Glamourosos, exibicionistas e cobiçados. Mas afinal, o que são e para que servem os desfiles de moda? Alguém usa aquelas roupas?
Os desfiles são narrativas das marcas, que contam toda uma história, seja de inspiração, statment, ou da maneira como foi desenvolvida a coleção. Mas a concepção de um desfile vai além, e, junto com as roupas, a ideia é passar um conceito, trabalhar tendências e principalmente criar desejo nos consumidores.
A prática teve início há algum tempo, quando no final do Século XIX casas de tecidos organizavam apresentações de suas novidades em trajes vestidos por modelos. O estilista Charles Frederick Worth é considerado o pai da Alta Costura e teve suma importância no desenvolvimento do tipo de mostra.
A Maison Worth criou um sistema que em vez de ter uma costureira que ia às suas casas, as mulheres é que visitavam o salão e vestidos eram feitos para elas sob medida, mediante uma série de provas (…) Segundo o livro Cronologia da Moda, Worth tornou-se assim o primeiro costureiro a produzir coleções sazonais que eram depois mostradas às clientes, em vez de trabalhar para atender ao que elas pediam.
Entende-se como desfile de moda uma apresentação de roupas e acessórios, realizada em local e data prefixados pelo destinador, na qual um grupo de modelos caminha por aproximadamente 30 metros de passarela durante cerca de 20 minutos. Com trilha sonora especialmente criada para esse fim, elas exibem em torno de 75 looks a um público aglutinado em filas dispostas lateralmente em torno da passarela. (…) Ao entrar no espaço de um desfile, podemos afirmar que o observador participa de um ritual da moda, pois nele a coleção inteira é apresentada por uma sequência de programas narrativos que determinam seu começo, ápice e fim. (Garcia, 2007, p. 90-91) (História dos Desfiles de Moda)
Porém, se atualmente os desfiles têm características de espetáculos e são realizados principalmente para a mídia, antigamente o principal intuito era agradar as clientes – que podiam até tocar nas peças apresentadas.
Transformando-se e reinventando-se, os desfiles do Século XXI parecem dar lugar a novas características, que passam a ser mais importantes do que a venda em si. Estar presente em um desfile de moda se tornou um símbolo de status, e não só isso, a localização do assento de quem assistirá a mostra da coleção também é de suma importância nessa hierarquia ilusória da moda.
Além de contar o processo de criação e o universo que guiou o estilista a desenvolver determinada coleção, o desfile de moda tem o poder de criar desejo e aliar produto agregado à marca, e isso muitas vezes não depende das roupas apresentadas, mas sim da eficiência do espetáculo. “Os desfiles incitam e criam um desejo de consumo. Mesmo que o modelo contemplado não seja usado, os conceitos serão procurados nas lojas porque ficam no inconsciente do consumidor”, explica a consultora de moda e professora da Faculdade Santa Marcelina Andréia Miron ao jornal Zero Hora.
Há quem diga que o formato já está velho e fadado. Tom Ford, por exemplo, já optou em fazer uma pequena apresentação só para convidados, deixando a grande mídia de fora e dando o que falar.
Os desfiles de moda podem até se transformar, passando para versões de vídeo, usando novas ferramentas de tecnologia, ou até pequenas apresentações, mas não devem deixar de existir, já que são importantes ferramentas de marketing e de venda, claro. Sem contar toda a imersão que proporcionam no universo das marcas.
Fotos: Maringá O Diário, FFblogs, Global Cool e Blog da Emme.
Por: Marcela Leone