O termo moda recatada (ou, no inglês, modest fashion) tem ganhado destaque nos últimos scennos. Inicialmente pensado para atender um público religioso, esse setor da moda cresce exponencialmente e movimenta bilhões. Até mesmo grandes varejistas de luxo, como a Net-a-Porter, já possuem a tag “modesto” para filtrar as peças mais comportadas!
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O que é a moda recatada ou modest fashion?
Quando pensamos em mulheres religiosas que seguem códigos de vestimenta estritos, rapidamente criamos um moodboard visual do que é a moda recatada. Pense em peças pouco reveladoras, com comprimentos mídi, sobreposições, mangas e decotes mais fechados para cobrir o corpo.
Na verdade, a moda modesta ou recatada não é nenhuma novidade. No entanto, o seu sucesso recente virou case de estudo. Enquanto passamos por um momento social de valorização das tradições, o visual menos revelador ganha a preferência também entre as consumidoras que não seguem religiões tradicionais.
Camila Coelho com dois looks recatados e moderninhos! Deu pra entender a vibe?
Campanha do site The Modist
Vogue Alemanha em 2018
O visual mais comportado tem sido adotado por mulheres de todas as idades e faz sucesso também nas passarelas. É possível notar, claramente, a ascensão de um estilo romântico conservador, impulsionado por elementos boho e um toque meio campestre.
Adicione aí algumas tendências de modelagem como os babados, laçarotes, caftans, vestidos hiper românticos e comprimentos alongados. É a receita ideal para o sucesso.
A ascensão da moda recatada
Há alguns anos atrás, o boom Kardashian inspirou uma era de hipersexualização do corpo feminino. Nas passarelas, muitas transparências, decotes e fendas à perder de vista ajudavam a criar essa imagem da mulher sensualmente empoderada (à la Saint Laurent de Anthony Vaccarello).
Na sequência, marcas de peso como a Celine (ainda com é) vieram para desenhar a imagem de uma mulher mais minimalista, confortável e sempre impecável.
Campanha The Modist
A modelo Halima Aden foi a primeira mulher a usar um hijab no concurso de Miss nos EUA
Hoje, temos uma clara ascensão do visual feminino mais romântico, ainda que nada “bobinho”. O romantismo está em alta e aparece nos detalhes que viram ponto focal das peças. Esse é o cenário que propiciou a ascensão da moda recatada, que agora conquista até mesmo públicos mais jovens.
Leia também: Geração M – Jovens muçulmanos mudam o futuro do consumo
Nós já comentamos por aqui que os nativos da Geração M (os Millennials Muçulmanos) têm orgulho de sua fé, são consumidores entusiastas, dinâmicos, engajados, criativos e cada vez mais exigentes. Além disso, até o ano de 2050 os muçulmanos formarão 1/4 da população mundial, impulsionando uma mudança cultural branda através da economia pesada. Somado, o poder de compra da Geração M ultrapassa os trilhões de dólares.
A modelo Halima Aden e Carine Roitfeld falam sobre a moda recatada para o BOF Voices
Foram eles que impulsionaram o crescimento da moda recatada. Em 2017, a empresária argelina Ghizlan Guenez fundou o site The Modist após perceber uma lacuna no mercado. Sua ideia inicial era atender as consumidoras tradicionais, que também procuram consumir tendências de moda.
Ghizlan Guenez, fundadora do e-commerce de luxo The Modist
Hoje, a previsão de faturamento do mercado da moda islâmica é de R$ 500 bilhões para o ano de 2019. Sob o slogan “modest fashion, modern thinking” (moda modesta, pensamento moderno), o The Modist possui uma curadoria de 180 marcas e deve faturar boa parte deste filão.
Leia mais: Why mainstream brands are embracing modest fashion via CNN
Denise Pitta, nossa editora, é adepta dessa tendência. Ela abusa dos looks mais recatados.
Para Denise, moda é feita de movimento e contramovimento, assim, para contrapor a hipersexualização do corpo feminino surge um estilo mais comportado que prima pela elegância
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