Cyro del Nero – Grande cenógrafo brasileiro deixa saudades

Aos 78 anos morre Cyro del Nero, deixando grande legado cultural

Professor Titular de Cenografia e Indumentária Teatral da Pós-Graduação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, USP, em seu estúdio, Cyro del Nero, com seu extenso e valioso acervo, apresentava aos alunos o mundo das artes, da moda, da cenografia, do teatro, televisão e, também da história e cultura da Grécia. Hoje sua voz se calou, mas sua extensa obra, seus livros e a mensagem de culto à beleza  e à arte em suas várias manifestações, inclusive à magia da cultura helênica permanecerá entre nós, como um patrimônio dos brasileiros.

Este paulista nascido no Brás, em 28 de dezembro de 1931, filho de imigrantes italianos, foi atraído desde cedo pelo teatro, tornando-se amigo de grandes atores e atrizes, escritores teatrais e expoentes da cenografia, dirigiu-se ainda muito jovem para a Grécia, onde viveu por três anos, percorrendo ainda outros países da Europa. Voltando ao Brasil, primeiro pensou em ser ator, mas o talento para a cenografia sobrepujou esse interesse, passando a trabalhar nas montagens de obras importantes. Na recém-surgida televisão, seu papel foi marcante, havendo trabalhado em diversas emissoras.

Em 1960, com Lívio Ragan e Alceu Pena inovou com a criação de espetáculos de moda, que trouxeram solidez e profissionalismo à então nascente moda brasileira, que, também divulgou no exterior.

Blog do Cyro del Nero no Fashion Bubbles

Mas, para nós do Fashion Bubbles, Cyro del Nero foi o expoente de grandeza que, como todo homem verdadeiramente importante, não hesita em emprestar um pouco do seu brilho a quem está começando, tanto que aceitou o nosso convite para participar do site, oferecendo mais de 50 crônicas inéditas, e com isso, sua importância, o peso de seu nome no mundo da cultura nacional.

Foi com a maior afabilidade que nos recebeu, permitinodo-nos maravilhar-nos diante do acervo que expunha em seu estúdio aceitando participar de um site que estava começando. Sentimo-nos como se seus alunos fôssemos, num curso de pós-graduação na vida diária de um site, com ele aprendendo não só sobre arte teatral, cultura helênica, moda, mas principalmente sobre a arte de ser um homem pleno, generoso e participante de tudo que pertence ao universo do humano.

Sentiremos saudades do amigo, do mestre, do intelectual que partilhou conosco o privilégio do conhecimento e da amizade. Vai em paz, Cyro Del Nero!

Por Ignez Pitta

Biografia – Conheça um pouco do trabalho do Cyro del Nero

Do G1, em São Paulo

Imagem do site EPTV.com

“(…) dessa atividade divina que é o teatro, porque foi o teatro que gerou a religião.
A ação do ator é a realização da vida verdadeira. (…)”
Cyro del Nero

Além de passar pela TV Record, Tupi e Excelsior, ele foi diretor de arte da TV Globo e responsável por diversas aberturas de novelas, além de criar as aberturas, vinhetas e o cenário dos números musicais do “Fantástico” na década de 1970. Eles são considerados os primeiros videoclipes musicais produzidos no país.

Dentre os seus trabalhos, merecem destaque as aberturas da novela “Gabriela” (1975) e do infantil “Vila Sésamo”.

Também fez os logotipos do primeiro “Roberto Carlos Especial”, de 1974, do folhetim “O espantalho” (exibido na Record, em 1977) e da TV Bandeirantes. O desenho atual é uma variação do modelo criado por ele no começo dos anos 1980.

Dentre os números musicais que produziu, “Gita”, de Raul Seixas, é marcante. Criado em 1974, ele serviu de modelo para todos os outros feitos pelo “Fantástico”. Pela inovação de “Gita”, o cenógrafo disputa com Nilton Travesso o título de “primeiro videoclipe brasileiro”.

Del Nero foi considerado o melhor cenógrafo nacional da 5ª Bienal de Artes Plásticas de São Paulo e também era professor titular da Universidade de São Paulo dos cursos de cenografia e indumentária teatral na USP.

( Leia matéria completa no G1)

“Gita” O um dos primeiros videoclipes nacionais

[http://www.youtube.com/watch?v=U0IXq1x1wcU]

Dentre os números musicais que Del Nero produziu, “Gita”, de Raul Seixas, é marcante. Criado em 1974, ele serviu de modelo para todos os outros feitos pelo “Fantástico”. Pela inovação de “Gita”, o cenógrafo disputa com Nilton Travesso o título de “primeiro videoclipe brasileiro”. ( Saiba mais no G1)

[http://www.youtube.com/watch?v=TeyCS8Bt8BI]

“Fantástico” – Vinhetas de intervalo (1974)

[http://www.youtube.com/watch?v=VpxX4L6q9Ow]

O visual dos primeiros anos do “Fantástico” foi inspirado nos palhaços do musical “Pippin”, espetáculo de sucesso no começo dos anos 70. A partir de 74, quando o programa passou a ser produzido em cores, o figurinista Sorensen e o diretor de arte Cyro Del Nero experimentaram os novos recursos em cima dessa proposta e, juntamente com o coreógrafo Juan Carlos Berardi, criaram uma nova abertura e vinhetas de intervalo para o show da vida.

[http://www.youtube.com/watch?v=MI-_BXAsf_M]

Livros

Em “Máquina para os deuses: anotações de um cenógrafo e o discurso da cenografia”, o autor Cyro del Nero discute as origens da arte cenográfica e sua evolução, registrando a criação e a utilização de cenários e de diversas máquinas e dispositivos mecânicos com que, ao longo do tempo, tornou-se possível desde abrir e fechar cortinas até erguer e deslocar atores e elementos do cenário, de maneira a criar uma impressão específica.

Neste aspecto, a cenografia pode ser entendida como a arte de organizar plasticamente o palco, dominando seus aspectos em todos os tipos de representação: dramática, lírica ou coreográfica. Partindo da cena, a cenografia se envolve com o edifício teatral, com a cidade e, muitas vezes, ganha interesse no espaço público. Farto em documentação iconográfica, o livro traz desenhos de projetos cenográficos do autor, de modo a exemplificar a importância da cenografia e a complexidade dos recursos existentes atualmente.

Evoluindo com o teatro ao longo de séculos, a técnica cenográfica ganhou novas aplicações com a chegada do cinema e da televisão, tornando-se indispensável também na organização de feiras e eventos. Em Máquina para os Deuses: anotações de um cenógrafo e o discurso da cenografia, Cyro Del Nero narra a história dessa arte e o início de sua relação pessoal com ela, abordando também inovações recentes e caracterizando-a como uma ‘nova mídia’ da atualidade. ( Fonte: blog Cultureba )

Cenógrafo Ciro Del Nero lança livro – Veja entrevista no “Programa do Jô”.

Com ou Sem a Folha da Parreira – A Curiosa História da Moda é um panorama humanista da moda em todos os séculos, desde o primeiro gesto do ser humano primitivo ao cobrir-se até o produto sofisticado da arte da costura, que, em poucos metros de tecido, realiza uma obra de arte individual assinada.

O roteiro da História da Moda está cheio de curiosidades e transformações, mutações, reformas e recuperações em um retrato polimorfo em constante metamorfose, que é a essência mesma da moda.

O panorama apresentado por Cyro Del Nero não dispensa uma visão bem humorada e irônica das mutações periódicas do vestir, a constante recuperação do passado e seu constante abandono.
Com ou Sem Folha da Parreira descreve-nos as diferentes nuances da moda que são manifestações da insatisfação humana com o dejá vu e o irresistível desejo de alterar e criar uma nova persona, e como isso tem sido feito nos últimos 3 mil anos.

Sobre a morte de Cyro del Nero

O cenógrafo brasileiro Cyro Del Nero morreu vítima de insuficiência coronariana neste sábado (31), no Instituto do Coração (InCor), em São Paulo, aos 78 anos. Ele deixa mulher e sete filhos.

(Leia mais no  Terra)

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