O que é design de moda? Parte 1/4

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Está entre as principais missões dos cursos de Design de Moda compreender o conceito de desenho industrial, seus padrões de aparência, sua transposição para a indústria do vestuário e as relações manifestadas estilisticamente no séc XIX, XX e XXI, através do fenômeno da moda e de seus códigos de elegância.

É preciso demonstrar o peso deste setor produtivo dentro da história econômica e social destes novos tempos modernos e, se colocar como dignos e merecedores dos créditos que contribuíram para projetar e construir o indivíduo contemporâneo. Para tanto, acreditamos que se faz necessário compreender o conceito de Estilismo e sua transposição para as matrizes formais que estabeleceram o projeto de indústria de massa nestes séculos.

INTRODUÇÃO

Segundo Julio Carlo Argan (1989), ao se discutir sobre a aplicação de aparências modalizadas em objetos de design industrial é preciso ter sempre certo que:

…a Moda é a presença, em determinado período histórico, de algumas formas expressivas não obrigatoriamente vinculadas a necessidades de caráter ético e social. Dependente muitas vezes apenas de uma efêmera necessidade de mudança que é capaz de determinar as mutações e variações indispensáveis à organização de alguns elementos estilísticos dentro de uma dada cultura.

Uma necessidade tão efêmera de mudança nos faz questionar sobre qual deve ser o fator primordial que determina o elemento formal dos objetos industrializados, integrados ao fenômeno da moda, que permite o seu reconhecimento em um universo de representação estilística, nos fazendo questionar também, sobre até que ponto se pode identificar a moda como parte que determina ou participa do estilo de uma época.

O produto do design industrial está sujeito à rapidez de consumo e à obsolescência de sua aparência e, por isso, exposto à instabilidade formal interpretada como gratuita que comumente é relegada aos objetos que são criados e produzidos dentro do sistema de moda.

O que se costuma discutir sobre esta relação é sua maior adaptabilidade ao sistema de forma funcional que derivada da natureza técnica do objeto ou forma decorativa decorrente de sua natureza afetiva. Acreditam os estudiosos de design que a escolha e o uso do vestuário são, na maioria das vezes, de ordem afetiva, visto que a moda é mais visível em objetos de uso pessoal.

Estudioso das questões do design de moda, George Nelson, em sua obra In Problems of Design, afirma que (1957):

… a moda é a expressão do hábito popular tirado das coisas e é constantemente obsoleta e cíclica e, que para se distinguir entre o que está na moda e o que está em obsolescência se deve considerar o desgaste do objeto devido à superação de um dado técnico e formal.

Para ele, um gênero que está fora da moda possui a disposição de adotar modelos antiquados por motivos afetivos ou diferenciação social como uma forma artística que procura fazer publicidade de si próprio no produto.

Porém, além da questão formal do objeto, o modo de trabalho em equipe contribui para diferenciar o produto do design das demais formas produtivas, é um produto que deriva de múltiplas atividades.

O projeto é uma das etapas. Elementos técnicos, econômicos e mecânicos, além de estéticos, convergem para a produção.

Ser Designer significa programar para a indústria; o gosto deve estar vinculado tanto ao gosto do público à que se destina o produto, como às exigências econômicas a que tenha que se submeter. Estas são as duas razões que obrigam a trabalhar em equipe, para que se possa estar em contato tanto com o setor produtivo como com o setor técnico científico.

É preciso estar inteirado das técnicas e pesquisas motivacionais de mercado, da ergonomia e das técnicas de tratamento de materiais, só assim é possível produzir o belo simbolicamente eficaz.

Ser designer não é apenas ser um desenhista, é ser projetista de objetos que serão reproduzidos industrialmente e num plano de processo produtivo.

A operação produtiva no seu todo implica em reagrupar informações de diferentes especialidades: técnicas, estatísticas, perícia de mercado e técnicas operativas.

A tarefa é maior do que estilizar, revestir de superfície apropriada e nova cujas características vitais ele ignora; deve impor as dimensões ópticas cuja construção deverá ater-se ao valor formal considerado por aquele que é mais adequado à exigência do público. Deve também pensar se o problema foi colocado com clareza e se torna compreensível para o público a que se dirige salientando as qualidades funcionais para que se sobressaiam.

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Por Queila Ferraz

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