A História das Drag Queens – Parte 2

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Em 1947 o Flamingo Club em Los Angeles era uma das principais casas de shows para as drags, que atraíam tanto o público gay quanto o público hétero. Apesar de um grande crescimento conservador nos EUA uma drag queen ainda conseguia agradar grandes públicos – se fosse com motivos de entretenimento, a sociedade aceitava homens vestidos de mulheres; mas para satisfação pessoal a prática ainda era extremamente condenável.

Na virada para a década de 50 os shows de drag queens já não eram tão mainstream, mas algumas casas e performers conseguiram sobreviver. Já o público hétero precisava ir sem ser visto na audiência, uma vez que isso poderia causar fofoca na vizinhança. Nos anos 50 a arte continuou a evoluir, assim como a qualidade das maquiagens encontradas no mercado. Drag queens profissionais deveriam realmente parecer com mulheres quando montadas. Foi na segunda metade dos anos 50 que as imitações de celebridades começaram a ficar populares entre as drags. A celebridade mais imitada, sem dúvida, era Marilyn Monroe.

Ainda na década de 50 surge a Casa Susanna, um resort em Nova York que funcionava como um lugar seguro para homens se vestirem de mulheres livremente, apenas por satisfação pessoal, sem fins de entretenimento. Era um refúgio da sociedade conservadora.

Nos anos 60 a Casa Susanna ainda era um sucesso, ainda mais se considerarmos que essa década foi cheia de mudanças e revoluções, principalmente nas questões sexuais. As drags começaram a se reunir com mais frequência e os EUA viu o surgimento dos primeiros bares gays, como o Stonewall Bar em Nova York. A arte drag começa a evoluir para uma forma de expressão de homens gays. Era menos uma forma de ganhar dinheiro e mais uma maneira de criar uma comunidade.

Já no final da década de 60 a comunidade gay começa a lutar pelos seus direitos. As manifestações, muitas vezes violentas, contra a polícia aconteciam no Stonewall. Há relatos de que as drags tiveram uma forte participação nos protestos, como drags jogando moedas ironizando os policiais, ou uma drag que vandalizou um carro da polícia usando sua bolsa de mão.

A partir daí, com a comunidade gay se organizando e lutando cada vez mais pelos seus direitos e com o nascimento das paradas gays na década de 70, as drags começam a ganhar mais destaque com o público em geral. Tiveram seu grande sucesso durante os anos 80 e 90 e hoje despertam a fama mais uma vez.


No cinema temos Harris Glenn Milstead, mais conhecido como a drag queen Divine, que abraçou a contracultura dos anos 60 e se tornou a grande  inspiradora do cineasta John Waters. Ela atuou em seus filmes, fazendo parte do Dreamlanders – elenco e equipe de regulares que John Waters usava nos filmes. Eles incluíram os chamados  “garotos maus suburbanas” entre outros. Divine estrelou uma série dos primeiros filmes de Waters, tais como Mondo Trasho (1969), Multiple Maniacs(1970), Pink Flamingos (1972) e Female Trouble (1974).

Os filmes se tornaram clássicos cult, com Divine tornando-se particularmente conhecida por interpretar o papel de Babs Johnson, em Pink Flamingos.

Divine manteve-se uma figura de culto, especialmente dentro da comunidade LGBT, e forneceu a inspiração para personagens de ficção, obras de arte e músicas. Vários livros e documentários dedicados a sua vida também foram produzidos, incluindo Divine Trash (1998) e I Am Divine (2013).

Atualmente é possível dizer que as drag queens são tão populares que quase beiram o mainstream. Elas estão nos teatros, no cinema, em festas e nas redes sociais. Quem popularizou ainda mais a arte, até mesmo para os leigos, foi RuPaul, com seu reality RuPaul’s Drag Race.

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Fotos: Little Things e The Gaily Grind

 

Samantha Mahawasala: Paulistana criadora de conteúdo, em jornalismo e marketing digital, há mais de 13 anos.

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