Os segredos das empresas que têm faturamentos espetaculares

Para algumas empre­sas, a multiplicação de cifrões é coisa corriqueira, do dia-a-dia. Encontrando nichos de mercado inéditos, estrutu­rando finanças de maneira inteligente ou conquistando o…

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Para algumas empre­sas, a multiplicação de cifrões é coisa corriqueira, do dia-a-dia. Encontrando nichos de mercado inéditos, estrutu­rando finanças de maneira inteligente ou conquistando o consumidor de um jeito todo especial, elas, em mui­to pouco tempo, deixaram de ter problemas de caixa. Pelo contrário, a tentação de se deslumbrar com a far­tura de dinheiro virou um desafio constante.

São casos como ó do site Camiseteria.com. Fundado há pouco menos de três anos, com um capital inicial de R$ 6 mil, o empreendi­mento deve fechar o ano com faturamento de R$ 1,5 milhão. À empresa — que recebe sugestões de estam­pas de camisetas pela inter­net, promove votações online e fabrica aquelas com maior ibope — começou produzindo 200 unidades por mês. Hoje, já são duas mil, conta o sócio Fábio Sei­xas, que vem sendo sonda­do pelo Instituto Endeavor, que apoia iniciativas e empreendedoras e criativas.

— O melhor é que nem precisamos aumentar a equipe de maneira significa­tiva para dar conta dos pedidos. No iní­cio, eram três sócios e um funcionário. Atualmente, são dois sócios e cinco empregados — diz Seixas, acrescentando que a empresa equilibrou débitos e cré­ditos com três meses de vida.

Diversificação de produtos pode ser um risco, diz diretor de universidade

Fora um problema, no ano passado, com entrega de camisetas para serem estampadas — que foi contornado com a troca de fornecedor —, tudo correu bem para a Camiseteria.com. Mas nem sempre é assim, conta o diretor de pós-graduação da Escola Superior de Propaganda e Mar­keting (ESPM), Eduardo Halpern:

— Uma das tentações dessas empre­sas é abrir o leque de produtos, sem con­siderar o giro que as mercadorias vão ter. Se for baixo, logo surgirá um proble­ma: o capital investido no produto vai demorar a voltar ao caixa da empresa.

A médica veterinária Karine Kleine, que montou a clínica Renal Vet há cinco anos, com R$ 200 mil, e hoje tem o do­bro desse valor em caixa, conta que evi­ta o deslumbramento a todo custo.

— Cada passo é dado a seu tempo. 0 dinheiro que ganhei no início foi todo investido em novos equipamentos. E é as­sim que consigo prestar um bom serviço. Tenho maquinário para fazer um hemo­grama em 20 minutos. Se eu pedisse esse serviço a um laboratório, eu teria o re­sultado em uma semana — conta ela. — Bicho não fala. Portanto, é um grande alívio para o dono se eu puder dizer do que o animal dele sofre, em pouco tempo.

Para a grife Pepper, a palavra-chave foi reestruturação. Sucesso nos anos 80, a marca reduziu propositadamente a atividade no fim dos anos 90, como lembra o dono, Gérson Luiz Weil, que tem a mulher, Sabrina Pinto, como consultora de estilo.

— Nosso público, que era jovem, enve­lheceu. E não acompanhamos essa mu­dança. Por isso, decidimos ficar com duas das sete lojas que tínhamos. Depois dessa reestruturação, que envolveu a opção por franquias, conseguiremos fechar 2008 com oito unidades. Só no ano passado, fo­ram investidos R$ 200 mil — diaWeil, que nunca quis fechar o empreendimento.

TENTAÇÕES DE QUEM TEM DINHEIRO EM CAIXA

• ABRIR LOJAS: É um risco grande expandir a rede sem, antes, fazer um criterioso planejamento prévio. Há muitos fatores a serem levados em conta antes de optar por esse cami­nho. Esperar mais e reinvestir o di­nheiro pode ser mais recomendável.

•  NOVAS MERCADORIAS: Estender demais o leque de produtos também é uma tentação. Porém, escolher itens caros e com giro baixo pode ser uma armadilha: se o produto leva muito tempo para ser vendido, o di­nheiro também demora para se rein­tegrar às finanças da empresa.

•  ESGOTAR 0 CAIXA: Receber paga­mento num prazo de 40 dias, como acontece nas operações com cartão de crédito, e pagar fornecedores em 60, também pode ser perigoso, se a circulação de mercadorias for baixa. Há casos de produtos que levam até um ano para serem faturados. Vender em consignação ou fazer experiência com poucas unidades, nesses casos, podem ser saídas inteligentes.

•  FACILITAR A NEGOCIAÇÃO: Não é porque o caixa está cheio que a ne­gociação vai ser fácil. O conservado­rismo tem dado o tom das negocia­ções, principalmente no varejo. Os empresários têm pedido mais prazo de pagamento, assim como vêm au­mentando a cautela em relação aos lançamentos da indústria.

•  FAZER COMPRAS SOZINHO: Se o empresário não tem manha para nego­ciar compra de estoque, pode se inte­grar a uma cooperativa e terceirizar a função. Farmácias do Rio fazem isso.

Matéria do jornal O Globo via Mercado Competitivo.

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