“O ÚLTIMO ROMÂNTICO: YSL, A CRIAÇÃO, A MELANCOLIA E O AMOR.”
“Persuadido, com fortes razões, de ser o último de um mundo, e unanimemente reconhecido como o primeiro de outro, Yves Saint Laurent se coloca como verdadeiro elo de ligação entre a moda de ontem e a de hoje” – François Baudot In: Moda do Século, Editora Cosacnaify, p. 194.
Na recente história da Moda do século XX, Coco Chanel revolucionou o guarda-roupa feminino com a praticidade esportiva, e Christian Dior extremou a matemática da alta costura, seguindo a linha do pioneiro Charles Frederick Worth. Herdeiro de Dior, o estilista franco-argelino Yves Saint Laurent, por sua vez, foi uma espécie de espírito raro, de transição e passagem, que soube conceber uma linguagem própria a partir dos dois mestres franceses. Para analisar a obra e a vida do costureiro morto em 2008, o pesquisador em Filosofia pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), Brunno Almeida Maia e o chapeleiro Eduardo Laurino (FASM – Faculdade Santa Marcelina) do projeto de pesquisa “A Literatura e a Moda”, promovem no dia 26 de agosto, sábado, das 15h às 18h, a palestra ”O último romântico: YSL, a criação, a melancolia e o amor”, no Brechó Minha Avó Tinha, no bairro da Lapa, em São Paulo.
Com entrada colaborativa, e apenas 30 (trinta) vagas, o evento busca compreender as criações e a vida do costureiro, a partir de análises apoiando-se na História da Moda, nos contextos sócio-políticos e culturais da época. Eduardo Laurino, conhecido pela assinatura dos principais adereços de cabeça da SPFW (São Paulo Fashion Week), e do extinto Fashion Rio, inicia a discussão da palestra com a carta de despedida do YSL em 2002, para, a partir daí, mostrar a sua importância como criador para a Moda do século XX. Partindo da Filosofia, Brunno Almeida Maia, elabora o conceito filosófico de exílio, para evocar a importância da condição de estrangeiro e expatriado de sua terra, e em como o distanciamento emocional e geográfico possui a potência da melancolia criativa.
“Para contemporanizar a discussão, podemos pensar no atual fluxo imigratório dos sírios, haitianos, africanos e tantos outros. Desde a segunda grande guerra, nunca o mundo passou por um processo de deslocamento tão grande. Isto significa que devemos compreender a situação, também, sob o viés da potência criativa do Estrangeiro. Sua ‘beleza’ é ser capaz de deslocar não somente a visão de sua Terra, por uma imposição de terríveis circunstâncias, mas no contato com o outro, deslocar o próprio pensamento, como um nômade. Neste ponto estamos na Filosofia”, problematiza Almeida Maia, que ainda abordará assuntos como abertura da boutique Saint Laurent Rive Gauche, em 1966, as barricadas do Maio de 1968 francês, o processo de criação de YSL, a partir do método surrealista de colagem, a relação entre a arte e a moda, as inspirações da literatura de Marcel Proust, a paixão e o ópio como alargamento da razão, a partir de autores como o filósofo, ensaísta e crítico alemão Walter Benjamin, e o poeta de “As Flores do Mal”, Charles Baudelaire.
Nascido na Argélia em 1936, país da África do Norte, que na época ainda pertencia aos domínios da França, Yves Henri Donat Mathieu-Saint Laurent estreou na alta-costura parisiense no início dos anos 60, como comandante da Maison Dior. Após rompimento com a casa que consagrou o New Look, o costureiro abre sua própria boutique, ao lado do companheiro Pierre Bergé. Extemporâneo, YSL foi reverenciado pelo sucesso comercial da marca, das franquias e produtos de licenciamento, além de ter legado ao mundo da moda um universo de imagens com coleções icônicas como a “Mondrian”, “Libertação”, “África” e “Rússia Ballet e Ópera”. Mesmo com a cidadania francesa, uma vez que era franco-argelino, a arte do mestre soube absorver o olhar na condição de “exilado” e estrangeiro de sua própria terra, unindo as formas e gestos do corpo da mulher francesa, com culturas inteiramente outras.
Indagado por repórteres se aceitaria a convocação para participar como combatente na Guerra da Argélia, que provocou a sua independência em 1956, Saint Laurent foi categórico: “Fazer vestidos é a minha luta”. Pode soar despolitizada a resposta, se não entendermos a dimensão em que ela se inscreve. Pertencendo a “magnífica e lamentável família que é o sal da terra” (Proust), o costureiro optou em ficar na vida como ato heróico de resistência.
“Último romântico da alta-costura, mas primeiro de uma nova era que se instalava na Moda, com o prêt-à-porter, YSL foi, sem exageros, um poeta, que soube gravar a graça da beleza transitória no coração da verdade de uma época. Sua barricada era a do desejo, que exige como ato final o direito pelo sonho, nem que isto custe descer ao inferno para roubar dos deuses a beleza perdida”, finaliza o duo Brunno Almeida Maia e Eduardo Laurino, que desde 2013 pesquisa a relação entre a Literatura e a Moda, com publicações, oficinas, cursos, palestras e workshops em espaços como FAAP – Fundação Armando Alvares Penteado, Centro Universitário Belas Artes, Senac Lapa Faustolo, Sesc Consolação, CPF – Centro de Pesquisa e Formação Sesc SP, Oficinas Culturais Oswald de Andrade, Oficina Cultural Casa Mário de Andrade e Escola São Paulo.
As inscrições para a palestra estão abertas até o dia 25 de agosto, ou até o fim das vagas. Para participar basta enviar um e-mail para brunnoalmeidamaia@gmail.com, confirmando nome, telefone para contato, e-mail, área de atuação e como soube do evento.
SERVIÇO:
Palestra “O último romântico: YSL, a criação, a melancolia e o amor”.
Com Brunno Almeida Maia (UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo) e Eduardo Laurino (FASM_ Faculdade Santa Marcelina).
Data: 26 de agosto de 2017 (sábado).
Horário: Das 15h às 18h.
Entrada: R$ 50,00
Vagas: 30 (trinta vagas).
Inscrições: até 25 de agosto (ou até o fim das vagas), por e-mail para brunnoalmeidamaia@gmail.com, confirmando nome, telefone para contato, e-mail, área de atuação e como soube do evento.
Brechó Minha Avó Tinha
Endereço: Rua Tomé de Souza, 100 – Lapa, São Paulo – SP, 05006-000 – Prox. Estação de Trem Lapa – CPTM – Linha 7 – Rubi.
Telefone: (11) 3865-1759/ 3641-3400.
Dia e Horário de Funcionamento: Segunda-feira das 11h às 18h30, de Terça a Sexta-feira, das 9h às 18h30, Sábados das 9h às 16h.
Informações: minhavotinha@hotmail.com
Possui estacionamento na loja.
SOBRE O BRECHÓ MINHA AVÓ TINHA
Iniciamos os trabalhos enquanto Antiquário em 1989, e com roupas a partir de 1991. Desde sempre, pautamos nosso trabalho com curadoria de estilo e qualidade acima de tudo.
Possuímos um acervo vintage de mais de 10000 peças, em roupas e acessórios originais, de várias épocas de nossa história recente de moda e estilo, seja no feminino, masculino e infantil, e no antiquário, permitindo que sejamos fornecedores tanto em venda e locação para uma gama de clientes que buscam nesse universo satisfazer seus anseios.
Como clientes temos público em geral de consumo, produtores de arte e figurino das mais diferentes mídias, e televisão, teatro, cinema e mercado publicitário, além de pesquisas de estilistas e estudantes.
Estamos hoje localizados, em São Paulo, no Bairro da Lapa, à Rua Tomé de Souza, 100, em um casarão dos anos 30 com cerca de 750 m², divididos em venda, locação e antiquário.
www.instagram.com/minhavotinha
MINISTRANTES:
BRUNNO ALMEIDA MAIA:
Pesquisador em Filosofia pela Unifesp e professor do Senac Lapa Faustolo, ministrou cursos de Literatura e Moda na Escola São Paulo, na FAAP – Fundação Armando Alvares Penteado, na Biblioteca Mário de Andrade, no Sesc Consolação, no Sesc Pompeia, no Sesc Ipiranga e no CPF – Centro de Pesquisa e Formação do Sesc SP. É autor do livro “O Teatro de Brunno Almeida Maia” (Ed. Giostri, 2014), “Moda Vestimenta Corpo” (Ed. Estação das Letras e Cores, 2015) e “São Paulo em Palavras” (Editora Aquarela Brasileira, 2017). Saiba mais em www.facebook.com/maiaalmeidabrunno
EDUARDO LAURINO:
Formado pela Faculdade Santa Marcelina, em 2003, é chapeleiro de sua marca homônima. A criação de acessórios cresceu concomitante ao seu desempenho como figurinista, em que obteve grande repercussão em espetáculos históricos, como “A Galeria Metrópole”, e, recentemente, em “Garricha”, dirigido por Bob Wilson. Como professor, ministrou cursos no Senac Lapa Faustolo, na Oficina Cultural Oswald de Andrade, na Oficina da Palavra Casa Mário de Andrade e, mais recentemente, integrou o corpo docente do curso técnico em estilismo do Senac Penha. Saiba mais em www.facebook.com/eduardo.laurino
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