A história das Roupas Vintage – Nem sempre foi moda usá-las, saiba como tudo começou

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Recentemente, o consagrado site francês Vestiaire Collective anunciou a abertura de uma nova categoria, composta por roupas vintage de no mínimo 15 anos de idade, assinadas por labels como Hermès, Comme des Garçons e Thierry Mugler. A série Girlboss, lançada este ano pela Netflix, conta a trajetória de Sophia Amoruso, que começou a vender roupas de segunda mão pelo Ebay e em poucos anos fundou o império milionário da Nasty Gal. Assim como ela, milhares de brechós e lojas online dedicam-se exclusivamente a garimpar roupas vintage ao redor do mundo, embora poucos saibam como toda essa história começou.

Com a expansão dos brechós online, comprar roupas vintage hoje se tornou algo muito corriqueiro, mas nem sempre foi assim. Esse apelo fashion dado para as peças antigas só surgiu em 1957, graças a um casaco de pele de guaxinim e um grupo de amigos boêmios reunidos em um jantar. No livro “From Goodwill to Grunge: A History of Secondhand Styles and Alternative Economies”, a autora Jennifer Le Zotte conta tudo sobre o surgimento do fenômeno vintage, que reflete até hoje no mundo da moda.


As gêmeas Olsen escolheram dois vestidos vintage para o Oscar 2017. Na série Girl Boss, Sophia Amoruso abre a loja Nasty Gal após faturar muito vendendo um casaco de couro vintage no ebay.

A História das Roupas Vintage

A nossa história começa em 1955, com o crescimento da popularidade do programa de TV Davy Crockett: King of the Wild Frontier. Naquela época, a tendência entre os homens era usar o chapéu de pele igual ao do protagonista, Fess Parker. Para suprir a demanda (cerca de 5 mil chapéus por dia), as lojas de departamento começaram a reaproveitar o material de casacos de pelo de guaxinim antigos, que estavam encalhados no estoque. Esses casacos tinham sido uma febre entre os universitários da Ivy League nos anos 20, utilizados principalmente pelos homens mais abastados e também por algumas mulheres. Com a crise de 1930, esses símbolos de ostentação e frivolidade rapidamente perderam a popularidade e ficaram esquecidos nas lojas, então a tendência dos chapéus de pele veio a calhar.

Davy Crockett: o chapéu do personagem principal virou febre entre os jovens dos anos 50

Em 1957, o arquiteto e professor Stanley Salzman e sua esposa Sue eram famosos pelas festas em sua residência em Greenwich Village, um bairro bastante próspero. Nesses eventos, compareciam os principais artistas da época, todos amigos do casal. Até que em uma noite, Sue contou aos seus amigos como havia encontrado um casaco de pele maravilhoso em uma loja e perdeu a peça para uma compradora mais incisiva, o que a deixou bastante chateada pois aquele casaco era um artigo raro na época. Nisso, uma ex-aluna de arquitetura disse que sabia onde eles poderiam encontrar dezenas de peças como aquela. Um parente seu tinha uma loja infantil e havia comprado pilhas de casacos para transformar nos chapéus do momento. Foi assim que os Salzmans conseguiram não apenas um, mas 13 casacos, com os quais presentearam todos os convidados da festa.

Uma influenciadora da sua época, Sue Salzman apareceu no jornal em uma foto sentada ao lado da pilha de casacos, afirmando que era grande fã dos anos 20. Logo a coisa se espalhou e todos os conhecidos do casal também queriam uma peça, incentivando-os a inaugurar uma loja própria.

Roupas Vintage – Sue Salzman posa ao lado dos casacos raros garimpados, que haviam sido febre em 1920.

Em junho de 1957, a revista Glamour publicou a foto de um dos casacos, indicando os Salzman como fornecedores, confirmando o boom da tendência. Pouco depois, a loja de departamento Lord & Taylor entrou em contato com o casal solicitando uma compra enorme, anunciando em seu catálogo os maravilhosos casacos Vintage, nomenclatura repetida pela Macy’s e que assim cunhou o termo como conhecemos hoje.

 

Roupas Vintage – Os casacos de pele de guaxinim em 1920 e ao lado anúncios da Macy’s de 1957.

O revival dos casacos de pele de guaxinim, em fotos da época.

Antes da década de 1950, o termo vintage (palavra derivada da vinificação) descrevia apenas carros antigos e mobiliário requintado. Nas décadas seguintes, vestir-se com roupas de segunda mão se transformou em uma tendência forte entre os jovens, especialmente os universitários abastados, que abraçaram a febre dos casacos de pele de guaxinim e os transformaram em objetos de desejo novamente.

Até hoje, roupas vintage atraem uma variedade de consumidores por inúmeros motivos, sejam eles políticos, estéticos ou econômicos. Com o aumento dos brechós on-line e uma geração cada vez mais ávida por peças com memórias afetivas, essa história está longe de ter um fim!

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Francieli Hess: Francieli Hess é estilista, empresária e produtora de conteúdo especialista em SEO. Atualmente reside na Índia, onde dirige sua marca Hess e atua como consultora internacional de negócios de moda, com foco em inovação e sustentabilidade. Instagram: @francielihess Site: www.hessbyhess.com

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