A Moda e a Guerra
Por Augusto Paz “As duas Grandes Guerras certamente configuraram importantes câmbios socioeconômicos no cenário mundial. Houve a ascensão dos Estados Unidos como grande potência e…
Por Augusto Paz
“As duas Grandes Guerras certamente configuraram importantes câmbios socioeconômicos no cenário mundial. Houve a ascensão dos Estados Unidos como grande potência e o desenvolvimento de novas tecnologias. Todavia, é quase sempre ignorado o efeito que os dois grandes conflitos surtiram na indumentária feminina.
No século XIX, as nobres e burguesas vestiam-se com pompa. Usavam vestidos feitos sob medida, que muitas vezes levavam mais de cinquenta metros de tecido. Sem mencionar os riquíssimos bordados feitos à mão e a delicada aplicação de pedras preciosas. As mulheres ainda usavam os torturantes espartilhos e a vida era opulenta e próspera.
Nos anos 1910 surge a Belle–Époque. As cinturas continuam finas, mas os quadris se avolumam com anquinhas e volumosas anáguas. É resgatado o ideário Greco-romano e começa-se a fazer uso de tecidos leves, rendas e drapés. Os salões de baile estavam sempre lotados e a última moda eram as soirées. No final da década, entretanto, estoura a Primeira Guerra Mundial e as atenções – e recursos – do mundo voltaram-se para o conflito. As consequência disso foram devastadores para o mundo da moda. Estilistas tais quais Jean Patou e Paul Poiret (aquele que livrou as mulheres dos torturantes espartilhos) foram convocados à batalha e tiveram de fechar seus ateliers. Em consequência disso, surgem no mainstream fashion nomes femininos como Madeleine Vionnet e Coco Chanel. A situação sociopolítica não permitia mais extravagâncias. Os coloridos vestidos de tecidos exóticos tiveram de ser substituídos por peças mais práticas, simples e sérias. Vide a criação dos tailleurs de jersey de Chanel. Em vez dos delicados vestidos de renda e das botinhas da Belle Époque, a mulher da Primeira Guerra Mundial teve de se contentar com vestidos de flanela e algodão, mais baratos e duráveis, e sapatos baixos. Além disso, a mulher teve de assumir os postos de trabalho deixados pelo contingente masculino, que se encontrava agora em campo de batalha. O resultado: A moda quase desapareceu. Optava-se por peças essencialmente práticas ou uniformes.”
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