Os vídeos com resumos de história da moda viraram um grande hit nas redes sociais. Este traz 100 anos de evolução da beleza masculina, mostrando como o visual dos homens foi mudando com o passar das décadas no último século. Pegando o vídeo como gancho, que tal conhecer um pouco mais da história da beleza masculina?
A História da Beleza Masculina
Assim como as práticas do vestuário, a beleza masculina também é influenciada pela adequação a comportamentos sociais esperados. O visual do homem deve se adequar ao que é definido pela sociedade com relação aos papéis de gênero, alternando momentos de grande exigência estética, como no Renascimento, onde eles eram extremamente ornados, com períodos de sobriedade no visual, o que foi uma característica bastante forte da moda masculina até bem pouco tempo.
Beleza Masculina na Antiguidade
Na Grécia, em Roma e no Egito antigos, os homens, não só eram os ícones de beleza, como também super vaidosos. Os faraós egípcios, por exemplo, se maquiavam para esconder as imperfeições. Nem precisamos ir tão longe. Ali nos séculos XVIII e XIX (no caso do Renascimento e dos Dândis), os homens usavam mangas bufantes, golas enormes e até perucas.
Na antiguidade os homens não só eram os ícones de beleza, como também super vaidosos. Os faraós egípcios, por exemplo, se maquiavam para esconder as imperfeições
Davi e Hércules – Ideal de beleza clássico. O sentido da beleza é histórico e, ao longo do tempo, assume diferentes formas e significados. Afinal, “[…] a Beleza jamais foi algo de absoluto e imutável, mas assumiu faces diversas segundo o período” (ECO, 2004, p. 14).
Na Antiguidade, o corpo masculino era super valorizado. As mulheres, inclusive, não eram muito representadas em esculturas ou pinturas. O que mudou somente a partir da Idade Média.
Por falar em antiguidade, confira nosso especial de Tatuagem de Medusa.
Mudança de paradigma
Esta grande mudança de paradigma foi promovido pela repressão sexual que veio mais forte no último século, quando a virilidade passou a ser transmitida por meio de uma aparência mais austera e a masculinidade passou a ser afirmada ou questionada em função de suas escolhas de vestuário e de estética.
A roupa, assim como o visual, participa na formação da imagem do homem e seu uso é manipulado de forma a aproximá-lo dos padrões e valores vigentes em cada época.
O homem no Renascimento e os Dandys, dois períodos em que a estética masculina era bastante espalhafatosa, contrastando com a sobriedade do visual do século XX
Barbas, bigodes e cabelos ao longo da história
Barbas e cabelos estão entre as características corporais mais utilizadas para a significação de status no decorrer da história: cor, forma, corte e até textura comunicam inúmeros significados sociais, tendo implicações significativas no modo como as pessoas se relacionam.
Em alguns períodos, barbas e bigodes eram sinônimos de masculinidade e poder. Tinham um prestígio tão aristocrático que na França de 1870 até 1910 a sociedade tentou proibir o uso do bigode em profissionais considerados inferiores, como agentes ambulantes, criados e cocheiros – chamados trabalhadores domésticos.
Na Grécia Antiga, por exemplo, usar barba era quase imprescindível entre os filósofos, pois ela era associada à sabedoria. Já na civilização romana, representava status político, além de potência sexual e criatividade.
No período medieval, as longas barbas foram substituídas por rosto liso, barbas ralas e pontiagudas marcavam o visual masculino.
História da beleza masculina
Contrastando com o rosto limpo do Século XVIII, o passar dos anos do século XIX, fez com que a moda masculina abandonasse as gravatas coloridas, os casacos e elegantes, calças justas e sapatilhas baixas, usadas por homens jovens magros e românticos, para, na Era Vitoriana, se tornarem grandes e sólidos. E a barba cheia tomou o lugar do rosto limpo, típico do Império.
Das perucas e trajes exuberantes do Renascimento, passando pela influência do uniforme militar típica do Império, aos elaborados trajes do Romantismo, a sobriedade da Era Vitoriana – cabelos, perucas, barbas, bigodes e rosto liso, alternam-se para contar a história da Moda Masculina. Contrastando com o rosto limpo do Século XVIII, o passar dos anos do século XIX, fez com que a moda masculina abandonasse as gravatas coloridas, os casacos e elegantes, calças justas e sapatilhas baixas, usadas por homens jovens magros e românticos, para, na Era Vitoriana, se tornarem grandes, sólidos e de barba cheia, como podemos observar nas duas últimas imagens.
As barbas e bigodes, que entraram na moda durante a segunda metade do século XIX, contribuíam para a aparência de maturidade. Contrastando com os 150 anos anteriores, em que a maioria dos homens da Inglaterra e América se barbeava e a barba cheia, não aparada, era sinônimo de velhice, negligência, excentricidade e até loucura, como a barba branca espessa do rei George III, no final de sua vida.
Em alguns períodos, barbas e bigodes eram sinônimos de masculinidade e poder. Tinham um prestígio tão aristocrático que na França de 1870 até 1910 a sociedade tentou proibir o uso do bigode em profissionais considerados inferiores
Em meados do século XIX, o ideal masculino era ser um homem corpulento em trajes preferencialmente negros e com barba. Por volta de 1860, barbas (aparadas ou não), bigodes e suíças (depois conhecidas como sideburns) eram uma grande febre. Mas já no começo de 1880, a barba começou a encolher, para dar espaço a suíças e bigodes espetaculares! Entre 1890 até 1920, a maioria dos homens só deixavam crescer o bigode. Saiba mais sobre o homem vitoriano e toda essa transição aqui.
A transição das barbas para as suíças e bigodes – História da beleza masculina
Já na cultura corporativa do século XX, a barba foi banida quase completamente dos altos escalões. Durante uma boa parte do século XX, o rosto lisinho virou sinônimo de civilidade e higiene, mas voltou com força nos anos 60 e 70, como símbolo da contracultura hippie. Já nos anos 80, o bigode foi a escolha preferida dos gays.
Os anos 90 baniram o uso da barba e do bigode em grande parte das cenas urbanas e, depois de uma longa política de “cara limpa”. Atualmente elas estão de volta e prometem ganhar ainda mais força, mas, agora não tem regra, o desafio é achar um estilo próprio, com barba ou sem barba, o importante é o homem se sentir bem!
Pinturas e sinais corporais, como tatuagens, piercings e até cicatrizes também estão entre elementos que compõe a beleza e a identidade masculina no passar do tempo.
O certo é que, tatuados ou não, barbudos ou de cara limpa, há sempre alguns ideais de perfeição, que são almejados e festejados por todos.
A bem pouco tempo, o homem ideal – o exemplo de beleza masculina que está em conformidade com os papéis de gênero tradicionais, traduz-se em um ser alto, magro (ser gordo pode significar que ele é preguiçoso e mimado). Ele também deve ser musculoso, afinal homens devem ser fortes como guerreiros. Os homens são lutadores. E, claro, tem que ser viril e protetor.
Mas, se você não se encaixa em nada disso, não desanime, porque a grande tendência em beleza masculina na contemporaneidade, é você encontrar o seu estilo e está feliz com ele. É você construir um jeito de viver, fazendo escolhas e sacrifícios que o torne realizado, e, traduzir isto através do visual, criando novos padrões e estilos de beleza.
Confira ótima matéria sobre barbas e bigodes no Obvious.
100 anos de Beleza Masculina
Agora vamos conferir uma breve cronologia da beleza masculina no último século.
1900 e 1910
Durante quase todo o século XX, a barba foi considerada sinônimo de sujeira e era feita como processo de higienização, mas ela também teve seus momentos de brilho neste século.
A moda masculina de cabelos não mudou radicalmente na primeira metade do século XX, prevalecendo o “look clean” que tinha a influência militar das duas guerras mundiais.
Pomada à base de óleo ou tônico capilar foram os produtos de cabelo mais populares para homens nas primeiras décadas do século.
Em 1900 o destaque fica por conta do bigode. O bigode representava honra. Como prova da honestidade de um homem, e para que sua palavra valesse, tirava-se um fio do próprio bigode. Tal gesto valia, em um acordo, mais do que qualquer documento. Além disso, o homem que o ostentava era visto como perfeitamente capaz de desempenhar os papéis que lhe eram atribuídos, pois um homem de bigode pressupunha segurança, independência e sucesso.
O bigode concedia uma posição de prosperidade socioeconômica. Isso acontecia porque seu uso era quase obrigatório entre as personagens importantes e influentes naquele período, e dessa forma ele era associado à sofisticação.
1920
A moda é feita de movimento e contra movimento, com uma geração sempre contestando a outra. Nos anos 20 os abastados bigodes foram substituídos por cara limpa ou no máximo um discreto bigodinho.
Os cabelos eram usados curtos e simples ao longo da linha do pescoço e acima das orelhas. Muitos deixaram crescer a parte de cima do cabelo e colocavam-na para baixo, alisando com tônico capilar.
1930
Já o visual masculino nos anos 30 tinha um “ar esnobe”, Hollywood e estrelas como Clak Gable no filme “Aconteceu Naquela Noite” marcaram a década.
Charme, bigode esnobe e um cigarro na boca foram marcas da elegância masculina na moda dos anos 30
1940
Época da Segunda Guerra Mundial, a referência aqui é militar. De cara limpa e já com um topetinho, uniformes e trend coach são uma verdadeira sensação!
1950
Nos anos 50 o rosto masculino permanece liso, os topetes ganham altura e viram uma marca da década. Surge o Rock n’ Roll, o ritmo que marcou a década.
Elvis Presley foi o grande ícone da década, com as suas costeletas compridas e o topete brilhante, ele começa a trazer flexibilidade ao homem com seus inigualável rebolado. Mas, foram os Beatles que, pela primeira vez em muitas décadas, tornaram novamente populares os cabelos mais compridos para homens, o que foi se popularizar mesmo na década seguinte.
1960
Na cultura corporativa do século XX, a barba foi banida quase completamente dos altos escalões, mas voltou com força nos anos 60 e 70, como símbolo da contracultura. Os cabelos ficam mais compridos, por influência principalmente dos Beatles e a barba aos poucos começa aparecer
O nascimento de uma nova juventude serviu para que a moda masculina seguisse novas tendências, abandonando o estilo clássico. Na segunda metade da década, os rapazes começaram a usar roupas mais coloridas e estampadas, buscando inspiração no movimento Pop Art
História da beleza masculina
1970
A partir da década de 70, houve ampla aceitação de estilos variados tanto para homens quanto para mulheres, desde os cabelos soltos e naturais até o estilo “punk”.
Tempo de liberação sexual e igualdade de direitos entre homens e mulheres. Os padrões de beleza masculinos sofrem mudanças drásticas. “As distinções ficaram mais tênues; os homens deixaram crescer os cabelos, ficaram menos musculosos e usaram roupas unissex”, diz a professora Denise Sant’Anna. Astros do rock como Mick Jagger e David Bowie consagram o visual andrógino.
1980
Os anos 80 serão eternamente lembrados como uma década onde o exagero e a ostentação foram marcas registradas. Os punks já haviam se estabelecido com seus looks mohicanos e os yuppies ficaram conhecidos por quererem ganhar muito dinheiro.
Durante os anos 70 e 80, os bigodes e cavanhaques foram muito difundidos entre a comunidade gay norte-americana, que tinha forte inspiração nos motoqueiros. Freddie Mercury e Village People são os maiores ícones com o visual bigodudo da época.
Em meados da década de 80 surgem os Grunges (às vezes chamado de Seattle Sound ou Som de Seattle), uma mistura de punk e heavy metal em Seattle, cidade no noroeste dos Estados Unidos. Grunge é um subgênero do rock alternativo. O termo grunge – que em seu sentido original significa “sujeira” ou “imundície” em inglês – descreve tanto o estilo visual (cabelo desgrenhado, roupas velhas e folgadas) de bandas e fãs, quanto o som saturado e distorcido das guitarras que dão o tom das músicas.
O rosto limpo dos anos 80, contrastava com o exagero típico da década com suas ombreiras e cabelos repicados ou trabalhados com com gel
O bigode veio mais tarde a ocupar um papel controverso. O que até certo período foi considerado símbolo de masculinidade torna-se, no final dos anos 70 e começo da década de 80, um visual adotado pela comunidade gay. Seu uso poderia, de fato, indicar homossexualidade. Imortalizado por Freddie Mercury, o estilo passou a ter características mais descontraídas, abreviando aquele ar austero dos homens que o usavam no começo do século. Nessa época, principalmente nos Estados Unidos, o bigode, barba e cavanhaque (chamado pêra, em Portugal) começaram a virar uma febre entre os homossexuais. Era a moda à Village People. Saiba mais sobre o universo das barbas e bigodes no Obvious.
1990
Nos anos 90 acontece o ápice do movimento Grunge com seus cabelos desgrenhados, barba por fazer e camisas xadrez símbolos da contracultura. Começa a ganhar força a tendência das tatuagens e piercings, entre ambos os sexos.
Mas na moda em geral, logo no começo da década, o rosto limpo virou sinônimo de sucesso financeiro e profissional. Serviços públicos, por exemplo, não permitiam que seus funcionários utilizassem um visual com pelos no rosto, mas isso começou a mudar já em 1999.
Na contracultura, adivindo da influencia de movimentos como o Grunge, via cabelso desgrenhados e a barba começa a aparecer, mas na moda como um todo, prevalece o o rosto limpo que virou sinônimo de sucesso financeiro e profissional
2000
Rosto lisinho marca a década, mas na década de 2000, continuou a tendência de tatuagens e piercings, entre ambos os sexos, que tinham começado nos anos 90.
Neste década, a moda foi profundamente influenciado pela tecnologia. Do final de 1999 até o final de 2001, houve uma abordagem futurista de looks monocromáticos, com metálicos, negros brilhantes, uso pesado de cinza. Este foi chamado de ” Y2K Fashion”.
Em 2001, quando o iPod foi criado, os fones de ouvido, assim como o próprio dispositivo, tornou-se tanto de um acessório, como símbolo de uma nova tribo.
Os anos 2000 impulsionam a grande tendência dos eletrônicos e aparelhos móveis.
Rosto lisinho volta com força total nos anos 2000 – História da beleza masculina
2010
Com o nascimento do novo milênio, a vaidade masculina ganhou um padrão diferente. Saem de cena os corpos extremamente musculosos dos anos 80 e entram Robert Pattinson e Justin Bieber, os meninos que, de tão sensíveis, se parecem com meninas, sem que isso seja ofensivo, muito pelo contrário.
O homem atual pode voltar a se preocupar com a estética. Isso o deixa mais conectado ao universo feminino, o que é essencial para uma aproximação com a mulher contemporânea. Passa a ser valorizada a silhueta mais longilínea, a franja… A imagem do homem que fica em casa tomando cerveja enquanto a mulher vai à academia caiu por terra.
Os adeptos do MMA (Mixed Martial Arts) compartilham um padrão corporal que caiu no gosto masculino. Boxe, muay-thai, jiu-jítsu ou krav magá são alternativas para construir músculos e desenvolver atributos como agilidade, equilíbrio e coordenação.
Barba
Atualmente, o uso (ou não), da barba continua representando os valores culturais de uma época. Mas busca também refletir as diferenças individuais, deixando, ou tentando deixar, maior espaço para a liberdade de expressão, evidenciando o estilo de cada homem.
Misturas Estéticas
No âmbito geral, entre as principais características da moda dos anos 2010, está a capacidade de “misturar”, trazendo tendências que fazem uma verdadeira fusão de estilos anteriores (retrô), roupas global e étnica (por exemplo, boho ), bem como da moda de várias subculturas baseados em música. Hip- hop moda em geral foi o mais popular entre os jovens, seguido pelo olhar unisex e olhar indie em meados da década.
Roupas éticas, peles falsas, couros vegetais, também são destaques nos anos 2010. Destaque também para os aspectos ecológicos e de sustentabilidade associados a indústria do vestuário, assim como a moda dos reciclados.
O retorno das barbas, sensibilidade e direito a estética são marcas do homem contemporâneo
Movimento
Uma das características mais marcantes do nosso período é a “correria”, traduzindo todo o movimento causado pela revolução tecnológica
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