Dior e Valentino Fall / Winter Paris 2008/09
Terminou mais uma semana de moda em Paris e a primeira impressão dos quatro dias de desfiles deixa antever uma moda refinada, mas sem grandes extravagâncias, provavelmente devido ao difícil contexto económico mundial, ao qual não escapa nem mesmo o maior sector de luxo: a Alta-Costura. «A estação foi menos exuberante do que é habitual e muito mais plácida», confirmou o especialista Donald Potard. Essa tendência ficou patente na apresentação da Christian Dior, onde John Galliano moderou o seu ímpeto revolucionário numa lição de talento e elegância. «Dior é um barómetro», sublinhou Florence Müller, acrescentando que «há um novo classicismo no mundo da moda.
Christian Dior and John Galliano Haute Couture 2008/09
Christian Dior Haute Couture – Fall 2008 (1)
Os estilistas captam novos ares, a ideia de que as mulheres desejam roupas que as façam belas. Ficou para trás a busca obsessiva por conceitos». No entanto, todas estas mudanças não são sinais de crise. Segundo Alessandra Facchinetti, estilista da casa Valentino, «quando se diz que a alta-costura não tem futuro, é uma mentira. Isto porque muitas das nossas clientes pedem novos modelos e propostas para o dia e há também toda uma nova clientela entre as novas gerações e nos mercados emergentes». Para Alessandra Facchinetti, esta foi a sua primeira colecção Valentino de Alta-Costura em Paris. «Trata-se de uma colecção sem teatralidade, que se concentra na funcionalidade que uma roupa sempre deve ter. Uma colecção para vestir. Valentino foi também nisso um mestre», afirmou a estilista, acrescentado ainda que «na minha abordagem, porém, não há nada de nostálgico». Deixando um pouco de lado o vermelho emblemático de Valentino, Facchinetti apresentou uma linha de vestidos curtos enfeitados com folhas de organza nas costas, em tons claros e adornados com bordados delicados.
Valentino por Alessandra Facchinetti Fall / Winter Paris 2008/09
Valentino Fall Winter 2008/09 Haute Couture Full Show.
Christian Lacroix, por sua vez, mostrou uma colecção obscura, repleta de rendas negras, bordados de azeviche enfeitando casacos e vestidos estreitos e curtos com mangas volumosas. A colecção foi inspirada «no mundo dos insectos», como explicou Lacroix. Já Riccardo Tisci, para a Givenchy, deixou-se inspirar pelo Peru, convidando a uma viagem até Machu Picchu através de uma colecção de vestidos-ponchos às riscas em castanho e bege. Ponchos esses de organza de seda rosa bordados com franjas de cristal, grandes chapéus andinos redondos e estampados.
Em contrapartida, o libanês Elie Saab, voltou os olhos para as belezas das pinturas do Renascimento para criar uma colecção que, tal como o próprio espírito dos séculos XV e XVI, foi composta exclusivamente por vestidos de noite de gala e boleros para festas palacianas, além de grandes vestidos vermelhos bem ao estilo de Hollywood.
Christian Lacroix Fall/Winter 2008-09 Haute Couture Top
No caso do estilista português, decidiu suavizar a construção escultural, uma de suas principais características, e optar por modelos mais puros, com volumes localizados e contraste de cores e tachas douradas. «Queria uma colecção chique, mas um chique sem pretensão», afirmou Felipe Oliveria Baptista no final do seu desfile. O estilista explicou ainda que optou desta vez por «formas mais suaves, mais brandas», e uma «linha mais apurada porque queria ver de outra maneira os clássicos intemporais, para fazer algo distinto». Outro dos novos estilistas em destaque foi o espanhol Josep Font que, com uma colecção refinada e de corte perfeito, cheia de referências à cultura e tradição espanhola, consagrou-se nesta que foi a sua segunda participação nos desfiles de Alta-Costura de Paris como digno sucessor de Cristóbal Balenciaga.
Atelier Gustavo Lins – Paris – Alta Costura – Outono-Inverno 2008/09
Givenchy Haute Couture Fall Winter 2008/2009
Christian Lacroix Fall / Winter Paris 2008/09
Texto do site Portugal Têxtil.