7Weaves – Seda sustentável e artesanal empodera comunidades indígenas na Índia

A 7Weaves foi a primeira empresa social que visitei quando vim à Índia para lançar minha marca, Hess. No coração de Assam, esse pequeno experimento social mostra que a moda sustentável pode transformar a vida de comunidades indígenas e preservar a biodiversidade local. Confira:

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O que é seda Eri?

Fios de seda Eri tingidos e prontos para a tecelagem manual.

 

Também conhecida como seda Ahimsa ou seda-da-paz, a seda Eri é tradicionalmente fabricada no Nordeste da Índia, em especial na região de Assam.

Seu principal diferencial é o fato de ser o único tipo de seda selvagem que pode ser tecida sem matar o bicho-da-seda, razão pela qual é a preferida dos monges e adeptos ao budismo.

Em Assam, essa fibra é cultivada pelas comunidades indígenas e parte intrínseca da cultura local. Os insetos, inclusive, são uma das principais fontes de proteína da população indígena, que sobrevive da pesca e do cultivo de chá ou arroz.

 

A folha de mamona é a principal fonte de alimento do bicho-da-seda Eri, cultivado de forma selvagem em meio à floresta – Moda sustentável 7Weaves. A seda Ahimsa ou seda-da-paz  é também o único tipo de seda selvagem que pode ser tecida sem matar o bicho-da-seda

 

7Weaves: um experimento social inovador

 

E se um pedaço de tecido pudesse conservar a biodiversidade, empoderar comunidades indígenas e trazer liberdade econômica para a população local? Foi com esse questionamento poderoso que a 7Weaves me conquistou. Quando cheguei à Índia, em setembro de 2019, já estava planejando minha viagem para o Nordeste do país. Esse projeto parceiro desenvolve toda a seda Eri da minha marca Hess.

 

O primeiro centro da 7Weaves. Seguindo a tradição local, a construção é feita de paredes de bambu rebocadas com lama e chão batido.

 

Assam é o lar de alguns dos melhores chás e sedas do mundo. Hoje, considero minha segunda casa. Foi no coração da floresta Indo-Burma  – área biologicamente mais diversificada em todo o sul da Ásia – que conheci o verdadeiro significado da palavra “sustentabilidade”.

Digo isso porque a 7Weaves conseguiu criar uma estrutura inteiramente verde. O bicho-da-seda Eri é cultivado de maneira selvagem, uma vez que o inseto se alimenta das folhas de mamona que crescem abundantemente na floresta. Depois, o casulo é fiado completamente à mão. Até o fio chegar ao tear leva-se cerca de 4 inteiros, divididos em 3 processos diferentes.

Processo de fiação manual da seda Eri em um dos centros da 7Weaves.

 

Na hora de tingir o fio, outra surpresa: todos os pigmentos utilizados são 100% naturais e oriundos da floresta local. Mais de trinta tipos diferentes de corantes naturais estão disponíveis na região, incluindo folhas, sementes, raízes e plantas trepadeiras.

A magia do tingimento natural com a 7Weaves

“Usamos apenas plantas regenerativas sustentáveis que podem ser plantadas novamente em áreas florestais e evitamos a colheita de materiais que causem danos às plantas vivas”, explica Rituraj Dewan, fundador da empresa.

Além disso, toda a seda é tecida manualmente pelos habilidosos artesãos locais. Um conhecimento passado de geração em geração, com técnicas ancestrais fabulosas e que há muito se perderam no mundo moderno e industrializado.

 

Folha da planta que origina o Índigo assamês. A cor se transforma em azul após a oxidação.
Tingimento natural: índigo assamês.

 

 

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Como é feito um tecido de tear manual? – 7Weaves

O verdadeiro tear manual é operado apenas pelos pés e mãos dos mais habilidosos artesãos. Essa é uma estrutura que não necessita de energia elétrica e que deu origem ao processo industrial que conhecemos hoje.

Uma vez tingido, o fio é tecido à mão com uma variedade de técnicas tradicionais. Em Assam, toda casa tem um tear e toda mulher é tecelã. Esse senso de comunidade permeia todo o plano de negócios da 7Weaves.

Assim, esse pequeno experimento social opera de forma horizontal. Sem a figura do tradicional “artesão-chefe”, todos são incentivados à explorar sua criatividade e manter o espírito de equipe. No final do ano, 50% dos lucros da empresa são divididos igualmente entre os artesãos.

 

 

 

Como ajudar a 7Weaves durante a pandemia?

 

No último mês, a Índia entrou em um lockdown bastante restritivo. Com exceção dos serviços essenciais, todas as empresas foram fechadas, assim como o espaço aéreo do país. Isso causou um impacto severo na vida dos artesãos, que viram seus pedidos cancelados ou postergados e perderam as visitas de compradores importantes.

Pensando no bem-estar da comunidade local, a 7Weaves criou um fundo de socorro emergencial para os artesãos. A ideia é permitir que os fiadores, tecelões e agricultores possam cobrir seus custos básicos de vida pelos próximos meses.

Isso também significa que podemos continuar a construir um modelo de negócios auto-sustentável e voltado para o futuro, enraizado no apoio às comunidades indígenas e na proteção do meio ambiente.

Dentro da plataforma GoFundMe, você pode colaborar com qualquer valor. Para doar, clique aqui.  E, se possível, ajude-nos a compartilhar essa ideia para que a moda sustentável possa ser um agente real de mudanças sociais.

 

Francieli Hess: Francieli Hess é estilista, empresária e produtora de conteúdo especialista em SEO. Atualmente reside na Índia, onde dirige sua marca Hess e atua como consultora internacional de negócios de moda, com foco em inovação e sustentabilidade. Instagram: @francielihess Site: www.hessbyhess.com

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