A história da Costura e a evolução do Prêt à Porter – Parte 2

Através da Moda, a roupa, tem sido utilizada como instrumento social para exibir riqueza e posição, podendo revelar nossas prioridades, aspirações, traços de caráter liberal ou conservador. Emprestando elegância e cor ao cotidiano, nossa aparência dá forma aos nossos sentimentos. Para Gilda de Melo e Sousa em O Espírito da Roupas, o vestuário (roupa) é a principal palavra da linguagem que é a Moda.

Já segundo Gilles Lipovetsky em O Império do Efêmero (1993), tudo que está em evidência num determinado momento da história, de alguma forma vira moda e essa influência pode ser o estilo de uma cantora, um artista, um criador de moda, ou até mesmo a situação em que um país vive (economicamente, cultural, etc.).

Para ele, quem faz a Moda são as pessoas que gostam de algo que está em evidência decorrente de algum acontecimento do momento ou de algum pop star, já que Moda é o comportamento provocado pela identificação em massa.

Aqui a questão a ser colocada é a do fazer da moda através da produção de uma estética transmitida pela cultura de massa e produzida industrialmente, que gerou e tem mantido a cultura Fashion.

A palavra fashion vem do latim factio, que significa fazendo, ou fabricando, e dela deriva a palavra facção. Portanto, fashion é algo que alguém fazia ou fabricava.

Em 1840, com o surgimento da máquina de costura, estabeleceu-se a base para a indústria prêt-à-porter. As cinco principais capitais da moda dos séculos XIX e XX passaram a ser então Paris, Londres, Nova York, Roma e, mais recentemente, Milão. Para lá foram atraídas as pessoas criativas desse meio, embora outros centros, como Hollywood, também tenham dado sua contribuição.

Nada reflete mais a liberdade e a tecnologia de uma época do que a Moda. O século XX, por ter passado por tantas transformações em um período tão curto, historicamente, talvez tenha sido o espaço de tempo mais criativo da humanidade em matéria de roupas.

A Moda encarna as transformações políticas e reflete a vida cotidiana da maior parte das sociedades. Este é o motivo pelo qual seu estudo se incorpora ao universo da memória dos povos e civilizações, e por isso, esta sendo usada também para estudar a organização do trabalho e das profissões. Segundo Grumbach (2009), três datas marcam a História da Costura.

A História da Costura

Em 1910 foi assinado o divórcio entre a Couture e a Confecção, formando duas profissões diferentes. Em 1925, a Costura intensifica a comercialização da reprodução de seus modelos para compradores estrangeiros e, finalmente em 1950 cria-se o Prêt à Porter Frances, com confeccionistas anônimos assinando suas coleções.

Em 1943 foi criado o sindicato que regulamentou como áreas de trabalho diferenciadas a Alta Costura, o Prêt a Porter de Luxo e o Costureiro. Em 1973 nasceu em Paris a Federação da Costura, com a criação da Câmara Sindical da Costura e da Confecção para senhoras e crianças, do Prêt a Porter dos Costureiros e dos Criadores de Moda. Neste momento já estava definida a emergência da cultura das Grifes produzidas em toda parte do mundo  estabelecendo o domínio dos criadores de Moda destas marcas.

Como registro de necessidades e comportamentos, as roupas têm muito para contar sobre a história da cultura industrial. O estudo desta cultura acaba sendo nossa maior fonte de estudos.

Durante a Idade Media, no século XII, o status da costureira se resumia a fazer consertos e ajuste para alfaiates e camiseiros, somente os mestres alfaiates possuíam legitimidade profissional para vestir homens e mulheres.

Em 1675 Luis XIV, imperador francês, permitiu que as mestras costureiras adquirissem reconhecimento e participação no mercado de costura de roupas sob encomenda, embora fossem proibidas de manter e vender tecidos em suas lojas.

O mercado feminino de trabalho de costura foi dividido por este soberano em quatro categorias: costureira de vestuário, roupas infantis, camisaria e acabamento. Apenas em 1782 foi concedido às mulheres o direito sindical de rivalizar com os alfaiates na confecção de corpetes, espartilhos e crinolinas, robes masculinos e dominós para bailes. A partir de então, algumas se tornaram famosas como Rose Bertin que era tida como a ministra da Moda da corte de Luiz XVI e Chanel.

Assembleias anuais das corporações de oficio decidiam as mudanças no modo de vestir. As mudanças dependiam das disponibilidades de matéria prima, dos corantes e das condições financeiras de cada nação para importar tecidos e corantes.

As grandes mudanças nas Modas do período absolutista se davam nas núpcias principescas, como no casamento de Henrique VIII, Maria Antonieta e das esposas de Napoleão Bonaparte.

As grandes revoluções da Moda se deram no modo de modelar e costurar, nunca no desenho.

Leia esta matéria completa no blog da Queila Ferraz.

Veja também: Museus e conceitos de Moda e seu impacto na economia pós-moderna / Parte 1.

Imagem via Barbara Sama

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Veja também: Museus e conceitos de Moda e seu impacto na economia pós-moderna / Parte 1.

Por Queila Ferraz

Queila Ferraz: Queila Ferraz é historiadora de moda e arte, especialista em processos tecnológicos para confecção e consultora de implantação para modelos industriais para a área de vestuário. Trabalhou como coordenadora Geral do Curso de Design de Moda da UNIP, professora da Universidade Anhembi Morumbi e dos cursos de pós-graduação de Moda do Senac e da Belas Artes.

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