Vamos dar um mergulho? Um histórico dos trajes de banho
Por Laura Ferrazza de Lima* O verão está aí a todo vapor e o moda manifesto não ficou de fora dessa onda. Mergulhou fundo na…
Por Laura Ferrazza de Lima*
O verão está aí a todo vapor e o moda manifesto não ficou de fora dessa onda. Mergulhou fundo na história do biquíni e trouxemos um editorial bem refrescante no início da estação. Mas, e antes do biquíni, como as mulheres faziam para banhar-se? Tudo começa pelo próprio hábito de tomar sol. Até finais do século XIX ter a pele bronzeada era sinal de pobreza Só os camponeses que tinha de trabalhar de sol a sol para garantir uns trocados pegavam uma corzinha. Nos países escravistas, como o Brasil, isso podia fazer com que a pessoa parecesse uma escrava e isso ninguém queria naquela época de violência racial. Mesmo o mar, tão bonito, era só para ser admirado. Não passava pela cabeça de uma dama se jogar na água e nem havia roupas apropriadas para isso. Claro que já devia rolar uns banhos de riacho, mas bem na moita e cercados pelos cuidados das mucamas.
Acontece que o final do século XIX é o auge do cientificismo. Houve uma revolução de pensamento em diversas áreas. São os médicos que vão começar a indicar os banhos de mar, dizer que é saudável, como também os de rio, de águas termais, etc. O próprio sol – de vilão passa para amigo – ao menos um pouco de exposição a ele era bem vinda. Não fiquem pensando que rolava alguma marquinha de biquíni ou algo parecido. É na Belle Époqhe que surgem os primeiros trajes de banho, uma espécie de macacão. Compostos por uma espécie de calçolas e uma blusa um pouco mais cavada. Nada sexy. Quer dizer, não para nós que hoje já chegamos ao fio dental, mas uma mulher sem anáguas e metros de tecido sobre o corpo já era algo muito provocador. Imagina que agradável dar um mergulinho com isso?
Não foram apenas os médicos quem deram um empurrãozinho pro pessoal cair na água. O próprio sistema de transportes também foi importante. Principalmente na Europa, era difícil se locomover até a praia ou balneários. O trem tornou tudo mais ficou fácil, assim o turismo nessas regiões foi alavancado e virou moda por lá, que acabou sendo copiada aqui. Também pudera, com esse litoral lindo e enorme essa moda tinha que pegar mesmo! Na década de 20, a revolução de costumes pós Primeira Guerra fez as mulheres cortarem o cabelo e encurtarem as saias. Essas mudanças logo foram assimiladas pelos banhistas. Os trajes de banho femininos ficaram mais aderentes ao corpo e tomaram a forma de macacões. Contudo, o material era ainda um tecido bastante pesado de malha ou lã, o que dificultava os movimentos e deixava a roupa muito pesada depois de molhar. Nessa época começou a ser incentivado também a prática de esportes, com aval médico, é claro. A natação exigia movimentos mais precisos, trajes mais leves e menores. Isso acabaria influenciando os trajes a beira mar.
Os anos trinta levaram o glamour do cinema para a beira da praia. Foi o início do luxo na Riviera francesa. Os primeiros maiôs – claro que supercomportados – mostravam a perna inteira, um escândalo para a época. Mas a coqueluche do momento eram as calças pantalonas lançadas por Chanel para o lazer marítimo. Eram combinadas com blusas leves e um enorme chapéu. Apesar de o biquíni ter sido lançado em 1946, como bem ilustra a reportagem de Ana Carolina no nosso site, os anos cinqüenta e seu moralismo comportado impediram sua difusão imediata. O que temos nessa época é uma diminuição no tamanho do maiô e modelos diferenciados como: o tomara que caia, os de um ombro só, e a criatividade aumentou. O tempo trouxe melhores tecidos e uma praticidade invejável para o banho de mar atual, mas alguém precisou ousar em sua época para que continuemos ousando hoje!
* Laura Ferrazza de Lima é mestranda em História pela UFRGS e
pesquisadora de História da Moda.
Matéria retirada do Site ModaManifesto, onde tem várias outras matérias interessantes, vale a pena conferir.
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