Uma cor vibrante, enérgica e cheia de personalidade. O rosa pink, que por muitos anos ficou associado à feminilidade, ganhou novas roupagens e se transformou na cor mais democrática e comentada do momento. Para compreender melhor a importância dessa reviravolta, analisamos as passarelas e um pouco da história por trás da ressignificação do tom.
A evolução da cor nas passarelas
Não é de hoje que a tonalidade vem ganhando destaque nas semanas de moda ao redor do globo. De acordo com o WGSN, a partir de 2011 já surgiam os primeiros sinais de que o rosa pink estava deixando de ser uma cor “infantil” para se transformar em um tom moderno e com grande apelo fashion. Uma das marcas pioneiras nesse sentido foi a Céline, que apresentou um workwear vibrante e cheio de atitude em sua coleção Resort 2012, contribuindo para associar o rosa à imagem de uma mulher ousada e poderosa.
Céline Resort 2012
Com esse empurrão inicial, muitas consumidoras deixaram de torcer o nariz para a cor. Assim, o rosa perdeu a cara de Barbie e parou de ser associado à delicadeza infantil, conquistando um posto de destaque em muitas coleções que vieram a seguir.
Em 2016, tivemos o Rose Quartz eleito como uma das cores do ano pela Pantone, logo ao lado do azul Serenity. Por si só a escolha já se revelava bastante política: a Pantone previa o zeitgeist do momento, a ascenção do gênero neutro e a quebra das noções entre o “feminino” e o “masculino”. Essa escolha abriu caminho para que inúmeras variações de tom aparecessem nas ruas e nas passarelas.
O Rose Quartz foi um dos responsáveis pela onda de cor-de-rosa nas passarelas
Para 2017, o destaque fica com o rosa pink (Pantone Pink Narrow), que foi recorrente nas Semanas de Moda de Londres e Nova Iorque. Em Milão, Alessandro Michelle apresentou a coleção de Primavera 2017 da Gucci em um ambiente completamente pink, dos carpetes aos pufes, passando pela iluminação nebulosa do cenário. Era a confirmação de uma tendência: o rosa veio mesmo para ficar. Mais moderno do que nunca, ele foi transformado em uma cor enérgica, que emana atitude e muita personalidade.
A passarela toda pink da Gucci
Kenzo Fall 2017 e Vetements Spring 2017
Oscar de La Renta Spring 2017 e Delpozo Spring 2017
Michael Kors Spring 2017 e Hermés Spring 2017
Nos últimos anos, a ressignificação do rosa continuou ganhando cada vez mais importância, impulsionada pelas discussões acerca de gênero provenientes do movimento genderless e do próprio feminismo. Foi esse desejo de ruptura com os estereótipos que impulsionou o rosa no mundo da decoração e do design, carregando-o à passos largos até invadir de vez o guarda roupa masculino.
Kenzo Spring 2016 e Kenzo Fall 2017
Gucci Homme Fall 2017 e Gucci Spring 2017
A grife japonesa Sacai abraçou de vez essa nova fase do rosa em sua coleção Verão 2017, apresentando looks masculinos com todas as variações possíveis do tom. Pensada para os hipsters atuais, a linha de streetwear se inspirou no clássico Laranja Mecânica e nos uniformes de operários modernos para trazer uma nova visão da masculinidade, que não se baseia nos estereótipos tradicionais de gênero.
Sacai Spring Summer 2017
Sacai Spring Summer 2017
Para Jane Monnington Boddy, Diretora de Cor da WGSN, a geração Z e a sua celebração da individualidade estão deixando a noção dos estereótipos masculinos e femininos para trás. Esses jovens estão cada vez menos apegados aos papéis de gênero tradicional e abraçam de coração a ideia de um gênero fluido, que transite entre diversas esferas sem necessariamente pertencer a alguma delas. Dentro dessa perspectiva, o rosa pink aparece como uma cor provocante, que nega o gênero, traduz confiança e imprime uma dose de diversão por onde passa.
Rosa pink nas ruas de NY e Milão
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