Como é feito o Zíper? Conheça o processo em detalhes – Parte 3/3

Sendo um dos itens mais produzidos dentro da indústria da moda, conheça melhor como é feito o zíper e todos os componentes da sua fabricação

Confecção de uma peça com zíper. Fonte: doinaalexei.com

Como podemos ver em vários períodos e regiões do mundo, os acessórios têm um papel de destaque dentro da história da moda. Entre eles, desde a segunda metade do século XX que o zíper se tornou um dos itens fashion mais importantes no mundo. Mas, já parou para pensar como é feito o zíper?

Em seguida, vamos mostrar o processo e as características da fabricação desta peça crucial no vestuário contemporâneo.

 

 

Quais as características do zíper?

 

 

Petente do zíper de Gideon Sundbäck de 1917. Fonte: Wikimedia commons

 

 

Ainda que o zíper tenha evoluído muito ao longo dos anos, ele é essência um modelo de fecho usado em roupas, outros acessórios de moda e utilitários. Assim, apesar de também ter se convertido em um item decorativo, ele é um aviamento projetado para ser prático e resistente.

O zíper de metal que conhecemos hoje é o sucessor da versão original inventada por Withcomb Judson há mais de 100 anos. Desde então, o zíper foi sendo constantemente adaptado para incorporar o uso de novos materiais, as tendências da moda e a exigência por qualidade e preço.

Ou seja, o mecanismo se adaptou para atender as necessidades de um mercado sempre sedento por inovações. Dentre eles, o mais representativo é o segmento de roupas jeans.

 

 

Confecção de um zíper. Fonte: grainlinestudio.com

 

 

Como é feito o zíper?

 

 

Antes de mais nada, para conhecer melhor como é feito o zíper, devemos saber qual a nomenclatura definida pela ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Afinal, é a partir dela que se nomeiam as partes que o compõem, como mostra a figura abaixo:

 

 

Instruções do catálogo da YKK. Fonte: ykk.com.br

 

 

  • Aproveite e nos siga no Google News para para saber tudo sobre Moda, Beleza, Famosos, Décor e muito mais. É só clicar aqui, depois na estrelinha 🌟 lá no News.

 

 

Processos de fabricação

 

Tecelagem

Processo em que teares de agulha tecem o cadarço a partir de fios de poliéster. Acima de tudo, o seu principal elemento é o bordo, localizado em uma das laterais da fita de tecidos. É nele que são fixados os dentes, dando a resistência necessário às aplicações em peças feitas em jeans.

 

Tinturaria

Em seguida, o cadarço é tingido nas cores pretendidas por meio de dois sistemas de tingimento: o sistema tradicional à pressão ou o feito em caldeiras de imersão, conhecido como sistema contínuo.

 

Grampeação

Essa é a etapa em que os dentes são fixados no cadarço formando, como resultado, a cremalheira do zíper. Em primeiro lugar, um arame de latão é moldado, cortado e fixado sobre o bordo a partir de um formato e dimensões previamente determinados. Os dentes são colocados um de cada vez, conforme o tramanho desejado. Logo depois, eles são grampeados em cada um dos lados da cremalheira e ligados.

 

 

Pormenor de um zíper. Crédito: Rabensteiner. Fonte: Wikimedia commons.

 

 

Laminação

Essa se trata da escovação da cremalheira para uniformizar a altura dos dentes e eliminar possíveis rebarbas. Assim, se consegue um deslizamento mais suave ao abrir e fechar o zíper.

 

Termofixação

Esse processo faz a estabilização do tamanho do zíper e elimina possíveis rugas e vincos do cadarço.

 

Selagem

Fusão do cadarço na sua área de picotagem, o que formará as extremidades das pontas do zíper. Dessa maneira, a selagem permite que o cadarço não deslize durante o seu manuseio.

 

Aplicação do terminal inferior

Corte e aplicação de um arame de tomback ou alpaca, conforme o metal usado, junto aos últimos dentes da extremidade inferior da cremalheira. Antes de mais nada, a função do terminal inferior é manter os dois lados unidos e impedir que o cursor saia pela parte inferior ao se mover.

 

Colocação do Cursor

O cursor é a parte do zíper que se move sobre a cremalheira parar abrir ou fechar o zíper. Neste processo o cursor se encaixa na cremalheira, seguindo o sentido correto de engrenagem dos dentes.

 

 

Instruções do catálogo da YKK. Fonte: ykk.com.br

 

 

Aplicação dos terminais superiores

Corte e aplicação de uma fita de tomback ou alpaca, conforme o metal da cremalheira, junto ao último dente de cada um dos lados. A função dos terminais superiores é impedir que o cursor saia pela parte superior da cremalheira ao se mover.

 

Picotagem

Por fim, o cadarço, que até então era contínuo, é picotado, formando as pontas e separando as peças do zíper.

 

 

Um zíper de duas direções. Crédito: Woodbine9. Fonte: Wikimedia commons

 

 

 

 

Como é feito o zíper: o controle de qualidade

 

 

Testes de controle de qualidade se realizam em cada etapa de fabricação do zíper. Antes de mais nada, o objetivo é garantir que o produto atenda as exigências dos processos posteriores, quando se aplica às roupas, acessórios e outros utensílios.

Dessa maneira, o zíper final passa por uma série de 12 testes de resistência e durabilidade seguindo os padrões internacionais. Os principais testes reproduzem os esforços que um zíper sofre durante o manuseio, tanto na confecção e lavagens, quanto nas mãos do usuário final.

 

 

 

 

Outros detalhes sobre como é feito o zíper

 

 

O zíper deve ser, no mínimo, igual a medida da vista da calça (braguilha). Com isso, o objetivo é obter um maior aproveitamento da abertura do cós e não aplicar um esforço desnecessário sobre o terminal inferior do zíper.

O travete de segurança deve estar a 2 cm do final da vista da calça (braguilha). Esse cuidado serve para proteger a junção das costuras da braguilha e do gancho, evitando esforço desnecessário sobre o terminal inferior do zíper.

A correta posição do travete de segurança é especialmente importante. Afinal,  essa é uma das regiões da peça que mais sofre no processo de confecção e quando em uso pelo consumidor.

 

 

Lavagem

 

 

Roupas jeans. Crédito cottonbro. Fonte: Pexels

 

 

Quando da lavagem, o zíper deve estar totalmente fechado para evitar algum dano. Dentre eles, por exemplo:

  • Esforço sobre os dentes do zíper no local onde está o cursor, se o zíper estiver entreaberto.
  • Manchas na parte frontal da peça se houver problemas de oxidação por deficiência nos processos de lavagens.
  • Esforço sobre o travete de segurança, quando o terminal inferior se o travete de segurança estiver mal posicionado.

Por fim, para melhor garantir que o zíper permaneça fechado durante os processos de lavagem, o fabricante costuma adotar o cursor mola-plana. Acima de tudo, o seu sistema de trava faz com que o cursor permaneça travado mesmo durante o uso das peças.

 

 

Como é feito o zíper de metal

 

 

O cobre é um dos materiais metálicos mais antigos a serem usados pela humanidade. Tal feito é confirmado por distintos achados arqueológicos provenientes  dos berços das principais civilizações do passado.

O homem percebeu que o cobre no estado puro era um metal muito leve e fácil de trabalhar. Entretanto, com o tempo o objeto feito a partir dele se tornava muito frágil. Em outras palavras, o material era fácil de amassar ou de se deformar.

Por ser tão macio, o homem logo descobriu que o cobre não servia para todas as aplicações. Porém, misturado a outros metais, produzia o que hoje chamamos de ligas. Sendo muito mais resistentes, as ligas, assim, têm muito mais possibilidades de aplicação.

Dessa maneira, a experiência foi demonstrando que a associação de dois ou mais metais conferia ao produto propriedades distintas e bem diferentes das dos metais originais.

 

 

Detalhe do Vestido Zíper de Sebastian ErraZuriz. Fonte: sebastian.studio

 

 

Ligas de cobre

 

 

Desse modo, a liga de cobre permite a associação desse metal com outros elementos que lhe conferem outras características. Todavia, conforme o elemento principal ao qual ligamos o cobre temos diferentes famílias de ligas. Dentre elas, por exemplo:

  • Latão = Cobre + Zinco.
  • Bronze = Cobre + outros elementos diferentes do Zinco, principalmente Estanho.
  • Alpaca = Cobre + Níquel + Zinco de cor branca.

Chamamos de Tomback o latão (Cobre + Zinco) com teor de cobre superior a 85%. A coloração dessa liga é mais avermelhada do que a do latão comum, que tem entre 65% e 70% de cobre.

Além disso, há ainda uma família de ligas que consiste de cobre ligado a pequenos percentuais (menos de 1%) de outros elementos. Dentre eles, por exemplo, o cádmio, fósforo, manganês, magnésio, cromo e zircônio. Em geral, a referência à liga indica qual o elemento ao qual o cobre está ligado, como cobre-cádmio, cobre-cromo, cobre-manganês, etc.

As ligas citadas são as que têm interesse para a indústria do zíper.

 

 

Resistência à corrosão

 

 

Botas com zíper na neve. Crédito: Mathias P. R. Reding. Fonte: Pexels

 

 

A maioria dos materiais metálicos se encontra na natureza sob a forma de óxidos, sulfetos, silicatos ou sais complexos. Entre os metais de uso corrente, só o ouro se encontra na natureza já como metal.

O processo metalúrgico, através do aporte de maior ou menor quantidade de energia, converte os sais metálicos ou os óxidos em metal puro. Portanto, como houve uso de energia para essa transformação, posteriormente todo o processo metalúrgico se reverterá. Assim, o metal retorna à forma de menor energia, isto é, aquela à qual o meio ambiente conduz de forma natural.

Esse processo de retorno à condição natural é o processo que chamamos corrosão.

Neste sentido, podemos dizer que a corrosão é o inverso da metalurgia. Enquanto a metalurgia converte sais e óxidos em metais, a corrosão converte metais em sais e óxidos. Desse modo, interessa que o zíper de metal seja o quanto mais resistente à deterioração.

 

 

  • A seguir, veja também a História do Botão: a evolução da peça de joia à aviamento popular.

 

 

O processo corrosivo

 

 

Nos metais, o processo corrosivo se dá pela presença de agentes capazes de promover a transformação do metal em óxidos e sais. Havendo contato do metal com tais agentes, o processo de oxidação se inicia de maneira imediata.

Como resultado, as reações químicas que se processam dependem de muitos fatores. Dentre eles, por exemplo, do tipo de metal, da presença de elementos que facilitam ou que dificultam a reação, das condições atmosféricas, e do grau de exposição do metal ao reagente.

Assim, o processo corrosivo pode durar muito pouco tempo ou mesmo se prolongar por anos. A oxidação (escurecimento) que se verifica no zíper é uma etapa do processo de corrosão.

Seja como for, as ligas de cobre estão entre as mais resistentes aos processos corrosivos. Contudo, a sua exposição a agentes químicos pode acelerar enormemente este processo. Em outras palavras, o devido cuidado com o zíper de metal pode prolongar e muito a vida da peça.

 

 

Metais oxidados. Fonte: coppermetal.com.br

 

 

Prevenções do processo corrosivo

 

 

Existem muitos estudos que buscam definir os melhores meios de prevenir ou ao menos retardar a processo corrosivo. Entre eles estão, por exemplo:

  • Impedir o contato do metal com o meio ambiente agressivo. Por exemplo, pintura, envernizamento, uso de óleos, graxas, revestimento com metais resistentes com ouro, cromo e níquel.
  • Minimizar ou inibir a reação química contra agentes agressivos específicos: através de aditivos de proteção ou controle de temperatura, pH, tempo de exposição, impressão de corrente eletrônica inversa anodos de sacrifícios etc.

Todos os métodos de prevenção da corrosão são exaustivamente estudados em laboratórios voltados para os respectivos setores industriais interessados e direcionados aos efeitos específicos para cada uso.

 

 

Logo depois, que tal ler as outras duas matérias sobre o zíper?

 

 

*Matéria originalmente publicada em 2008.

 

Fonte: YKK

 

Além de saber como é feito o zíper, veja mais dicas sobre o seu manuseio na YKK.

 

Whitcomb L. Judson, inventor do primeiro protótipo de fecho em 1891 e Gideon Sundback ,que aperfeiçoou como é feito o zíper em 1913.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Queila Ferraz: Queila Ferraz é historiadora de moda e arte, especialista em processos tecnológicos para confecção e consultora de implantação para modelos industriais para a área de vestuário. Trabalhou como coordenadora Geral do Curso de Design de Moda da UNIP, professora da Universidade Anhembi Morumbi e dos cursos de pós-graduação de Moda do Senac e da Belas Artes.

Usamos cookies em nosso site para oferecer uma melhor experiência. Ao clicar em “Aceitar tudo”, você concorda com o uso de TODOS os cookies. No entanto, você pode visitar "Configurações" para ajustar quais cookies deseja aceitar ou não em nossa Política de Privacidade.

Leia mais