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Saiba como é feito o desfile de uma escola de Samba – Regulamento, julgamento e custo – Parte 2

Para desvendar os segredos do Carnaval, festa brasileira transmitida para mais de 100 países, fomos visitar o barracão de uma das mais tradicionais escolas de…

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Para desvendar os segredos do Carnaval, festa brasileira transmitida para mais de 100 países, fomos visitar o barracão de uma das mais tradicionais escolas de samba do carnaval paulistano – a Nenê de Vila Matilde.

Em entrevista exclusiva com o diretor geral de harmonia da escola, Carlos Seles, e com o carnavalesco Magoo, vamos percorrer todo os processos que estão por traz dos desfiles, mostrando as etapas de construção e organização do carnaval de uma grande escola do grupo especial.

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O Desfile, o Regulamento e o Julgamento das Escolas de Samba

Seles explica que durante o ano a escola trabalhou em uma história – o enredo – que inspirou a criação das fantasias e alegorias. Depois vem à execução, isto é, montar cada parte, que só será vista por inteiro no sambódromo. A equipe que está trabalhando há meses sabe como montar esse verdadeiro lego – o grande segredo é toda logística que tem por traz.

No dia do desfile é enviado para os jurados uma pasta com a defesa de cada ala, de cada alegoria, de cada fantasia. Essa pasta explica qual é o tema, o que a escola quer passar para o público e traz um resumo contando a história do enredo, que virá dividido em cinco setores, representados cada um, por um carro alegórico com cinco ou seis alas.  Através deste manual, o jurado vai avaliar por diferentes quesitos, se o que ele está vendo na avenida está em sintonia com a proposta da escola.

O julgamento é decimal – perder um décimo é perder o carnaval. Cada escola sai com 300 pontos e vai perdendo durante o desfile. Alguns quesitos você tem que sair de casa com dez, como mestre-sala e porta-bandeira, coreografia da comissão de frente, bateria e harmonia.

Os jurados seguem um Regulamento bastante severo, o que acabou por tornar os desfiles muito burocráticos, diminuindo a espontaneidade e a ousadia das escolas. Como a nota mínima é 8, para não desvalorizar o trabalho do ano inteiro de uma escola, cada décimo passou a ser muito importante, podendo definir a vitória ou não.

desfile das escolas de samba

Cada vez mais, as escolas fazem um desfile técnico –  ousar é uma questão muito delicada e para fazer algo diferente, “você tem que ter coragem, porque isso pode atrapalhar o desfile”, conta Seles.

Todas as escolas na verdade desfilam para os jurados e montam um espetáculo maravilhoso, porque todas querem ser campeãs. Tem que ousar, mas dentro dos padrões de julgamento e com muita técnica, para que no final tudo dê certo. Na hora de desenvolver o desfile é necessário pensar no jurado, “será que ele vai entender o que está sendo feito na avenida?”, questiona Seles.

Os principais quesitos de avaliação são:

  • Comissão de frente: Alegorias e adereços
  • Evolução, Harmonia e Conjunto
  • Enredo
  • Samba-enredo
  • Mestre-sala e porta-bandeira
  • Bateria

Outros elementos avaliados:

  • Diretor de bateria
  • Rainha de bateria e afins
  • Ala das baianas
  • Velha-guarda
  • Intérprete/puxador
  • Carnavalesco
  • Dirigentes

Para Seles, critérios como Evolução, em que a escola tem que avançar todo o tempo, não pode ficar parada, se não é penalizada, dificultam o samba, já que para sambar é preciso parar em alguns momentos. A Evolução é a dança no compasso da sua bateria, você tem que evoluir sua escola na “batida do tambor”, como eles falam.

Por conta disso, os carnavalescos acabam sendo obrigados a coreografar a escola inteira, comprometendo a espontaneidade que é a essência do carnaval. Visto de cima é muito bonito, mas corre o risco dos participantes se sentirem como num desfile militar, sendo obrigados a seguir determinado passo, em determinado tempo, sem nenhuma espontaneidade, o que é contraditório, já que o carnaval nasceu para você extravasar, se divertir e não apenas marchar os 500 metros da avenida.

Quanto ao tempo de desfile, no Rio de Janeiro o prazo máximo é de uma hora e vinte minutos. Já em São Paulo o limite máximo é de 1 hora e cinco minutos. Ao longo da pista, ficam espalhados relógios com cronômetros, para marcar o espaço de tempo entre a saída do primeiro componente da concentração e a chegada do último componente à dispersão, quando finalmente é fechado o portão e o desfile é oficialmente encerrado.

Uma escola muito grande, com muito mais que 3500 componentes, é mais difícil de ganhar o carnaval, já que são apenas 65 minutos de desfile, independentemente do tamanho da escola. Dependendo do andamento que seu diretor de harmonia dê para comissão de frente, quando chegar ao final do desfile, ela vai ter que correr, atrapalhando a Evolução e Harmonia, explica Seles.

IMG_0067Esculturas sendo finalizadas no barracão da Nenê para o desfile do Carnaval 2013. A logística é o grande segredo das na construção de um desfile

Desfile das campeãs

É um desfile que foi instituído na década de 1980, no Rio de Janeiro, onde as melhores escolas de samba do Grupo Especial desfilam novamente no sambódromo, no final de semana seguinte ao carnaval. Este desfile não possui caráter competitivo, é apenas uma espécie de festa para coroar as melhores escolas do ano, onde os foliões podem estar mais despreocupados com os quesitos.

Os Números e o Financeiro

Carlos Seles, diretor de harmonia da Nenê de Vila Matilde, revela que para um desfile grandioso com confiança e que pretende estar entre os campeões, uma escola precisa de no mínimo R$ 5 milhões . Entretanto, para colocar uma escola no sambódromo, com R$ 2,0 ou 2,5 milhões, a escola já é possível fazer o desfile.

Os principais patrocinadores das escolas são a Prefeitura, a Rede Globo (através do direito de imagens) e o Ingresso Fácil.

As escolas também buscam outros patrocínios e parceiros, geralmente empresas que vejam valor agregado na sua comunidade. No caso da Nenê, escola tradicional que tem uma comunidade forte na Zona Leste, região com mais de 4 milhões de habitantes, pode atrair empresas de serviços, como faculdades etc.

A maior parte das pessoas que trabalham no carnaval, não depende dele para viver e fazem um trabalho voluntário.

As escolas têm alguns profissionais que são contratados, como o coreógrafo e o carnavalesco, que dependendo da escola não ganha quase nada ou pode ter um salário de 80 mil a 100 mil reais.

Entre as fantasias, a da porta-bandeira está entre as mais caras, chegando a custar mais que um carro zero.

O que acontece depois do desfile com as esculturas, alegorias e fantasias?

Atualmente se tem um comércio grande de carnaval. Itens como esculturas e fantasias são compradas por escolas menores, que assistem ao desfile e depois entram em contato para reservar as peças.

Penas e alguns outros itens podem ser reciclados. As bases de ferro dos carros alegóricos também são reaproveitadas no carnaval seguinte.

[http://www.youtube.com/watch?v=zovNn1cHcYY]

Novos projetos

Para Calos Seles, é um absurdo ter que desmontar os carros logo depois do Carnaval, às vezes, no dia seguinte, no mês seguinte. O carnaval poderia ser mais bem aproveitado. Poderia ter um espaço para estacionamento de todos os carros alegóricos e ser criada uma associação que cuidasse da visitação desse espaço, gerando uma bilheteria que seria transformada em verba para próprias escolas, que às vezes tem dificuldade de fazer seu desfile.

São alegorias e carros que custaram milhões e que deixam as pessoas fascinadas, é um desperdício não aproveitar melhor todo esse potencial, poderia inclusive ser criado o museu do carnaval.

As próprias escolas poderiam se unir, na construção de um projeto como este, que poderia funcionar por três meses depois do carnaval.

Questões Polêmicas

Ainda segundo o empresário Carlos Seles, para engrandecer ainda mais o carnaval de São Paulo, seria necessário a profissionalização dos cargos da Liga das Escolas de Samba, que não deveria ter nenhum presidente de escola, mas sim um diretor executivo, com um projeto de carnaval a cada três anos, por exemplo.

Atualmente os diretores das escolas se revezam, coisa que não é vista com bons olhos, fica sempre aquela sensação de que ele pode ter beneficiado sua escola de alguma forma. Transformar a Liga num cargo executivo seria um caminho para profissionalizar ainda mais o carnaval paulistano.

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Agradecimentos especiais ao Carlos Seles que nos convidou para conhecer o barracão da Nenê e à comunidade que nos recebeu com todo carinho possibilitando esta matéria.

Por Denise Pitta de Almeida

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