Anos 80: a moda, os ícones e os principais movimentos da década
Os anos 80 serão um dos principais temas do Inverno 2009, que tem o século XX como fonte de pesquisa. O fenômeno japonês na moda…
Os anos 80 serão um dos principais temas do Inverno 2009, que tem o século XX como fonte de pesquisa. O fenômeno japonês na moda também estará em alta e há uma enorme busca por formas arquitetônicas inovadoras nas modelagens das roupas.
Passando pelos anos 20,30,40,50 e 60, os anos 80, trazem no geral a maior fonte de inspiração para as coleções. Também pudera, essa foi uma década de contrastes e o luxo foi o principal ideal de consumo para uma sociedade desenfreada.
No panorama político, Ronald Reagan assumia a presidência dos Estados Unidos e Margaret Thatcher, a Dama de Ferro, entrava em cena. O mundo ocidental voltava a ser conservador em oposição aos 60’s e 70’s, rebeldes que rejeitaram a riqueza e o poder através da cultura hippie.
Na moda, os punks já haviam se estabelecido e os looks mohicanos, apareciam em quase todas as coleções. Porém, na Inglaterra, pátria dos punks, eles perderam o lugar nas passarelas para a febre romântica de piratas, provocada por Vivienne Westwood. Astros da música como Boy George e Prince exibiam seus blazers de veludo e trajes de fantasia em shows apoteóticos.
Piratas de Vivienne Westwood/ Punks com seus looks mohicanos
Lady Diana saia da plebe para virar a princesa de Gales. Mulheres de todas as idades sonhavam ser como ela. A fidelidade matrimonial voltava a estar na moda.
Essa fase romântica dos anos 80, não durou muito. Os babyboomers dos anos 60, década de grande desenvolvimento demográfico, cresceram e apareceram, mostrando acima de tudo, que queriam ganhar dinheiro, muito dinheiro e o mais rápido possível e para isso, a palavra respeito foi abolida de suas vidas. Eles ficaram conhecidos como yuppies.
Trabalhar arduamente, 12 horas por dia, se fosse necessário, para poder gastar o dinheiro ganho imediatamente. Dressed for Success – vestida para o sucesso – esse era o lema, Nancy Reagan e Margaret Thatcher eram os exemplos desse padrão feminino a serem seguidos.
Além dos punks, os yuppies ( young urban professional), compunham o cenário das tribos da década. Os yuppies usavam ternos e gravatas, geralmente solteiros, sem filhos, trabalhavam na Bolsa e tinham carreiras brilhantes, geralmente como advogados. O yuppie masculino vestia-se com os casacos das grifes poderosas como Armani, Hugo Boss ou Ralph Laurent. A série televisiva Miami-Vice demonstrou o estilo yuppie no seu mais elevado conceito, incluindo sol e praia, música pop, cocktails, óculos Ray-Ban, roupas criadas por estilistas famosos, sexo casual, masculinidade, drogas e poder.
Miami Vice / Yuppies
A yuppie feminina usava lingerie cara por baixo de roupas que imitavam os looks masculinos. Geralmente ocupavam cargos elevados em grandes corporações, porém seus salários ainda eram inferiores ao dos homens (ainda bem que isso mudou). Ela também usava um casaco power – com as famosas ombreiras – saia curta e estreita com fendas poderosas e uma blusa chiquérrima.
O look noturno das yuppies era glamouroso, muito brilho, saias balão, mangas fofas e cores fortes. O estilista Christian Lacroix era o mais cobiçado. Seu estilo barroco, dava a sensação de estar vivendo uma aventura. Claude Montana e Pierre Cardin também eram bem procurados.
O estilista Christian Lacroix
Pierre Cardin em capas de revistas de moda e negócios
O estilista Claude Montana
As séries televisivas Dallas e Dinastia exemplificavam de forma extraordinária a moda e o estilo de vida da década de 80.
Dinastia / Dallas
Feminino ou Masculino? Além dos pop stars como Prince e Boy George, Michael Jackson também simbolizou a mudança da identidade masculina da época. Roupas com tecidos leves, macios, sapatos multicoloridos, roupas sexy, preocupação com o físico, maquiagem, roupas íntimas – pela primeira vez foi dada uma considerável importância a roupa de baixo masculina – tudo isso já não é exclusividade para a vaidade feminina, tudo podia ser usado pelos homens. Todo esse avanço provavelmente contribuiu para a conscientização do movimento gay.
Prince / Boy George / Michael Jackson
O Queen e Freddie Mercury se tornaram um clássico e suas múcicas são perfeitas para trilha sonora de festas temáticas dos anos 70 e festas dos anos 80. Também são ótimas dicas de fantasias, veja mais fotos em Especial Freddie Mercury – Conheça a trajetória do Rockestar que encantou o mundo e se tornou ícone da música.
Madonna tornou-se ícone e sua música Material Girl virou o hino da geração mais consumista da qual se teve notícias até hoje.
O culto excessivo ao corpo lota as academias e a aeróbica é a principal atividade. Com isso a lycra tornou-se popular. A mulher dos anos 80 podia sair ás ruas vestida apenas de leggings e bodies.
A década de 80 ficou foi a década dos estilistas. O marketing assumiu o lugar do design e fez com que o estilista alcançasse o sucesso, isso criou uma verdadeira batalha. Pois alguns estilistas não concordavam com uma moda tão sóbria e tentavam a qualquer custo romper estilos, através do inusitado. E quem venceu a batalha foi Madonna que conseguiu adaptar seu gosto pessoal a cada marca e criou seu próprio estilo de acordo com seu estado de espírito e estilo musical – prostituta de luxo, street girl, diva de Hollywood, mulher santa, etc.
Finalmente chegaram os japoneses, que já permeavam o mundo fashion desde o final dos 70’s. Sem dúvida esse foi o maior contraste da moda dos anos oitenta. Estilistas orientais, vindos do Japão – Yohji Yamamoto, Issey Miyake e, especialmente Rey Kawakubo – romperam todos os paradigmas da moda e através do ascetismo (doutrina religiosa) e a desconstrução, colocaram em questão muitos valores – luxo, riqueza e culto ao corpo.
Imagens do blog o avesso do espelho, onde você também encontra um pouco mais sobre esses grandes estilistas.
Yohji Yamamoto
Issey Miyake
Rey Kawakubo
A moda japonesa era feita de tamanhos acima do necessário, em forma de saco e com muito tecido, que cobria o corpo conscientemente ao invés de descobri-lo.
Jeans da marca Yohji Yamamoto / Plissados do Issey Miyake
Não foram só os yuppies que marcaram os anos 80, o black moviment dos anos 60 tornou-se atual e ganhou as ruas através da electrobeat-dance: o hip hop, o rap e o house de bandas como Grandmaster Flash, Run DMC, Public Enemy.
80’s Rap documentary: Beastie Boys and Public Enemy
A chegada da break dance no Brasil saiba mais no blog Pool Web
O break dance, estilo de dança artístico que nasceu nas ruas de Nova Iorque e Los Angeles, fez com que a moda buscasse roupas confortáveis para dançar e surgiu então o sportwear. Os tênis, especialmente das marcas Adidas, Reebock e Nike ganharam o mundo.
O estilo descolado do movimento negro americano era regido por jovens dos guetos e que usavam além dos tênis de marcas, bonés de basebol, calças baggys, casacos e correntes com emblemas, por exemplo, da Mercedes.
Na metade dos 80’s nasceu um outro estilo de moda, advindo do estilo musical house music, que tem raízes na disco dos anos 70, roupas desportivas de lycra, casacos a la Miami Vice, tops com tecidos variados e fluorescentes, foram adotados para criar o novo look. O estilo japonês retoma as passarelas.
A obsessão pela dança nos anos 80, onde música e moda estiveram intimamente ligadas, ficará marcada para sempre. E ainda servirá como inspiração para milhares e milhares de coleções.
Brooke Shields
Veja ótima matéria da Marie Claire sobre ícones dos anos 80.
Madonna / Stephanie
Veja também Como se vestir para uma festa dos anos 80 e Trilha sonora anos 80: sucessos e ícones – Parte 1/9.
Fonte: A Moda Século dos Estilistas de Charlott Seeling
Por Leonize Maurílio
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