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A história do Kimono e suas variações

Fato: Chama-se displicentemente, por aí,  de kimono qualquer  vestimenta sem botões que se feche amarrando com um cinto do mesmo tecido… Então o seu roupão…

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Fato: Chama-se displicentemente, por aí,  de kimono qualquer  vestimenta sem botões que se feche amarrando com um cinto do mesmo tecido… Então o seu roupão de toalha, a roupa dos judocas e o vestido das gueixas são todos irmãos? Não,  apenas parentes distantes… E aquele robe-de-chambre de cetim, com bordados coloridos? E  o kimono curtinho e de algodão dos sushimen, é kimono? Também não.  Vamos lá, puxe um tatame e vamos por ordem nessa bagunça:

Kimonos são vestimentas largas, de corte reto e medidas padronizadas, imutáveis desde o século 16. Eles sempre foram usados por homens e mulheres indiscriminadamente, diferenciando-se apenas por convenções de cores e motivos decorativos.  Os masculinos tem cores normalmente mais sóbrias, com predominância do preto e amarrados com uma tira de tecido. Os femininos são fechados com uma faixa larga de tecido brocado (Obi) e são compostos de várias camadas sobrepostas, o que exige a ajuda de outra pessoa para vesti-lo. Suas cores e motivos decorativos variam conforme a estação do ano e o comprimento das mangas indica o status marital de sua dona – mangas longas para as jovens livres.

Os kimonos surgiram como vestimentas formais para uso na corte imperial, sendo usados em até 12 camadas sobrepostas (fig.1), evoluindo para uma versão mais simples de 3 ou 4 camadas no final do século 17. Curiosamente, nessa época os kimonos já eram de uso comum da população e surge a demanda pelo novo, o original e não apenas o que era apropriado como antes. Cria-se, nesse momento, o conceito de moda no Japão, fortemente impulsionado pelos bordéis e suas cortesãs, grandes consumidoras de kimonos, em constante busca da peça única que as fizessem se destacar de suas concorrentes ( fig.2).

Fig.2 Kimonos – Em busca da peça única / Fig.3 -La Japonaise de Monet

Surgem , então, os costumes do complexo jogo de sedução que incluía usar um kimono mais rico sob o externo, a ser revelado apenas  na intimidade, ou deixá-lo levemente caído para trás, revelando o pescoço e sua sugestão da nudez prometida.

Após 1868, com a restauração Meiji que abriu o Japão para o mundo exterior, os viajantes ocidentais passaram a trazer luxuosos kimonos bordados para casa junto com outros objetos artísticos. Na França surgiu o termo “japonaiserie” e os vanguardistas pintores do Impressionismo abraçaram essa estética, fascinados pela perspectiva original da gravura japonesa e a riqueza de detalhes de seus objetos e tecidos.  Monet pintou mesmo um retrato de sua esposa usando um extravagante kimono vermelho bordado, chamado “La Japonaise”(fig.3).

A próxima onda de interesse pela vestimenta oriental veio com os soldados americanos que lutaram no Japão, na segunda grande guerra , e também na Coréia e no Vietnam e que trouxeram kimonos e seus similares para suas esposas e namoradas. Surge aí a confusão entre os kimonos verdadeiros, encontrados apenas no Japão e seus variantes produzidos em cetim bordado nos outros países, adaptados ao gosto ocidental por souvenirs vistosos e baratos.

A “família” kimono, inclui, além dos modelos formais mais grossos e forrados, o Yukata, mais leve, de algodão estampado e sem forro, usado para relaxar em casa, dormir ou até mesmo sair em dias de muito calor ( fig.4 ), o Haori, um casaco mais curto que se usa aberto sobre o kimono  (fig.5) e o Happi, um cruzamento do Haori com o Yukata, curto e de algodão, usado pelos sushimen.

Haori – um casaco mais curto que se usa aberto sobre o kimono /  Yukata – mais leve, de algodão estampado e sem forro, usado para relaxar em casa, dormir ou até mesmo sair em dias de muito calor

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Por Eduardo Lourenço

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