Moda Papal

Se a roupa é uma afirmação de estilo e até de personalidade, as tradicionais vestes católicas não podiam estar mais carregadas de simbolismo. Com a visita do papa Bento XVI aos EUA, alguns entendidos focaram-se nos ornamentos usados pela “cabeça” da Igreja Católica e descobriram sinais de tradição e conservadorismo.

A visita do Papa Bento XVI aos EUA pôs os seus sapatos literalmente sob os holofotes: os sapatos vermelho-escuro deram nas vistas quando desceu do avião Shepherd One, na base militar norte-americana de Andrews.

Em vez de mostrar uma afirmação pessoal, a tradição dos Papas usarem sapatos vermelhos tem uma longa história, com alguns especialistas a remeterem-na para o tempo dos imperadores romanos. Tradicionalmente, eram feitos de simples couro vermelho de Marrocos e tinham uma cruz dourada. João XXVIII acrescentou fivelas douradas, que foram eliminadas pelo seu sucessor Paulo VI. Contudo, o antecessor de Bento XVI, o Papa João Paulo II preferiu os normais sapatos castanhos.

Em “Why Does the Pope Have Red Shoes?”, um livro dedicado a responder às questões das crianças, Monsignor Georg Ganswein, o secretário privado do Papa, explica o significado dos acessórios vermelhos: vermelho é a cor do martírio e o Papa é o sucessor do martirizado S. Pedro, e também, escreveu ele, «vermelho é a cor do amor ardente, a cor da chama do Espírito». Daí ser a cor preferida no vestuário usado por Bento XVI: capas, chapéus, sapatos, o vermelho domina e só é ultrapassado pelo branco das vestes papais.

Bento XVI parece empenhado em retomar algumas das tradições dos primeiros tempos, que os observadores do Vaticano vêem como indicador do seu apego à tradição, uma demonstração simbólica da continuidade do papado.

No primeiro Inverno do seu papado, foi visto a usar um camauro, o mais comum dos “chapéus” nos retratos papais históricos embora hoje em dia faça com que as pessoas o associem ao Pai Natal. O seu nome deriva do latim camelaucum (chapéu de pele de camelo), originalmente os chapéus dos imperadores bizantinos. Entrou no guarda-roupa do Papa no século VIII e até 1464 foi usado também pelos cardeais. Tem o uso prático de manter a cabeça quente no Inverno, sendo feito de lã ou veludo vermelho, com pêlo branco. João XXIII tinha sido o último Papa a usá-lo antes de Bento XVI.

O actual Papa também retomou o uso da Mozetta, uma espécie de capa, que já não era vista desde o reinado do Papa Paulo VI. A capa curta pelos cotovelos, que cobre os ombros e é abotoada à frente, apresenta três versões: veludo vermelho com pêlo branco para o Inverno, cetim vermelho no Verão e um modelo especial para a Páscoa – a mozetta pascal – em seda adamascada branca com pêlo branco, que só deve ser usado na octava pascal.

Tradicionalmente usada pelos bispos e superiores hierárquicos na Igreja Católica, as mitras podem ser altas e mais altas – Bento XVI prefere as últimas. O actual Papa tem sido visto a usar a mitra alta de Pio IX, conhecido pela sua visão negativa do mundo moderno.

E se mais sinais tivessem que ser dados quanto ao apego de Bento XVI pela tradição, bastaria pensar na espécie de manto comprido usado durante as celebrações litúrgicas. Aberto à frente e apertado no peito com uma mola, esta peça de vestuário foi menos usada na Igreja Católica após as reformas de 1960 e 1970, mas Bento XVI restaurou o seu uso. Recentemente celebrou missa com uma capa larga, tão ampla que teve de ser segurada por dois acólitos.

Matéria do site Portugal Têxtil.

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