Jum Nakao 40 anos, Estilista Multifuncional

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ESTILO – Jum concilia os recursos da alta tecnologia à sofisticação de peças confeccionadas à mão<

Para o estilista paulistano, ambas são ferramentas que têm como objetivo final a interação entre os seres humanos>

“Olá, você ligou para o Jum Nakao, mas no momento eu não posso atender. Por favor, NÃO deixe recado, e sim mande um e-mail para [email protected].”

Só essa gravação de secretária eletrônica, pra lá de diferente, já seria um indício de que o estilista Jum Nakao é um freak por tecnologia. Mas a obsessão vai além disso: a tecnologia é sua grande fonte de inspiração para criar moda.

Jum, que se considera um “estilista multifuncional”, já que às vezes também ataca de inventor, tem como característica de seu trabalho propor brincadeiras em torno da relação entre tecnologia e tempo.

Isso aparece em suas coleções, que, apesar de terem uma aparência bem retrô, são construídas com materiais supermodernos. É uma proposta de como o hi-tech pode ser ao mesmo tempo vintage, e vice-versa.


Para o estilista, moda e tecnologia são muito próximas e têm como objetivo final a interação com o ser humano. Ambas facilitam a comunicação entre as pessoas e estabelecem novas formas de linguagem.

“A roupa é como se fosse uma segunda pele, a interface entre você o mundo. É o fundo de tela que você coloca em si próprio para que os outros possam perceber o seu estado de espírito”, diz.

Pode parecer viagem, mas quem vê as coleções de Jum logo entende o seu raciocínio. Em sua estréia na SP Fashion Week, a semana de moda paulistana, ele apresentou o desfile Future Kitsch (2003).

A coleção tinha o objetivo de mostrar como toda essa velocidade tecnológica atual faz com que uma informação que hoje é novidade, como um vídeo no You Tube, já será obsoleta amanhã.

As formas das roupas, as modelos, o cenário e a trilha sonora pareciam ter saídos dos anos 1920/30. Mas as peças tinham estampas e cores com a cara do século 21. Foi uma maneira de romper com o tempo, explica.

“Desenhei o que tinha de mais tecnológico com um visual retrô, mostrando que o que é hype hoje é kitsch amanhã”, diz.

Essa visão crítica da sociedade e da tecnologia também estava presente no ano seguinte, na coleção A Costura do Invisível. As roupas foram confeccionadas com papel vegetal, algo superantigo, e recortadas a laser, moderníssimo (veja foto acima).

Além de inspiração, a tecnologia também é uma grande ferramenta para Jum. Usando o seu lado inventor, em uma de suas coleções ele utilizou um tecido desenvolvido a partir da nanotecnologia: o Hidrata.

Nas fibras das roupas, havia microcápsulas com vitaminas. Com o aumento da temperatura ou o atrito da pele, elas explodiam e hidratavam o corpo.

Quando jovem, Nakao fez colegial técnico em informática e quase cursou a Faculdade de Engenharia Eletrônica. Acabou desistindo da carreira porque não queria ser engenheiro, mas artista.

Sua vontade era trabalhar com videoinstalações de arte, mas acabou encontrando na moda a melhor maneira de responder às suas inquietações. “Queria criar, inventar e usar a tecnologia para ampliar a percepção humana”, diz Jum.

Em seus trabalhos como estilista, assim como em palestras ou exposições, Jum procura mexer com os sentidos das pessoas, fazendo com que elas se sintam parte da obra.

Para ele, o melhor exemplo de tecnologia e interação é o recém-lançado console de videogame Nintendo Wii: “Ele abriu uma nova frente de possibilidades de imersão nos jogos. É quase 3D, você se sente dentro da tela”.

Nakao ficou tão empolgado para testar o novo console – cuja estrela é um revolucionário joystick que responde ao movimento de todo o corpo – que enfrentou horas e horas de fila em Nova York (EUA) para ser uma das primeiras pessoas no mundo a tê-lo.

Matéria retirada do site Mercado Competitivo.

 

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