Novos valores geram novas fibras

Os novos valores que estão na base do desenvolvimento de fibras têxteis apelam para produtos que privilegiam o equilíbrio ambiental e a saúde. Na linha da frente estão diversas empresas japonesas com as mais variadas soluções.

Os produtores japoneses estão cada vez mais empenhados no desenvolvimento de fibras e têxteis destinados ao bem-estar pessoal, à higiene, ao conforto e à ecologia. Muitos destes novos materiais são revestidos ou tratados com substâncias que derivam de químicos naturais, obtidos a partir de plantas e animais.

A Omikenshi, empresa com sede em Osaka, desenvolveu diversas fibras de viscose com propriedades que promovem a saúde. Uma destas fibras, designada comercialmente por Sundia, possui propriedades desodorizantes que são activadas após a exposição da fibra à luz solar durante cinco horas. Os tecidos fabricados a partir da fibra Sundia possuem também propriedades anti-bacterianas e ajudam a proteger contra a radiação ultravioleta. A empresa também comercializa uma fibra de viscose designada por Crabyon, a qual é revestida com quitina, fabricada a partir da casca do caranguejo, fornecendo protecção contra os germes.

Outro desenvolvimento da Omikenshi é a sua fibra Kishu Binchotan, produzida a partir de um compósito de viscose e carvão derivado de carvalho. De acordo com a Omikenshi, as partículas de carvão geram iões negativos que criam uma sensação de bem-estar, absorvem odores e humidade, ajudando a circulação sanguínea através da libertação de radiação infravermelha.

Para além destas fibras, a Omikenshi desenvolveu fibras de viscose que contêm um composto de esqualeno, substância derivada do fígado do tubarão. De acordo com diversos estudos, o esqualeno desempenha também um papel fundamental na promoção da saúde.

A Daiwabo, empresa também sedeada em Osaka, desenvolveu uma nova fibra desodorizante designada por Deometafi. A fibra tem a capacidade de neutralizar uma larga gama de odores, incluindo os gerados pelo corpo humano. Para conseguir esta propriedade, a Daiwabo criou enzimas artificiais que são capazes de formar ligações iónicas com as fibras.

As preocupações ambientais são também uma força condutora na base de diversas inovações nas fibras japonesas. Seguindo esta linha, três empresas japonesas (Asahi Kasei, Teijin e Toyobo) desenvolveram materiais em poliéster para concorrer com as espumas de poliuretano nos assentos usados nos meios de transporte e no mobiliário doméstico. A espuma de poliuretano tem a desvantagem de ser difícil de reciclar, para além de originar derivados tóxicos quando é queimada. Os novos materiais de poliéster eliminam estes inconvenientes.

A necessidade de protecção ambiental é cada vez mais importante, face a consumidores cada vez mais preocupados com a sustentabilidade e aos danos causados no ambiente. Para responder à necessidade de protecção ambiental, a Teijin Fibers desenvolveu o Ecocircle, um sistema para a obtenção de fibras sintéticas a partir da reciclagem de vestuário. A Toray e a Teijin desenvolveram, em separado, técnicas para a reciclagem de garrafas de polietileno, transformando-as em fibras de poliéster para fins têxteis.

No campo das fibras biológicas, a Teijin desenvolveu uma alternativa ao poliéster tradicional, recorrendo ao ácido poliláctico, enquanto que a Toray desenvolveu um tapete de automóvel biológico, também à base de ácido poliláctico.

Outra aplicação ecológica resulta da combinação desenvolvida pela Mitsubishi Motors em cooperação com a Aichi Industrial Technology Institute para o fabrico de peças para o interior de automóveis, utilizando poli(succinato de butileno) reforçado com fibras de bambu. A NEC Corporation e a Unitika desenvolveram em conjunto um material plástico biológico reforçado com fibras de kenaf (planta da família da juta) para a utilização em dispositivos electrónicos. Também a Fujitsu possui um polímero biológico derivado de óleo de castor, enquanto que a Honda possui um tecido à base de plantas para aplicação no interior de automóveis.

Matéria do site PortugalTextil.

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