A História do Perfume e a Moda – parte 1

Marilyn Monroe usava cinco gotas do perfume Nº 5 da Chanel

Usar  roupas de grifes famosas é o sonho de muita gente, principalmente dos amantes da moda. Mas, o que fazer quando isso está fora da nossa realidade? A solução pode estar nos Perfumes… 

Estudiosos afirmam que comprar um perfume de grife pode ser uma saída para quem não pode comprar a roupa do seu estilista favorito e acredite – a sensação de estar usando a roupa é quase a mesma!

A utilização de aromas e bálsamos foi uma prática comum nas mais antigas civilizações. As primeiras referências históricas importantes provêm do Oriente Médio, especialmente do Antigo Egito, como demonstram as descobertas de inúmeras escavações arqueológicas, nas quais foram encontrados vasos de alabastro para perfumes.

Amostra de vaso de alabastro – Egito Antigo

Os sacerdotes egípcios faziam um grande uso de perfumes para homenagear as divindades. Para eles a vida terrena era apenas uma pequena parte de toda a existência e servia para preparar a viagem ao além, até o encontro com os deuses. Por isso, os corpos dos defuntos deviam ser conservados o mais íntegros e fragrantes de aromas possível.

A mumificação consistia na retirada do cérebro e das vísceras dos mortos, para serem substituídas por estopas impregnadas de perfume e depois untadas com açafrão – uma substância a base de carbonato de sódio – e finalmente envolto em tiras impregnadas de uma resina com propriedades antiparasitárias.

Em Tebas, havia um local inteiro reservado á mumificação, chamado Memnônia. De lá, um cortejo de sacerdotes transportava o sarcófago com o corpo embalsamado até a tumba, que ficava localizada na outra margem do rio Nilo.

Durante o trajeto, eles queimavam resinas perfumadas que simbolizavam o sopro da vida imortal. Quando chegavam no túmulo, a múmia era recoberta com ungüentos aromáticos, sua cabeça era coberta com flores e folhas e ao seu lado depositavam-se objetos cotidianos como pertences e presentes que lhe podiam ser úteis no além-túmulo. Entre os presentes havia caixas e vasos com ungüentos sagrados, cosméticos e perfumes.

Representação de Cleópatra

Mas não era somente no ritual funerário que o perfume era tão utilizado pelo povo egípcio. As famílias egípcias utilizavam os perfumes, principalmente nas lavagens dos corpos; prática mais comum entre os homens; que realizavam seus banhos em uma sala de banho situada na parte superior da casa, descrita como “a sala mais fresca de todas”. Os homens sentavam-se em bancos e encostavam-se na parede enquanto alguns escravos jogavam água perfumada por cima e outros queimavam aromas perfumados em incensários.

As mulheres utilizavam os perfumes em outra sala da casa, que se chamava “de unção”; a dona da casa deitava-se no chão sobre esteiras e as donzelas friccionavam os cabelos dela com uma pomada aromática chamada abra; outras untavam o corpo com óleo para clarear e suavizar a pele.

Ao contrário das civilizações egípcias, os persas, segundo o historiador Heródoto, não consagravam sacrifícios nem defumações aos deuses. Na Babilônia, não se conhecia o sabão, mas os perfumes eram muito populares. Os altares de Zaratustra, na Pérsia, eram borrifados de perfumes cinco vezes ao dia. Essa prática foi reconhecida após a reforma religiosa no século IV a.C., e ficou conhecida como Zoroastrismo.

Os persas não sabiam utilizar os perfumes. Usavam-os apenas para afastar os espíritos malignos. O incenso era empregado nos exorcismos, enquanto nas doenças se tentava conquistar os favores do Deus do Bem, lhe oferecendo óleos perfumados para amansar o Deus do Mal.

Dário, o poderoso rei dos persas, apenas teve seus cabelos lavados no momento do seu nascimento, mas ele era um grande apaixonado por perfumes e os usava em excesso para ocultar os maus odores de seu corpo. Plutarco, que viveu no século I, contava que quando Alexandre Magno entrou na tenda de Dário, espantou-se ao descobrir que era “um lugar perfumado com fragrância de aromas e” ungüento” e anos mais tarde, ao regressar ao seu pátrio, quis imitá-lo borrifando o chão do seu palácio com água perfumada e rodeando-se de incensários cheios de incenso de mirra”.

Na misteriosa Mesopotâmia, os perfumes desempenhavam um papel importante na vida de um casal; o marido devia proporcioná-los á esposa, tanto como ato de amor como para o rito de purificação. Toda a população utilizava óleos purificadores; os pobres deviam se contentar em purificarem-se com óleo de gergelim, enquanto os ricos podiam fazê-lo com finos óleos de murta e de cedro.

Foram os Cruzados que trouxeram consigo os primeiros óleos perfumados e as primeiras águas de rosas conhecidas no continente europeu, mas quem os comercializava foram os mercadores das cidades marítimas da Espanha e Itália, principalmente os Venezianos.

O seu comércio não se desenvolvia unicamente na Terra Santa e em Constantinopla, mas também nos portos da Síria, Líbano e Alexandria, no Egito. De todos estes lugares eram trazidas especiarias as quais se acrescentavam os óleos perfumados já prontos para usar, e também as águas de rosas, de violeta e de jasmim, cujos quais vendiam tudo para satisfazerem as necessidades dos senhores de classes mais elevadas. Além de produtos para as damas, os mercadores ofereciam perfumes intensos para os homens e incensos aromáticos que deveriam ser queimados nas casas para disfarçar os maus cheiros.

Não há um consenso histórico de que o perfume na Idade Média servia realmente para aliviar o mau cheiro, devido á falta de higiene, mas há uma concordância em afirmar que na França os fiéis lavavam-se sempre com muito cuidado aos domingos, antes de assistir uma cerimônia religiosa, para eliminar as “sujeiras” da alma e do corpo; os sacerdotes tomavam até um banho litúrgico antes de rezar a missa, utilizando os mesmos estrígeis, que tinham herdados dos romanos e, imediatamente depois de se secarem com panos quentes, untavam-se cuidadosamente com substâncias perfumadas.

Logo após a Revolução Francesa, no fim dos anos 1700 e início de 1800 com a industrialização, o uso de perfumes propagou-se e hoje movimenta bilhões de dólares no mercado mundial.

Fonte da Pesquisa: “O Fascinante Mundo dos Perfumes” – Editora PLANETA e “Brasilessencia” de Renata Ashcar.

Curiosidades dos perfumes

Fonte: PerfumeImportaMais

As fragrâncias classificam-se em:

  • Cítricos Florais: quando utilizam matérias-primas extraídas de cascas de frutas tais como lima, limão, laranja, pomelo, tangerina, mandarina, entre outras. Também denominam-se “frutados”.

  • Florais Aldeídos: a matéria prima é extraída das flores naturais ou desenvolvida sinteticamente em laboratórios. As notas tem caráter delicado, sutil e discreto.

  • Fougère: elaborado a partir de matérias-primas leves e frescas, normalmente extraídas de madeira, por isso são conhecidos como amadeirados, e a elas se juntam a mistura de alcoóis, tubérculos e raízes. São muito utilizados em fragrâncias masculinas.

  • Chipre Florais: fabricados com matérias-primas advindas de musgos, normalmente do carvalho. São os perfumes mais clássicos e sofisticados.

  • Orientais Florais: suas misturas são constituídas normalmente das tuberosas, baunilha , patchouly, ylang ylang. Inspiram sofisticação, são marcantes, misteriosos e super sensuais.

  • Couros Secos: fragrâncias extremamente secas, com características dominantes. Suas matérias primas são extraídas do tabaco, de madeiras, couros, musgos etc.

  • Aldeídos Florais: geralmente são misturas sintéticas, também usadas nos perfumes muito clássicos e sofisticados. Possuem um certo frescor inicial característico e picante.

  • Aromáticos Secos e Frutados: são misturas de secos e frutados, que criam uma fragrância híbrida. Geralmente usam condimentos como cominho, estragão e manjericão, além de especiarias como o cravo, canela, noz-moscada e até mesmo a pimenta.

Famílias olfativas

São as sensações olfativas que se sente nas diversas fases da utilização do perfume. Estão divididas em três partes: notas de cabeça, de coração e de fundo.

Notas de cabeça ou de saída: são as primeiras sensações que temos ao passar ou espargir o perfume. São extremamente voláteis e via de regra muito leves. São essências à base de limão, laranja, bergamota, lavanda, pinho, eucalipto e folha de chá dentre outras. Quando um perfume é muito fresco, suas notas são quase todas voláteis, daí porque seus aromas duram menos tempo.

Notas de coração ou de corpo: é a alma, a personalidade do perfume. Normalmente são fortes e se fixam por um tempo maior do que as notas de cabeça. São utilizadas essências menos voláteis e mais pesadas, dentre elas o tomilho, o cravo, aldeídos, cominho, pimenta, e outras especiarias. Ou seja notas de coração ou de corpo são o tempero de um bom perfume.

Notas de fundo ou de fixação : ( o fixador gorduroso que adere à pele. Os preços dos melhores fixadores são muito altos, em geral ): é o responsável pela fixação da fragrância na pele. Com fixadores são usadas resinas e extratos amadeirados e de origem animal, como o musk, o castor, o almíscar e o civete.

Acordes: são os conjuntos ou as misturas das essências, aquelas que mais se sobressaem valorizando o perfume pela qualidade de sua composição.

Saiba mais sobre os perfumes no blog Perfume Importa Mais.

OUTRAS DICAS

Para saber mais sobre mumificação clique aqui e veja site com ótimas imagens.

Outra referência sobre o assunto é o filme Perfume (2006).

Perfume – The Story of a Murderer (Das Parfum) Trailer

Fonte da Pesquisa: “O Fascinante Mundo dos Perfumes” – Editora PLANETA e “Brasilessencia” de Renata Ashcar.

Leonize Maurilio: Leonize Maurílio é formada em moda pela UNIP (Universidade Paulista) desde 2004, atua como compradora de confecção e desenvolve coleções como estilista free-lancer. E.mail: leonize_maurilio@yahoo.com.br

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