-se como uma mulher, vista-se como uma mulher), o modelo se tornou um must-have atemporal.

Desde então, a feminilidade e o estilo sensual e sofisticado estão no DNA da grife. Além disso, a fama meteórica  fez com que ela conquistasse de vez Nova York. Assim, Diane se tornou a rainha do Studio 54, o nightclub mais badalado da época, e fez amizade com pessoas tão influentes como, por exemplo, Yves Saint Laurent, Bianca Jagger e Andy Warhol.

Nesse ritmo, não demorou muito para que a sua marca se transformasse em um império de milhões de dólares. Em pouco tempo o sucesso levou a estilista à lendária capa na revista Newsweek de 1976, que então a descrevia como a mulher mais comercial no mundo da moda desde Coco Chanel (“the most marketable woman since Coco Chanel”).

 

Diane von Furstenberg – capa da revista Newsweek de 1976. Fonte: Pinterest

Desde que obteve sucesso com a linha de vestidos, a talentosa designer lançou óculos, lenços, cosméticos, perfumes, além de bolsas e malas. Assim, segundo o jornal The New York Times, em 1979 a marca já faturava mais de US$ 150 milhões.

 

 

Pausa, para tomar mais impulso

“Nós saturamos o mercado. Eu vendi a companhia, que se reduziu a quase nada. Aqueles foram os anos nos quais eu perdi a minha voz.” (Diane von Furstenberg, em entrevista à Oprah em 2014)

Porém, o trajeto da estilista teve uma reviravolta. Depois do sucesso estrondoso na década de 70, ela se viu forçada a vender o seu negócio logo em 1983. Pouco depois, em 1985, mudou-se para Paris, onde veio a trabalhar como editora.

Tendo vivido um romance com um escritor e desfrutado de sua experiência francesa,  Diane retornou para os Estados Unidos em 1992. Nessa altura, a estilista teve êxito com a venda pela televisão da linha de roupas Silk Assets. Em apenas duas horas no ar, vendeu um total de US$ 1.3 milhões.

 

Retomada da DVF

Retrato de Diane von Furstenberg. Fonte: Pinterest

Contudo, foi só em 1997 que a estilista voltou a vestir as mulheres com o modelo então já era considerado um clássico. Em uma entrevista com Oprah em 2014, Diane  explicou o que motivou a retomada do seu negócio: “Eu comecei a ver que jovens meninas hip compravam o meu vestido envelope em brechós. Foi aqui que eu comecei novamente. Uma geração completamente diferente estava a comprar o vestido”.

A princípio, Diane von Furstenberg transformou a sua marca em um verdadeiro ícone no segmento de luxo. Desde então, as suas campanhas têm sido impulsionadas por aquele que considera o seu princípio básico: “seja a mulher que você quer ser”. A partir daí, em um curto espaço de tempo, seus luxuosos produtos passaram a ser vendidos globalmente.

Com seu gosto elegante e marcante e muito investimento, Diane conquistou muitos clientes famosos e poderosos. Para além de Michelle Obama e a duquesa Kate Middleton, também símbolos do cinema e da música, como Gwyneth Paltrow, Madonna, Jessica Alba, Susan Sarandon e Jennifer Lopez, aderiram às suas criações.

No que diz respeito à sua vida pessoal, em 2001 Diane se casou com Barry Diller, um dos responsáveis pela criação da Fox Broadcasting Company. Apesar de os dois terem mantido um contato amoroso desde os anos 70, a relação nunca tinha chegado a ser estável. Por fim, no ano seguinte, em 2002, ela foi contemplada com a cidadania estadunidense.

 

Diane von Furstenberg e Barry Diller. Getty Images. Fonte: Pinterest

 

Parcerias de Diane von Furstenberg

 

Seguindo a difusão da marca e a renovação dos seus produtos, von Furstenberg criou em 2004 uma linha de joias em parceria com a brasileira H. Stern. Os seus power rings, anéis feitos com pedras grandes e imponentes, além de brincos, anéis, pulseiras e relógios, rapidamente figuraram entre os objetos mais vendidos pela joalheria brasileira.

Anos depois, em 2010, a marca inaugurou a sua primeira loja na América Latina, localizada no shopping Iguatemi, em São Paulo. Seguiram-se o lançamento do perfume Diane, linhas de produtos para casa, uma parceria com a GAP, além de outros projetos.

Atualmente, seguindo o princípio de democratização e difusão da marca para um público mais amplo, Diane von Furstenberg fechou uma parceria com duas importantes cadeias: a C&A e a H&M.

Disponível no Brasil, a estilista tem em campanha com a C&A uma coleção de roupas de cores e padrões exuberantes e chamativos – não se restringindo ao famoso vestido, ainda que esse seja sim o seu protagonista. O apelo da campanha não poderia ser mais provocativo, no melhor estilo von Furstenberg: “descubra o poder de ser muito eu”.

Diane von Furstenberg à entrada de sua casa. Fonte: Pinterest

Empoderamento

“Eu ficava constrangida ao me considerar uma designer porque eu nunca havia estudado design. E foram as circunstâncias que me levaram até lá. Mas agora, depois de todos esses anos, eu sei que sou uma designer. E eu sei o que estou fazendo.” (Diane von Furstenberg, em entrevista ao Harper´s Bazaar em 2009)

Diane von Furstenberg a celebrar o 40º aniversário da sua criação. Crédito: Axelle WoussenBauer-Griffi. Fonte: Pinterest.

Aos 73 anos de idade, Diane continua em alta. Como descrito na sua página do LinkedIn, ela está “no comando desde 1572”. Essa frase é uma expressão do empoderamento feminino, causa com a qual se diz completamente comprometida.

Em uma entrevista ao Harper´s Bazaar, em 2009,  a estilista foi perguntada sobre qual considerava ser a sua missão. Diane respondeu: “Empoderar mulheres. Por quê? Porque eu queria ser uma mulher empoderada, e eu me tornei uma mulher empoderada. E agora eu quero empoderar todas as mulheres. E eu faço isso através das minhas roupas, eu faço isso través das minhas palavras, eu faço isso através do meu dinheiro, e eu faço isso através de tudo”.

Com esse propósito, foi criado em 2010 o prêmio DVF. Essa premiação busca homenagear e financiar mulheres que demonstrem coragem, força e liderança excepcionais nas suas áreas de atuação.  Além disso, em 2014, Diane publicou a sua memória pessoal, intitulada “The Woman I Wanted to Be” (“A mulher que eu queria ser”) – obra traduzida para diferentes línguas.

No ano seguinte, em 2015, Diane Von Furstenberg foi incluída na lista das pessoas mais influentes do mundo publicada anualmente pela revista TIME. Projeção apenas reforçada pela rodagem, também em 2015, do reality show House of DVF (Casa de DVF), que também foi ao ar no Brasil pelo E!

 

Diane von Furstenberg, 2012. Foto: David Shankbone. Fonte: Flickr

 

Work in progress

Atualmente, a DVF comercializa uma ampla linha de produtos, que incluem vestidos, sapatos, bolsas, óculos, acessórios, moda praia e casa. Por outro lado, tendo alcançado o mercado internacional, incluindo lojas em mais de 70 países, a marca não pôde deixar de ser afetada pela atual crise mundial.

Desta forma, a grife foi uma das que sofreu com a redução de suas lojas físicas,  passando a investir ainda mais nas vendas online. De qualquer forma, Diane von Furstenberg segue fechando parcerias com diferentes redes, tanto do mercado de luxo como de marcas mais populares.

Com tanta energia e talento, não há dúvidas que Diane ainda dará muito o que falar.

Que mulher poderosa!

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Editado e revisado por Mariana Boscariol.

Denise Pitta: Denise Pitta é digital influencer e empreendedora. Uma das primeiras blogueiras de moda do país, é idealizadora do Fashion Bubbles, e também CEO do portal que já recebeu mais de 110 milhões de visitas. Estilista, formada em Moda e Artes Plásticas, atuou em diversas confecções e teve marca própria de lingeries, a Lility. Começou o blog em Janeiro de 2006 e atualmente desenvolve pesquisas de Moda Simbólica, História e Identidade Brasileira na Moda e Inovação. Além de prestar consultoria em novos negócios para Internet. É apaixonada por filosofia, física quântica, psicanálise e política. Siga Denise no Instagram: @denisepitta e @fashionbubblesoficial

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