Quando a TV ainda não existia, a moda era ouvir as cantoras do rádio que animavam os dias e as noites. Marlene, Emilinha Borba, Dalva de Oliveira, Maysa, Dolores Duran e Elisete Cardoso, entre muitas outras, eram as rainhas que levavam a magia à imaginação dos brasileiros.
Linda e Dircinha, as irmãs Batista, foram duas cantoras que ganharam o merecido destaque durante a era do rádio. Conheça um pouco mais sobre a história dessas irmãs – a carreira precoce, o sucesso absoluto, o dinheiro, os vícios e o fim trágico.
As irmãs Batista
Dirce Grandino de Oliveira, a Dircinha Batista, nasceu em São Paulo em 1922 e subiu ao palco para cantar a primeira vez quando tinha apenas seis anos de idade. Ao lado do pai, o humorista e ventríloquo João Batista Júnior, Dircinha cantou “Morena cor de canela”, de Raul Roulien.
Com oito anos gravou seu primeiro disco, em 1930. No ano seguinte Dircinha entrou para o Programa Francisco Alves, da Rádio Cajuti. Cinco anos depois foi a vez de Linda estrear no mesmo programa. Depois disso a carreira das irmãs Batista não parou de crescer.
Há quem diga que Dircinha cantava melhor – tinha mais técnica e domínio sobre a voz. Linda Batista, entretanto, era mais popular. Chegou a ser chamada de “Maioral do Samba” e ganhou o primeiro concurso de Rainha do Rádio, promovido pela Associação Brasileira de Rádio em 1937. Tal título ela manteve por onze anos consecutivos.
Dircinha recebe a faixa de Rainha do Rádio da irmã Linda Batista e Dircinha na capa da Revista do Rádio. Fotos: Portal Luis Nassif
Viraram estrelas e foram chamadas de “patrimônio nacional” por Getúlio Vargas – que teria tido um caso amoroso com as duas em épocas diferentes. Foram campeãs de vendas de discos nas décadas de 40, 50 e início dos anos 60.
Com o sucesso, veio o dinheiro, que além de prover luxo e riqueza, também alimentou vícios perigosos, como o jogo e as bebidas. Lá pelo meio da década de 60 as irmãs Batista pararam de receber convites para cantar – a rádio Nacional estava sob intervenção militar e elas não eram escaladas pela amizade que sempre tiveram com Jango e Getúlio.
As duas não eram mais chamadas para fazer shows e precisaram gastar todo o dinheiro para cuidar da mãe com um câncer na garganta. Dircinha caiu em depressão e nunca mais saiu de casa. Linda estava doente e não comia, apenas bebia. Apenas um amigo cuidou, enquanto pôde, das irmãs Batista: José Ricardo.
Linda e Dirce Batista. Fotos: Famosos que Partiram e Portal Luis Nassif
“A cena era chocante e assustadora. No centro da sala, uma mulher gorda, o corpo coberto de feridas, os cabelos desgrenhados, dizia palavrões e ameaçava com uma espécie de borduna a todos que se aproximavam. Próximo, outra mulher, vestida com trapos, ria histericamente e dizia palavras desconexas. A um canto, encolhida e catatônica, uma terceira mulher extremamente magra permanecia calada, o olhar perdido. As três mulheres eram irmãs – e pelo menos duas tinham sido famosas: as cantoras Dircinha (63 anos) e Linda Batista (66)” – Trecho do livro “As Divas do Rádio Nacional”, de Ronaldo Conde Aguiar – Ed. Casa da Palavra.
Foto: Gol Emoção
Vídeos de Linda Batista
[http://www.youtube.com/watch?v=s0t8ssmMQVM]
Vingança – Linda Batista
[http://www.youtube.com/watch?v=mDqNvc_dAHk]
O maior samba do mundo – Linda Batista
Vídeos de Dircinha Batista
[http://www.youtube.com/watch?v=RPfiZEwEX2Y]
Minha terra tem palmeiras – Dircinha Batista
[http://www.youtube.com/watch?v=9gkW-b-njtQ]
Meio mundo – Dircinha Batista
Foto de abertura: Paralell Realities
O livro as “Divas da Rádio Nacional” é uma ótima dica de presente para quem gosta de música. O livro vem com um CD e conta a história das vozes da Era de Ouro da música brasileira. Perfeito para relembrar, conhecer ou se emocionar!
Por Samantha Mahawasala